quinta-feira, 26 de junho de 2014

O USO DE DEFENSIVOS EM AGRICULTURA ORGÂNICA
MILTON MACIEL

Em Agricultura Orgânica, o uso de defensivos é mínimo. Isso porque se observa uma série de condições de cultivo e trato que procuram restaurar, o máximo possível, as condições mais naturais para os organismos vegetais e animais tratados.

Os poucos produtos usados são de natureza especial, não são agrotóxicos de síntese. São produtos que não colocam em risco a saúde do aplicador e, muito menos, deixam resíduos tóxicos para o consumidor. Todos eles devem se enquadrar nas rigorosas normas de produção orgânica prescritas pela legislação específica vigente em cada país. E, em qualquer hipótese, devem constar do rol de produtos permitidos pela Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM).

Contudo, o mais importante de todos os defensivos orgânicos é: NÃO PRECISAR DE DEFENSIVOS.

Exatamente isso, por mais estanho que possa parecer àqueles que chegam pela primeira vez ao campo tão moderno desta forma de agricultura, geralmente confundida com a agricultura tradicional dos antigos. Ou seja, em Agricultura Orgânica, cada vez que um inseto consegue virar praga, predominando plenamente sobre seus concorrentes e predadores; ou quando uma bactéria, fungo ou vírus consegue se multiplicar livremente, sem encontrar resistência por parte da planta e concorrência por parte da biocenose, então uma coisa é certa:

O certo é que nós estamos errados!

Sim, a planta está sendo submetida a stress de algum tipo e isso a desequilibra, baixando-lhe a resistência e atraindo um tipo particular de inseto, que passa a nutrir-se preferencialmente dela e a proliferar abundantemente.

Ou seja, a planta estressada – porque submetida a condições de clima, altitude, temperatura, época do ano, incompatíveis com a cultivar escolhida; ou por excesso ou falta de água, por desequilíbrio nutricional (falta de alguns nutrientes, excesso de outros ou desbalanço entre eles) – não encontra condições ótimas de vida e entra em desequilíbrio. Só depois disso é que um inseto vira praga ou um fungo se alastra e provoca doença.

Isso é um princípio basilar em Agricultura Orgânica, correspondendo ao princípio médico da Medicina Preventiva. A agricultura química convencional corresponde à Medicina Curativa convencional. A base dos princípios convencionais vigentes é a mesma e parte da mesma origem pontual: garantir o máximo uso de produtos fabricados pela indústria química – agroquímica num caso, farmacêutica no outro. Tanto faz, já que os donos de ambas são os mesmos.

Continua: A Ética da Morte – Fármacos, agroquímicos, cigarros.



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