segunda-feira, 8 de outubro de 2012


O MEU PAÍS  - texto explicativo  
MILTON MACIEL

Não tenho procuração para defender o Lula, não pertenço ao partido dele ou a qualquer outro. Mas, mais uma vez, sou obrigado a fazê-lo, porque nada me deixa mais furioso do que ver na Internet a canalhice de poucos e a tolice de muitos, ao propagarem –  intencionalmente aqueles e irresponsavelmente estes – inverdades a respeito DE QUEM QUER QUE SEJA. Há poucos dias mostrei a farsa da montagem de uma pseudo-capa da revista Forbes, que apresentaria o Lula como um bilionário. Era uma montagem pífia, primária,   Photoshop de principiante, mas, ainda assim, criminosa e capaz de propagar a maldade através de uma rede imensa de incautos e incompetentes. Postei as duas capas, mostrei o nome do site fraudador.

Agora vejo outra montagem igualmente salafrária, que anda circulando pela Internet na forma de e-mails, com o seguinte texto:

“Gente: recebi êste video que está enlouquecendo Brasília! Alguns ilustres moradores de Brasília estão com os cabelos em pé nessas últimas semanas. O motivo é um vídeo que vem circulando pelos e-mails, com música de Zé Ramalho, que fala sobre a forma como o presidente Lula regia o governo. A assessoria dele está em polvorosa, já que não tem um membro do Congresso que não tenha assistido. O vídeo está se espalhando como pólvora pela internet._Finalmente, a sociedade começa a reagir. Assista ao vídeo que é objeto da polêmica. Não deixem de repassar!!!!!! Bjs.”

O texto é primário, feito por ignorante(s), mas evidentemente mal intencionado:

“... com música de Zé Ramalho, que fala sobre a forma como o presidente Lula regia (SIC !) o governo.”   Ora, quem diria? O tal de Lula era “regente” do país, Dom João VI redivivo!

“... Já não tem um membro do Congresso que já não tenha assistido.” E daí? O que é que os membros do Congresso podem fazer, quando se sabe que eles seriam os últimos a querer fazer qualquer coisa, enormes quantidades de rabos presos desde os Anões do Orçamento, as Privatarias, os Mensalões. Francamente! Santa ignorância cavalar.

“O vídeo está se espalhando como pólvora pela Internet”” . Bem, isso é possível, nada impede que um vídeo se espalhe e até vire viral. Nada contra. Tomara que se espalhe mesmo, pelo menos apresenta a muitos uma composição maravilhosa do cancioneiro nordestino.

Mas agora vamos aos FATOS:

1)     A música NÃO É do Zé Ramalho.
2)     A música e a letra são de uma parceria de Gilvan Alves, Orlando Tejo e Livardo Alves
3)     A música foi gravada em 1994 (UM  MIL NOVECENTOS E NOVENTA E QUATRO!!!) pelo cantor Flávio José, no LP : Nordestino Lutador”. Os ignorantes de plantão, que andam espalhando isso tolamente, Sabem quem era o presidente nessa época?
4)     A música foi REGRAVADA por ZÉ RAMALHO no ano 2000 (DOIS MIL!!!), no CD duplo “Nação Nordestina”.  Os ignorantes de plantão, que andam espalhando isso tolamente, sabem quem era o presidente então? Pensem um pouco, investiguem. Se tiverem muita preguiça, no fim eu digo. Isso se a mesma preguiça os deixar chegar ao fim.

É evidente que a letra – aliás magistral, eu a estou colocando inteira à disposição no meu Blog (http://miltonmaciel.blogspot.com.br ), porque é um primor de qualidade literária e de verdade social aplicada a sua época, como muito saldo restante até os dias de hoje, depois de 8 anos de Fernando Henrique, 8 anos de Lula e dois de Dilma – não se referia ao governo do “regente”Lula.

Mas, ao menos um benefício eu tenho que creditar à canalha miúda que inventou essa coisa rastaqüera para enganar os bobos. Sem sua malévola intenção, eu jamais teria conhecido essa belíssima composição nordestina. Que bom que ela me chegou justo hoje, num 8 de Outubro, Dia do Nordestino. Colocando-a disponível, tanto na versão rastaqüera do vídeo contra o Lula, (que faço questão que todos assistam, não estou aqui para defendê-lo exceto das mentiras), como na gravação de Zé Ramalho, mais a letra magistral, presto assim minha homenagem de gaúcho da fronteira aos admiráveis homens e mulheres que povoam e enobrecem o Nordeste brasileiro.

Quanto ao vídeo: não tenho nada contra. Nem a favor. Não é minha praia. Vi outros vídeos terríveis contra o mesmo Lula, contra o Serra, contra o menino Malufinho (ou Menino Macedinho), também contra Romney e contra Obama. Ora, nunca fui de me deixar levar por essas coisas, ainda mais quando são evidentes manipulações histéricas da verdade.

Os indivíduos que criaram e lançaram na Internet esse vídeo têm todo o direito de fazê-lo. Mas não têm o direito de serem mentirosos, levando os tolos e desinformados a segui-los na propagação da mentira adredemente criada. Recapitulando:

1)     É mentira que a música seja de Zé Ramalho
2)     É mentira que a letra tenha sido escrita contra o “regente” Lula.
3)     A letra foi escrita antes e a canção foi gravada em 1994. O presidente então era ITAMAR FRANCO, seu ministro da Fazenda era Fernando Henrique Cardoso, que nesse mesmo ano seria eleito presidente da república, derrotando exatamente o Lula, pela primeira vez. Será que os compositores escreveram a letra contra o modo como Itamar “regia” o governo então?
4)     Zé Ramalho regravou a música no ano 2000. O presidente então era FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, já em seu segundo mandato. Será que o maldoso do Zé quis gravar a música nesse ano só para espinafrar o modo como FHC “regia” o governo?

Concluindo:

Parem, por favor, de ser tão BURROS e primários, não ofendam a nossa inteligência, não façam peças tão rudimentares que qualquer garoto pode desmascarar em dois tempos. Usem seu direito de atacar os políticos que quiserem, é um direito sagrado, mas façam-no usando só a verdade. Porque, se qualquer outra peça estúpida, burra, mal feita, como essa cair em minhas mãos, NÃO IMPORTA CONTRA QUEM FOR, com certeza eu vou fazer a minha parte e desmascarar. Contra a mentira, sou capaz de defender até um Maluf da vida.

E você, “inocente útil” ((ou nem tão inocente assim), que espalha essas mentiras de forma aparentemente inconseqüente, lembre-se que cada um de nós que participa numa corrente de inverdades, como mais um elo de maledicência, torna-se cúmplice do mesmo crime. Quando não cúmplice cível ou criminal, pelo menos cúmplice moral. Tenha mais cuidado, investigue antes, consulte gente de mais conhecimento na área específica, se necessário.

Mas não esqueça: não propague algo que você não pode ter certeza que seja verdade. Você também é responsável, não existe difusão de mentira ou fofoca que seja inconseqüente. Conseqüências virão, é lei de ação e reação: ou seja, acabam sempre falando mal de você também. 

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