VOTAR É UM DIREITO! E, MAIS AINDA, PARA AS MULHERES.
MILTON MACIEL
Mas, para as MULHERES, a quem o direito ao voto foi
negado sempre, a coisa é muito diferente. Poder votar é uma enorme conquista. A grande luta das mulheres pela igualdade
política fez heroínas e mártires. Que foram desrespeitadas, espancadas, presas, em
números assustadores, na maior parte dos países ditos “democráticos”.
No BRASIL, foi somente em 1932 que as mulheres
conquistaram finalmente o direito ao voto, numa iniciativa do presidente
Getúlio Vargas, através do Decreto-lei 21 076, de 24 de fevereiro de 1932. Isto
quer dizer APENAS 80 ANOS!!! Mas veja lá embaixo que o direito conquistado
estava todo “bichado” em 1932.
É importante ressaltar aqui duas coisas: a visão de
estadista do líder gaúcho e o fato que ele governava ainda sob regime de
exceção (algo que teria uma curta interrupção entre 1934, com a nova
Constituição, e 1937, com a imposição da ditadura do Estado Novo). Num regime
de força, Getúlio pode impor a aceitação do voto feminino através de
decreto-lei. Isso porque, pelas vias parlamentares normais, isso sempre havia
sido recusado pelos legisladores brasileiros, há várias décadas.
As primeiras iniciativas datavam ainda do início do
governo republicano, em 1890. Cesar Zama, deputado constituinte pela Bahia, foi
o primeiro a tentar passar a legislação dispondo sobre o sufrágio universal,
dando pleno direito à mulher de votar e ser votada, na elaboração do projeto
para a Constituição da República. A iniciativa fracassou. Novas tentativas
foram feitas em 1891, mas somente 31 constituintes votaram a favor da
aprovação.
Na sessão de 27 de janeiro de 1891, o deputado
Pedro Américo disse:
"A maioria do Congresso Constituinte, apesar da brilhante e vigorosa dialética exibida em prol da mulher-votante, não quis a responsabilidade de arrastar para o turbilhão das paixões políticas a parte serena e angélica do gênero humano." (Que cretino!)
Outro parlamentar, Coelho Campos foi mais radical em seu pronunciamento:
"É assunto de que não cogito; o que afirmo é que minha mulher não irá votar! (Mais cretino e mais machista!).
"A maioria do Congresso Constituinte, apesar da brilhante e vigorosa dialética exibida em prol da mulher-votante, não quis a responsabilidade de arrastar para o turbilhão das paixões políticas a parte serena e angélica do gênero humano." (Que cretino!)
Outro parlamentar, Coelho Campos foi mais radical em seu pronunciamento:
"É assunto de que não cogito; o que afirmo é que minha mulher não irá votar! (Mais cretino e mais machista!).
E assim,
iniciativa após iniciativa, favoráveis ao voto feminino, foram sendo sistematicamente
derrotadas na câmara e no senado (que já então, como agora, não eram
mesmo grande coisa!). E isso apesar do apoio de homens de grande peso
político, como Ruy Barbosa, o Barão Rio Branco, Lopes Trovão, Saldanha
Marinho, Nilo Peçanha e outros que se manifestavam em defesa da igualdade
política dos sexos.
Por isso, o Brasil deixou de ser o primeiro país do mundo a conceder o direito do voto à mulher. Quem o fez foi a Nova Zelândia, o ano de 1893.
Por isso, o Brasil deixou de ser o primeiro país do mundo a conceder o direito do voto à mulher. Quem o fez foi a Nova Zelândia, o ano de 1893.
A partir daí, numa sucessão que coroava
décadas de lutas de mulheres e de seus aliados homens, foram conquistando
direito de voto, as mulheres dos seguintes países:
1902 – Austrália
1906 – Finlândia
1913 – Noruega
1915 – Dinamarca e Islândia
1917 – Rússia e Holanda
1918 – Inglaterra e Alemanha
1920 – Estados Unidos
1922 – Irlanda
1923 – Polônia, Áustria e Tchecoslováquia
1929 – Equador (primeiro na América
Latina)
1931 –Portugal (direito extremamente
limitado)
1932 – BRASIL (*)
1945 – França e Itália
1947 – Argentina (graças a Eva Perón)
1971 – Suíça !!! (dá pra acreditar?)
1974 – Portugal (direito pleno, com a Revolução dos Cravos)
NUNCA – Kuwait – As mulheres ainda são
proibidas de votar, nesse ridículo país feudal; Em outro, igualmente feudal e
ainda mais desprezível, as mulheres são proibidas de dirigir carros até hoje.
(*) O direito ao voto feminino no Brasil,
pelo decreto-lei 21 076 de 27/02/1932, só permitia o voto às mulheres casadas,
desde que com a AUTORIZAÇÃO DO MARIDO! Já as solteiras e viúvas podiam votar,
desde que pudessem comprovar que TINHAM RENDA PRÓPRIA. (Arre! Mas antes isso do que nada).
Dois anos depois, quando Getúlio
apresentou a Constituição de 1934, junto veio o novo Código Eleitoral, onde
essas restrições foram todas eliminadas. Mas o voto feminino não era
obrigatório, como o era o masculino. Somente a Constituição da
redemocratização, em 1946, tornou o voto feminino igualmente obrigatório. Ou
seja, a plena igualdade política para a mulher brasileira só tem 64 ANOS!
A participação feminina nos três poderes,
em nosso país, ainda é muito reduzida e isso precisa ser corrigido. Um país que
tem 52.4% de sua população representado por mulheres, precisa chegar a uma
participação proporcional na distribuição de poderes, como já ocorre em países
socialmente mais evoluídos, como os Nórdicos.
Ao menos uma coisa me satisfaz neste
país: elegeu uma mulher como presidente da república pela primeira vez em sua
história. E esta mulher conta no dia de hoje com 77% de aprovação pública,
depois de todo este tempo de governo, marca que não foi alcançada por
presidente-homem algum, ao término do mesmo tempo no poder.
Por isso tudo que escrevi, ouso dizer às
eleitoras deste país:
Não deixem de votar nesta ou em nenhuma
outra eleição. Valorizem o esforço e o sacrifício de suas ancestrais sufragettes, valorizem a grande
conquista arrancada com tanta dificuldade das elites machistas dominantes de um
passado ainda muito recente. Faz muito pouco tempo que vocês podem votar, o
voto feminino tem esse valor, esse peso a mais. Votem! (MM)
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