sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

JACQUES FOI UM TRABALHADOR ESCRAVO em Essen, na Alemanha.
MILTON MACIEL

Quase todos sabem que houve um trágico Holocausto judeu na II Guerra, vitimando 6 milhões de seres humanos. Mas QUASE NINGUÉM SABE que houve um outro holocausto de número praticamente equivalente, também perpetrado pelos nazistas: 5 milhões e meio de seres humanos que morreram como TRABALHADORES ESCRAVOS durante a Segunda Guerra.

Ao escrevermos o livro A GUERRA DE JACQUES, o drama dos prisioneiros escravizados veio à tona. Meus colegas coautores, os irmãos João e Daniel Miedzinski são os filhos de Jacques. O pai deles foi escravo na Alemanha! 

Por isso tomamos como questão de honra mostrar, junto com a divulgação do nosso trabalho, essa mácula histórica horrenda, pouco divulgada e, por isso mesmo, quase desconhecida. Esta série de artigos que hoje começa tem essa finalidade. Mais adiante traremos à baile outro assunto muito pouco conhecido, o das barbáries praticadas contra as mulheres e meninas em todos os países em conflagração, da Europa à Ásia e à África.

ESCRAVOS
Durante a II Guerra Mundial, cerca de 15 500 000 de civis e militares foram usados pelos nazistas como mão de obra escrava na Alemanha e nos países ocupados. Ao final da guerra, um pouco mais de 10 milhões foram repatriados pelos aliados. Os outros, mais de 5 milhões, morreram nesses menos de 5 anos.

Isso acontecia diariamente, por causa das péssimas condições a que os escravos eram submetidos: excesso de trabalho, alimentação insuficiente, péssimas condições de calefação, instalações e higiene, tratamento médico quase inexistente. Condições sanitárias cruéis, com uma ou duas dezenas de privadas para mais de 1000 prisioneiros, excrementos correndo pelo chão dos alojamentos, aliadas à falta de repouso e jornadas exaustivas de trabalho e à subnutrição crônica levavam os escravos a morrer em quantidades impressionantes, “como moscas”. 

Os acampamentos de trabalho eram na verdade verdadeiros campos de concentração, mantidos pela SS ou pelas grandes indústrias alemãs. Dos campos da SS, as indústrias “alugavam” os escravos pelo preço de um marco por dia cada um. Os bombardeios aéreos por parte dos aliados era constantes e os escravos quase não tinham acesso aos abrigos antiaéreos, reservados para defender os cidadãos alemães. E os escravos morriam em grande número vitimados, muitas vezes, pelas bombas de seus próprios compatriotas.

Mas isso fazia parte da estratégia de conseguir o máximo de trabalho com o mínimo de custo, sendo os escravos que morriam rapidamente substituídos por novos prisioneiros capturados nos países da Europa invadida. Muitos trabalhadores, ao atingirem o nível de exaustão ou adoecerem seriamente, era simplesmente executados.

(Foto Wiki Commons: Civis sendo colocados num caminhão à força e deportados para a Alemanha, para trabalharem como escravos: Varsóvia, Polônia, 1941)

CONTINUA:
Parte 2: AS INDÚSTRIAS KRUPP

Parte 3: OSTARBEITER, os trabalhadores escravos do Leste europeu.

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