SEDE ETERNA
MILTON MACIEL
Assedentado de você
por todo o sempre,
Em mil suspiros a
vagar pelo borriço,
Sigo perdido,
pelo ambiente encharcadiço,
Sem ter de mim a
mais ínfima consciência.
Por pressentir a minha
própria impermanência,
Me arrasto a
custo pela transitoriedade.
O que me arrasa é
padecer esta saudade,
Que me aprisiona
num perpétuo desvario.
Hórrido é o ímpeto
de arrojar-me neste rio
E afogar nele meu
corpo e minhas mágoas,
Como se fosse
possível, em suas águas,
Tornar soluto o
meu ser em sua inteireza.
Talvez assim não
fosse eu mais só incerteza,
Assedentado de você pra todo o sempre!
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