MILTON MACIEL - Lançamento no Brasil em 10 de Dezembro
O que está acontecendo no mundo todo é uma verdadeira revolução. Por razões próprias, face a uma demanda reprimida por livros em geral e a um péssimo início das atividades com e-books no país, o Brasil não participa da vanguarda dessa transformação, assim como a Índia e, em parte, a China. Aqui teremos uma espécie de sobrevida por algum tempo, mas, mesmo assim, o encolhimento do mercado do livro, do jornal e da revista impressos vai ser uma realidade inexorável, com o avanço das mídias digitais.
Onde o processo é mais agudo é no nível da escola básica. Daí começarmos o livro com a pergunta crucial: QUEM NOS HAVERÁ DE LER? Como está sendo formado este novo leitor, cada vez mais um adepto da TELA-educação (É telA mesmo, não tele; screen education), que é o único leitor que vamos ter num futuro MUITO próximo? Todos os que estamos envolvidos com educação e com comunicação temos pela frente um rápido e inexorável aprendizado e um premente processo de adptação a uma nova linguagem em desenvolvimento aceleradíssimo. Compete e nós nos adaptarmos e aprendermos a produzir conhecimento e comunicação nessa nova linguagem, mergulhando fundo para resgatar o nível dessa linguagem que vai caindo celeremente.
Não adianta proceder com saudosismo, nosso amado livro impresso, quase imutável desde Gutenberg, está lutando sua batalha de Waterloo, que levará ainda alguns poucos anos para terminar de perder. Ele sobreviverá, mas acabará como um produto caro e de elite, como o bom e velho bolachão de vinil. As gerações que aprenderam a ler no papel vão ser rapidamente sucedidas pelas gerações que lêem e ouvem e assistem, tudo simultaneamente, nas multimídias. Nosso velho herói não é páreo para isso. Ou aprendemos a ocupar espaços nessa nova realidade, com produção de qualidade como as crianças e os jovens necessitam, ou estaremos automaticamente fora do mercado, como matusalênicos espécimes jurássicos. E, muito antes que isso aconteça, milhões perderão os seus empregos baseados nas velhas (ou seja, atuais) mídias impressas.
Nos Estados Unidos, eu acompanho um constante encolhimento desse mercado de trabalho ligado a jornais, revistas e livros impressos. 23% de todos esses empregos já acabaram, de 2005 para cá. Quebrou a Borders, com suas mais de 600 livrarias, hoje todas extintas. Sobrou a Barnes and Noble, única grande rede sobrevivente de livrarias físicas, hoje amargando um prejuízo de 300 milhões dólares, apesar da operação Nook de e-books. Também o velho feudo das grandes editoras de New York se ressente ante o avanço dos novos ventos hostis,
Um grande número de profissões dessas áreas está entrando em parafuso, os níveis salariais sendo violentamente achatados e as próprias faculdades de jornalismo, por exemplo, sofrendo um esvaziamento em certas especializações que começam a ser antevistas como anacrônicas.
Em que consiste a revolução atual, quais os seus instrumentos e como devemos proceder para não cairmos fora do bonde da história, é o que se apresenta neste trabalho, resultado de quatro anos de observação e pesquisa nos Estados Unidos e no Brasil. Quem não acordar para a nova realidade em desenvolvimento, ao invés de estar preparado para uma nova oportunidade, acabará encontrando uma nota pedindo-lhe delicadamente para dirigir-se ao departamento de pessoal e, depois, esvaziar logo suas gavetas. (MM)
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