O USO
DE DEFENSIVOS EM AGRICULTURA ORGÂNICA
MILTON MACIEL
Em Agricultura Orgânica, o uso de
defensivos é mínimo. Isso porque se observa uma série de condições de cultivo e
trato que procuram restaurar, o máximo possível, as condições mais naturais
para os organismos vegetais e animais tratados.
Os poucos produtos usados são de natureza
especial, não são agrotóxicos de síntese. São produtos que não colocam em risco
a saúde do aplicador e, muito menos, deixam resíduos tóxicos para o consumidor.
Todos eles devem se enquadrar nas rigorosas normas de produção orgânica
prescritas pela legislação específica vigente em cada país. E, em qualquer
hipótese, devem constar do rol de produtos permitidos pela Federação
Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM).
Contudo, o mais importante de todos os
defensivos orgânicos é: NÃO PRECISAR DE DEFENSIVOS.
Exatamente isso, por mais estanho que possa
parecer àqueles que chegam pela primeira vez ao campo tão moderno desta forma
de agricultura, geralmente confundida com a agricultura tradicional dos
antigos. Ou seja, em Agricultura Orgânica, cada vez que um inseto consegue
virar praga, predominando plenamente sobre seus concorrentes e predadores; ou
quando uma bactéria, fungo ou vírus consegue se multiplicar livremente, sem
encontrar resistência por parte da planta e concorrência por parte da
biocenose, então uma coisa é certa:
O
certo é que nós estamos errados!
Sim, a planta está sendo submetida a stress
de algum tipo e isso a desequilibra, baixando-lhe a resistência e atraindo um
tipo particular de inseto, que passa a nutrir-se preferencialmente dela e a
proliferar abundantemente.
Ou seja, a planta estressada – porque
submetida a condições de clima, altitude, temperatura, época do ano,
incompatíveis com a cultivar escolhida; ou por excesso ou falta de água, por
desequilíbrio nutricional (falta de alguns nutrientes, excesso de outros ou
desbalanço entre eles) – não encontra condições ótimas de vida e entra em
desequilíbrio. Só depois disso é que um inseto vira praga ou um fungo se
alastra e provoca doença.
Isso é um princípio basilar em Agricultura
Orgânica, correspondendo ao princípio médico da Medicina Preventiva. A
agricultura química convencional corresponde à Medicina Curativa convencional.
A base dos princípios convencionais vigentes é a mesma e parte da mesma origem
pontual: garantir o máximo uso de produtos fabricados pela indústria química
– agroquímica num caso, farmacêutica no outro. Tanto faz, já que os donos de
ambas são os mesmos.
Continua: A Ética da Morte – Fármacos, agroquímicos, cigarros.
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