A
KRUPP E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
MILTON MACIEL
Jacques Rosen, protagonista
do romance “A GUERRA DE JACQUES”, era “O Belga”, um dentre os milhares de
prisioneiros usados pelos nazistas como escravos na Alemanha e países ocupados,
durante a Segunda Guerra Mundial. Jacques foi levado para a cidade alemã de
Essen, para trabalhar na grande siderúrgica Krupp. Ali serviu como tradutor e
intérprete, uma vez que falava fluentemente o francês, o alemão e o flamengo.
Sem qualquer remuneração, evidentemente.
A Krupp era a maior
empresa do seu ramo na Europa, sendo dona de minas e fábricas em dezenas de
países. Mas sua sede, seu lugar de fundação, foi a cidade de Essen. Ali a Krupp
surgiu em 1811, pelas mãos de Friedrich Krupp, como uma pequena fundição com 4
empregados. 76 anos depois, quando Alfred Krupp, filho e sucessor de Friedrich faleceu,
em 1887, a Krupp tinha já 20 mil funcionários!
Todo esse grande
progresso deveu-se ao desenvolvimento de aros de roda inteiriços para trens,
que a Krupp passou a exportar para o mundo todo. E a sua nova tecnologia de
fundição de enormes canhões de aço, que deram à então Prússia superioridade
bélica total sobre a Áustria e a França. E deram à família Krupp o domínio
total sobre a indústria de armas do império germânico.
Esse predomínio cresceu
ainda mais quando a Krupp comprou o grande estaleiro em Kiel e renomeou-o “Friedrich
Krupp Germaniawerft”, que fabricou navios de guerra, cruzadores, U-boats,
submarinos e torpedeiros para primeira e a segunda grande guerra.
Gustav Krupp foi o
grande fornecedor de armas para o III Reich, incluindo aí uma nova linha de
canhões gigantescos, munição e diversas linhas de tanques de guerra.
No seu esforço de produção
em massa, a Krupp fez uso intensivo de mão-de-obra escrava, havendo
pesquisadores que afirmam que o número de trabalhadores forçados chegou à casa
dos cem mil. De fato, de uma só feita, a SS autorizou Gustav Krupp a usar o
trabalho forçado de 45 000 prisioneiros civis soviéticos. Eram usados
prisioneiros de guerra, populações civis e prisioneiros dos campos de
concentração, nos mais diversos países ocupados.
Com o final da guerra
e a derrota dos nazistas, o Tribunal de Nuremberg julgou os donos da Krupp por
sua associação ao nazismo e pelo uso de mão de obra escrava. O velho Gustav
Krupp, que já estava demente e fora do comando desde 1943, foi poupado, mas seu
filho Alfried Krupp foi considerado criminoso de guerra e condenado a 12 anos
de prisão e teve todos os seus bens confiscados. Alfried, em 1943, fora nomeado
por Hitler seu Ministro da Economia de Guerra.
Mas era MUITO
dinheiro! Poucos anos depois, esse dinheiro logrou acordos secretos com os norteamericanos,
que levaram à libertação de Alfried em 1951 e à restituição de grande parte do
seu patrimônio industrial. A Krupp recuperou a hegemonia no setor siderúrgico e
voltou a crescer muito, antes que Alfried falecesse em 1967.
Em 1999 a Krupp
fundiu-se com sua principal concorrente, a Thyssen, formando a grande empresa Thyssen-Krupp,
que é hoje a quinta maior da Alemanha.
Na foto, em primeiro
plano, o engenheiro Alfried Krupp, durante o julgamento em Nuremberg.
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=5368752
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