A ARTE E A TÉCNICA DO ROMANCE (Livro)
MILTON MACIEL
Cap. 1 - A FICÇÃO E SEU MERCADO NO
BRASIL
3ª. parte: Os 20 livros de ficção mais vendidos no Brasil em 2016
FIM DA SEGUNDA PARTE: Se você não ficar esperto, seu lindo livro,
que estava nas vitrines e mesas no lançamento, às dezenas e na horizontal, um
mês depois já virou uma entre mais de 100 mil lombadas de livros
espremidas nas prateleiras na vertical. E você... já era!
Portanto, copie e cole esse texto que destaquei em itálico e negrito.
Dê um control C para
copiar e um control M,
para colar diretamente em SUA MENTE! Nunca mais esqueça isto: QUEM VENDE LIVRO
É O AUTOR, quando se faz conhecido.
Quando Chico Anísio, Jô Soares ou Chico Buarque lançaram seus primeiros
livros, o sucesso e a megavendagem já estavam garantidos. Porque eles eram
MUITO conhecidos. Entendido?...
NÃO, NÃO HÁ OUTRO CAMINHO! Você vai ter que ir à luta. Mas vai valer a
pena, pode ter certeza.
3ª PARTE: O MERCADO, ONDE
TUDO TERMINA, É ONDE TUDO TEM QUE COMEÇAR
Os 20 livros de ficção mais
vendidos no Brasil em 2016, segundo a lista Publish News
Usando o preceito mercadológico
acima, eu sempre digo a meus estudantes de escrita, aos aspirantes a
escritores, assim como a muitos colegas que já são escritores publicados:
NÃO SE PODE ESCREVER QUALQUER
COISA, se o que se quer é ser publicado e lido. A
gente tem que saber identificar o que o mercado pode e quer absorver. E isso não
quer dizer, de forma alguma, NIVELAR POR BAIXO, como vou explicar mais adiante
neste livro.
Quer dizer apenas que você tem
que aprender a ser um escritor PUBLICÁVEL.
Ou não será, NUNCA, um escritor para o mundo lá fora. Que é o único, fora seu
sogro rico, que pode sustentar você e deixá-lo viver somente daquilo que
escreve.
Pois bem, para você que espera ser publicado um dia, digo:
NÃO ESPERE! Sendo ainda
mais claro: não fique esperando pelos editores, vá à luta você mesmo. E logo!
Sem querer assustá-lo, nem
desiludi-lo, é preciso que você saiba que:
I – Em FICÇÃO, as editoras brasileiras preferem lançar traduções
de autores estrangeiros. Isso torna extremamente difícil que um autor novo brasileiro tenha fácil
chance no mercado convencional. Normalmente, nas listas semanais de mais vendidos
no Brasil em FICÇÃO, não há nenhum autor brasileiro,
incluindo-se aí os nomes já consagrados. É zero por cento mesmo! Nas anuais
alguns brasileiros acabam aparecendo como exceção.
Para lhe dar uma noção mais exata,
vou citar os 20 livros de FICÇÃO mais vendidos no Brasil em 2016. Sabe quantos
brasileiros? QUATRO. Mas quais quatro? Augusto Cury (5º - O homem mais
inteligente do mundo) Paulo Coelho (16º - A espiã), Clarice Lispector (11º - Todos
os contos), e Frederico Elboni (18º - Só a gente sabe o que sente). Elboni, raridade
total na lista, está recém no seu terceiro livro. É preciso esclarecer que a
posição de Paulo Coelho deve-se unicamente ao fato de que seu livro só foi
distribuído a partir do início do 2º semestre.
Total das vendas dos 4 brasileiros:
143 387 livros (10,1 % do total)
Total dos 20 mais vendidos: 1
392 243 livros
Venda total de Jojo Moyes: 624 560 livros
(44,9 % do total, praticamente a METADE!)
Vendas de Jojo Moyes:
Como eu era antes de você 352 330
Depois de você 228 073 (mais que todos os brasileiros juntos!)
A última carta de amor 44 157
TOTAL EM 2016 624 560
Em resumo, nada como um bom filme
para alavancar as vendas de um livro bem escrito em cima de uma BOA IDEIA. Vide
blockbusters das séries Harry Potter, Senhor dos Anéis e Crepúsculo
II – Em NÃO-FICÇÃO, há mais
espaço para autores brasileiros, que às vezes chegam a ocupar até 60% de uma
lista mensal de mais vendidos. Mas só vou falar sobre Não-Ficção em outro
capítulo.
III – As listas mostram uma
tendência concreta e revelam claramente aquilo que o leitor deseja e compra. E, assim sendo, o que as
editoras lhes oferecem. Ora, estas aprenderam a jogar o jogo e só botam o seu
dinheiro em cima de livros já consagrados lá fora.
IV – A BOA literatura de FICÇÃO
brasileira ENCALHA! Sim, são lamentavelmente muito poucos os sucessos
editoriais, mormente de autores novos. E mesmo dos autores já conhecidos. Esta
é uma das distorções que, com o tempo, só E-BOOK poderá corrigir. Mas agora
ainda não é a hora de falar de e-books.
Vou fechar este capítulo com uma
afirmação que pode lhe soar estranha:
1 – O mar não está para peixe
2 – Peixe é o autor brasileiro
novo
3 – Mesmo assim, esse peixe pode
dar a volta por cima
4 – Só que esse peixe precisa
aprender a sair do mar e nadar no rio
5 – O mar é o mercado tradicional do livro impresso: editora,
distribuidora, livraria
6 – O rio é o mercado alternativo de livros impressos sob demanda e de e-books
8 – O mar está secando
devagarinho
9 – O rio está crescendo
vertiginosamente
10 – Um peixe que começa a nadar
no rio e se sobressai, acaba podendo nadar de braçada no mar também; vira
peixão, baleia, cachalote. Vira o que chamamos, nos EUA, onde ele já é uma
figura estabelecida no mercado, de autor HÍBRIDO – o que tanto se autopublica
quanto se deixa publicar por editoras do circuito tradicional. E estas vêm atrás dele, porque ele conseguiu
acontecer no mundo da autopublicação e se fez um nome!
Por ora ficamos por aqui. Mas
quero deixar uma sugestão de algo que os leitores adoram fazer: ir a uma livraria.
Os mais obesos, os muito
preguiçosos e os que realmente não tiverem tempo, podem fazer a pesquisa por
Internet. Só que vão ter uma visão bem distorcida.
É na livraria física que você vai
poder ver com clareza a realidade,
pois é só ali que existe o problema de limitação de espaço físico, de áreas
promocionais pelas quais a livraria cobra das editoras, de vitrines, etc.
Olhe só nos balcões onde os
livros estão generosamente expostos na
horizontal e nos suportes individuais.
E olhe nas vitrines e nos expositores. E, dos livros em destaque em lugar
nobre, anotem quantos são de ficção
e quantos de não-ficção. Evite as concentrações óbvias de livros de
negócios e de culinária, assim como as dos infantis e infantojuvenis. E aí veja quantos
autores(as) brasileiros(as) de FICÇÃO vão encontrar. E, dentre eles, quantos
lhe são desconhecidos ou conhecidos há muito pouco tempo – porque esses são os
NOVOS. Bom trabalho!
Depois disso, voltaremos ao assunto da “AUTO-PUBLICAÇÃO e suas inúmeras vantagens”.
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