terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A ARTE E A TÉCNICA DO ROMANCE (Livro)
MILTON MACIEL
Cap. 1 - A FICÇÃO E SEU MERCADO NO BRASIL
3ª. parte: Os 20 livros de ficção mais vendidos no Brasil em 2016

FIM DA SEGUNDA PARTE: Se você não ficar esperto, seu lindo livro, que estava nas vitrines e mesas no lançamento, às dezenas e na horizontal, um mês depois já virou uma entre mais de 100 mil lombadas de livros espremidas nas prateleiras na vertical. E você... já era!

Portanto, copie e cole esse texto que destaquei em itálico e negrito. Dê um control C para copiar e um control M, para colar diretamente em SUA MENTE! Nunca mais esqueça isto: QUEM VENDE LIVRO É O AUTOR, quando se faz conhecido.

Quando Chico Anísio, Jô Soares ou Chico Buarque lançaram seus primeiros livros, o sucesso e a megavendagem já estavam garantidos. Porque eles eram MUITO conhecidos. Entendido?...

NÃO, NÃO HÁ OUTRO CAMINHO! Você vai ter que ir à luta. Mas vai valer a pena, pode ter certeza.

3ª PARTE: O MERCADO, ONDE TUDO TERMINA, É ONDE TUDO TEM QUE COMEÇAR
Os 20 livros de ficção mais vendidos no Brasil em 2016, segundo a lista Publish News

Usando o preceito mercadológico acima, eu sempre digo a meus estudantes de escrita, aos aspirantes a escritores, assim como a muitos colegas que já são escritores publicados:

NÃO SE PODE ESCREVER QUALQUER COISA, se o que se quer é ser publicado e lido. A gente tem que saber identificar o que o mercado pode e quer absorver. E isso não quer dizer, de forma alguma, NIVELAR POR BAIXO, como vou explicar mais adiante neste livro.

Quer dizer apenas que você tem que aprender a ser um escritor PUBLICÁVEL. Ou não será, NUNCA, um escritor para o mundo lá fora. Que é o único, fora seu sogro rico, que pode sustentar você e deixá-lo viver somente daquilo que escreve.

Pois bem, para você que espera ser publicado um dia, digo:

NÃO ESPERE! Sendo ainda mais claro: não fique esperando pelos editores, vá à luta você mesmo. E logo!

Sem querer assustá-lo, nem desiludi-lo, é preciso que você saiba que:

I – Em FICÇÃO, as editoras brasileiras preferem lançar traduções de autores estrangeiros. Isso torna extremamente difícil que um autor novo brasileiro tenha fácil chance no mercado convencional. Normalmente, nas listas semanais de mais vendidos no Brasil em FICÇÃO, não há nenhum autor brasileiro, incluindo-se aí os nomes já consagrados. É zero por cento mesmo! Nas anuais alguns brasileiros acabam aparecendo como exceção.

Para lhe dar uma noção mais exata, vou citar os 20 livros de FICÇÃO mais vendidos no Brasil em 2016. Sabe quantos brasileiros? QUATRO. Mas quais quatro? Augusto Cury (5º - O homem mais inteligente do mundo) Paulo Coelho (16º - A espiã), Clarice Lispector (11º - Todos os contos), e Frederico Elboni (18º - Só a gente sabe o que sente). Elboni, raridade total na lista, está recém no seu terceiro livro. É preciso esclarecer que a posição de Paulo Coelho deve-se unicamente ao fato de que seu livro só foi distribuído a partir do início do 2º semestre.

Total das vendas dos 4 brasileiros:    143 387 livros (10,1 % do total)
Total dos 20 mais vendidos:          1 392 243 livros
Venda total de Jojo Moyes:              624 560 livros (44,9 % do total, praticamente a METADE!)


Vendas de Jojo Moyes:
Como eu era antes de você                352 330
Depois de você                                  228 073 (mais que todos os brasileiros juntos!)
A última carta de amor                        44 157
TOTAL EM 2016                              624 560

Em resumo, nada como um bom filme para alavancar as vendas de um livro bem escrito em cima de uma BOA IDEIA. Vide blockbusters das séries Harry Potter, Senhor dos Anéis e Crepúsculo


II – Em NÃO-FICÇÃO, há mais espaço para autores brasileiros, que às vezes chegam a ocupar até 60% de uma lista mensal de mais vendidos. Mas só vou falar sobre Não-Ficção em outro capítulo.

III – As listas mostram uma tendência concreta e revelam claramente aquilo que o leitor deseja e compra. E, assim sendo, o que as editoras lhes oferecem. Ora, estas aprenderam a jogar o jogo e só botam o seu dinheiro em cima de livros já consagrados lá fora.

IV – A BOA literatura de FICÇÃO brasileira ENCALHA! Sim, são lamentavelmente muito poucos os sucessos editoriais, mormente de autores novos. E mesmo dos autores já conhecidos. Esta é uma das distorções que, com o tempo, só E-BOOK poderá corrigir. Mas agora ainda não é a hora de falar de e-books.

Vou fechar este capítulo com uma afirmação que pode lhe soar estranha:

1 – O mar não está para peixe
2 – Peixe é o autor brasileiro novo
3 – Mesmo assim, esse peixe pode dar a volta por cima
4 – Só que esse peixe precisa aprender a sair do mar e nadar no rio
5 – O mar é o mercado tradicional do livro impresso: editora, distribuidora, livraria
6 – O rio é o mercado alternativo de livros impressos sob demanda e de e-books
8 – O mar está secando devagarinho
9 – O rio está crescendo vertiginosamente
10 – Um peixe que começa a nadar no rio e se sobressai, acaba podendo nadar de braçada no mar também; vira peixão, baleia, cachalote. Vira o que chamamos, nos EUA, onde ele já é uma figura estabelecida no mercado, de autor HÍBRIDO – o que tanto se autopublica quanto se deixa publicar por editoras do circuito tradicional. E estas vêm atrás dele, porque ele conseguiu acontecer no mundo da autopublicação e se fez um nome!

Por ora ficamos por aqui. Mas quero deixar uma sugestão de algo que os leitores adoram fazer: ir a uma livraria.

Os mais obesos, os muito preguiçosos e os que realmente não tiverem tempo, podem fazer a pesquisa por Internet. Só que vão ter uma visão bem distorcida.  

É na livraria física que você vai poder ver com clareza a realidade, pois é só ali que existe o problema de limitação de espaço físico, de áreas promocionais pelas quais a livraria cobra das editoras, de vitrines, etc.

Olhe só nos balcões onde os livros estão generosamente expostos na horizontal e nos suportes individuais. E olhe nas vitrines e nos expositores. E, dos livros em destaque em lugar nobre, anotem quantos são de ficção e quantos de não-ficção.  Evite as concentrações óbvias de livros de negócios e de culinária, assim como as dos infantis e infantojuvenis. E aí veja quantos autores(as) brasileiros(as) de FICÇÃO vão encontrar. E, dentre eles, quantos lhe são desconhecidos ou conhecidos há muito pouco tempo – porque esses são os NOVOS. Bom trabalho!

Depois disso, voltaremos ao assunto da “AUTO-PUBLICAÇÃO e suas inúmeras vantagens”.


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