quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

TRABALHO ESCRAVO DURANTE A II GUERRA MUNDIAL
(Do primeiro capítulo de A GUERRA DE JACQUES):
"A fria noite do inverno de dezembro de 1943 já tinha caído quando, depois de várias horas de um sacolejar barulhento e irritante, o trem finalmente parou. Que lugar seria aquele? O rapaz do fundo do vagão conseguiu esticar-se todo, contorcendo-se, para poder espiar através da minúscula abertura que aparecia para a noite, agora que o Cabo SS tinha aberto a porta do vagão e descido com sua metralhadora na mão. Do chão da plataforma, apontando a arma para dentro,ele vociferou ameaçadoramente:
– Qualquer engraçadinho que pensar em descer leva chumbo!
Falou isso em alemão e poucos o entenderam lá dentro. Mas o gesto que aquilo significava, não deixava a menor dúvida. Pelo escasso vão de menos de um metro aparecia uma placa de estação ferroviária. Nela via-se, em letras garrafais marrons, sobre um fundo palha, um nome. O jovem pronunciou-o em voz baixa, para seus companheiros de viagem mais próximos, dois passageiros mais velhos, entre os mais de setenta seres amontoados no vagão:
– Roermond!
Gaston, o homem da agência do correio da Rue des Invalides, esticou o pescoço e confirmou:
– É mesmo. Conheço o lugar, já estive por aqui, antes. É um grande entroncamento ferroviário.
– Já estamos na Alemanha, então? – Perguntou Samuel, o judeu ourives de Bruxelas, arregalando os olhos e apertando nervosamente o chapéu escuro sobre seus parcos cabelos brancos, o que acentuava ainda mais sua expressão de perple-xidade e de medo.
– Não, isto aqui ainda é a Holanda. Mas se você seguir por menos de 10 quilômetros para o leste, você já estará na Alemanha.
– E é aí que eles vão nos deixar?
– Não, Samuel. Se você andasse em linha reta naquela direção, você chegaria a Dusseldorf, depois de algumas horas. Mas nós estamos sendo transportados para outras cidades alemãs, mais ao norte. Nós vamos para algum lugar no vale do Ruhr. Ou melhor dizendo, para as minas de carvão daquela região – O velho agente dos correios mantinha sempre sua calma e seu ar professoral.
– Ah, sim – observou com amargura o ourives – nós somos os trabalhadores “voluntários”. Quer dizer, os mais novos escravos do Ministro Speer. Vão nos fazer trabalhar como umas bestas nas minas de carvão, até nos acabarmos. Da mesma forma como esses coitados do trem que acabou de parar aí do lado. Veja só a cara de desespero dos sujeitos.
De fato, uma outra composição acabara de estacionar no mesmo entroncamento

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