domingo, 25 de novembro de 2018

FIM DE SONHO  
MILTON MACIEL

No lento obliterar dos velhos sonhos
Extinto o que de bom já houve neles,
O vê-los fenecer não mais assusta,
Mutados que já são em coisas reles.
Eis que o seu findar é a coisa justa,
A vestir a alegria em sons tristonhos.

Por que mirar com olhos de futuro...
Se é o próprio fim que surge do marasmo?
Ausente um só resquício de entusiasmo,
Oculta-se a esperança em vil mansarda:
E é o próprio final que não mais tarda,
Nada além do que o mesmo o fardo duro.

(E se a lira do infausto a tanto ousa,
dedique-se este texto a Cruz e Souza!)

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