JACQUES
FOI UM TRABALHADOR ESCRAVO em Essen, na Alemanha.
MILTON
MACIEL
Quase todos sabem que
houve um trágico Holocausto judeu na II Guerra, vitimando 6 milhões de seres
humanos. Mas QUASE NINGUÉM SABE que houve um outro holocausto de número praticamente
equivalente, também perpetrado pelos nazistas: 5 milhões e meio de seres humanos
que morreram como TRABALHADORES ESCRAVOS durante a Segunda Guerra.
Ao escrevermos o livro
A GUERRA DE JACQUES, o drama dos prisioneiros escravizados veio à tona. Meus colegas
coautores, os irmãos João e Daniel Miedzinski são os filhos de Jacques. O pai
deles foi escravo na Alemanha!
Por isso tomamos como questão de honra mostrar,
junto com a divulgação do nosso trabalho, essa mácula histórica horrenda, pouco
divulgada e, por isso mesmo, quase desconhecida. Esta série de artigos que hoje
começa tem essa finalidade. Mais adiante traremos à baile outro assunto muito
pouco conhecido, o das barbáries praticadas contra as mulheres e meninas em
todos os países em conflagração, da Europa à Ásia e à África.
ESCRAVOS
Durante a II Guerra Mundial,
cerca de 15 500 000 de civis e militares foram usados pelos nazistas como mão
de obra escrava na Alemanha e nos países ocupados. Ao final da guerra, um pouco
mais de 10 milhões foram repatriados pelos aliados. Os outros, mais de 5
milhões, morreram nesses menos de 5 anos.
Isso acontecia
diariamente, por causa das péssimas condições a que os escravos eram submetidos:
excesso de trabalho, alimentação insuficiente, péssimas condições de calefação,
instalações e higiene, tratamento médico quase inexistente. Condições sanitárias
cruéis, com uma ou duas dezenas de privadas para mais de 1000 prisioneiros,
excrementos correndo pelo chão dos alojamentos, aliadas à falta de repouso e
jornadas exaustivas de trabalho e à subnutrição crônica levavam os escravos a
morrer em quantidades impressionantes, “como moscas”.
Os acampamentos de
trabalho eram na verdade verdadeiros campos de concentração, mantidos pela SS ou
pelas grandes indústrias alemãs. Dos campos da SS, as indústrias “alugavam” os
escravos pelo preço de um marco por dia cada um. Os bombardeios aéreos por
parte dos aliados era constantes e os escravos quase não tinham acesso aos
abrigos antiaéreos, reservados para defender os cidadãos alemães. E os escravos
morriam em grande número vitimados, muitas vezes, pelas bombas de seus próprios
compatriotas.
Mas isso fazia parte
da estratégia de conseguir o máximo de trabalho com o mínimo de custo, sendo os
escravos que morriam rapidamente substituídos por novos prisioneiros capturados
nos países da Europa invadida. Muitos trabalhadores, ao atingirem o nível de
exaustão ou adoecerem seriamente, era simplesmente executados.
(Foto Wiki Commons: Civis sendo colocados num caminhão à força e deportados para a Alemanha, para trabalharem como escravos: Varsóvia, Polônia, 1941)
CONTINUA:
Parte 2: AS INDÚSTRIAS
KRUPP
Parte 3: OSTARBEITER,
os trabalhadores escravos do Leste europeu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário