sábado, 30 de novembro de 2013

O FUTURO DO LIVRO IMPRESSO, DO JORNAL E DA REVISTA, NUM MUNDO CADA VEZ MAIS DIGITAL - Livro
MILTON MACIEL - Lançamento no Brasil em 10 de Dezembro


O que está acontecendo no mundo todo é uma verdadeira revolução. Por razões próprias, face a uma demanda reprimida por livros em geral e a um péssimo início das atividades com e-books no país, o Brasil não participa da vanguarda dessa transformação, assim como a Índia e, em parte, a China. Aqui teremos uma espécie de sobrevida por algum tempo, mas, mesmo assim, o encolhimento do mercado do livro, do jornal e da revista impressos vai ser uma realidade inexorável, com o avanço das mídias digitais.


Onde o processo é mais agudo é no nível da escola básica. Daí começarmos o livro com a pergunta crucial: QUEM NOS HAVERÁ DE LER? Como está sendo formado este novo leitor, cada vez mais um adepto da TELA-educação (É telA mesmo, não tele; screen education), que é o único leitor que vamos ter num futuro MUITO próximo? Todos os que estamos envolvidos com educação e com comunicação temos pela frente um rápido e inexorável aprendizado e um premente processo de adptação a uma nova linguagem em desenvolvimento aceleradíssimo. Compete e nós nos adaptarmos e aprendermos a produzir conhecimento e comunicação nessa nova linguagem, mergulhando fundo para resgatar o nível dessa linguagem que vai caindo celeremente.

Não adianta proceder com saudosismo, nosso amado livro impresso, quase imutável desde Gutenberg, está lutando sua batalha de Waterloo, que levará ainda alguns poucos anos para terminar de perder. Ele sobreviverá, mas acabará como um produto caro e de elite, como o bom e velho bolachão de vinil. As gerações que aprenderam a ler no papel vão ser rapidamente sucedidas pelas gerações que lêem e ouvem e assistem, tudo simultaneamente, nas multimídias. Nosso velho herói não é páreo para isso. Ou aprendemos a ocupar espaços nessa nova realidade, com produção de qualidade como as crianças e os jovens necessitam, ou estaremos automaticamente fora do mercado, como matusalênicos espécimes jurássicos. E, muito antes que isso aconteça, milhões perderão os seus empregos baseados nas velhas (ou seja, atuais) mídias impressas.

Nos Estados Unidos, eu acompanho um constante encolhimento desse mercado de trabalho ligado a jornais, revistas e livros impressos. 23% de todos esses empregos já acabaram, de 2005 para cá. Quebrou a Borders, com suas mais de 600 livrarias, hoje todas extintas. Sobrou a Barnes and Noble, única grande rede sobrevivente de livrarias físicas, hoje amargando um prejuízo de 300 milhões dólares, apesar da operação Nook de e-books. Também o velho feudo das grandes editoras de New York se ressente ante o avanço dos novos ventos hostis,

Um grande número de profissões dessas áreas está entrando em parafuso, os níveis salariais sendo violentamente achatados e as próprias faculdades de jornalismo, por exemplo, sofrendo um esvaziamento em certas especializações que começam a ser antevistas como anacrônicas.

Em que consiste a revolução atual, quais os seus instrumentos e como devemos proceder para não cairmos fora do bonde da história, é o que se apresenta neste trabalho, resultado de quatro anos de observação e pesquisa nos Estados Unidos e no Brasil. Quem não acordar para a nova realidade em desenvolvimento, ao invés de estar preparado para uma nova oportunidade, acabará encontrando uma nota pedindo-lhe delicadamente para dirigir-se ao departamento de pessoal e, depois, esvaziar logo suas gavetas. (MM)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Série OS POEMAS DA SOMBRA  No. 2:  TRÔPEGO PASSO
MILTON  MACIEL    

 2 - A Sombra e os Relacionamentos

I looked and looked and this I came to see:
That what I thought was you and you,
Was really me and me 
Autor desconhecido

Olhei e olhei e isto eu pude ver:
Aquilo que eu pensei que era você e você,
Era realmente eu e eu.

(LOGO APÓS O POEMA, TEMOS O TEXTO EXPLICATIVO SOBRE A SOMBRA NOS RELACIONAMENTOS)

TRÔPEGO PASSO
Milton Maciel

Trôpego passo meu, em meio à multidão,
Onde me levas, assim lasso e cambaleante?
Haverá sina pra este meu andar errante?
Alcançarei mais do que a poeira deste chão?

Se mal me arrasto pelo passadiço angusto,
É que, perdido, meu percurso é desatino.
E, quando penso ter chegado a meu destino,
O que encontro é só meu leito de Procusto.

Nele eu suporto a mais terrível das torturas,
Que é recordar seu olhar frio e indiferente,
A me dizer que o seu desprezo é permanente
E que, à frente, só terei penas mais duras.

Estou prosternado neste tremedal tremendo,
Vendo que a vida se me esvai a cada instante,
Você, de mim, a cada dia mais distante,
E eu, sem você, a cada dia mais sofrendo.

Ah, e pensar que o findar das minhas penas
Ocorreria a um simples gesto seu... apenas!

 SOMBRA, RELAÇÃO E PROJEÇÃO

Um dos campos onde A SOMBRA se manifesta mais intensamente é o dos RELACIONAMENTOS. Este é o típico ambiente psicológico onde funciona livremente o mecanismo denominado PROJEÇÃO. O nome não poderia ter sido mais bem escolhido. No processo psicológico de Projeção, tudo se passa como se nós passássemos uma tinta branca na outra pessoa, evitando ver como ela é realmente, e ligássemos nosso projetor sobre essa nova tela, projetando ali as imagens que queremos ver.

Essas imagens são de duas categorias gerais. Podemos chamá-las, para simplificar, deMeus Defeitos e de Minhas Necessidades.

Meus Defeitos

A Sombra costuma nos pregar esta peça: nós projetamos em outra pessoa com quem nos relacionamos nossos defeitos e nossas piores qualidades, aquelas que, exatamente, NÃO QUEREMOS acreditar que sejam nossas. Então atraímos (ou nos sentimos atraídos por, o que dá no mesmo) alguém que terá esses defeitos e más qualidades. A Sombra nos leva a escondermos essas qualidades negativas de nós mesmos e escalamos um outro para vivenciá-las através da relação conosco. Então passamos a representar um ato de teatro na vida, no qual vamos ser forçados a trabalhar esses mesmas qualidades negativas através de nossas relações amorosas, familiares e até mesmo profissionais.

Minhas Necessidades

Aqui o jogo de Projeçãé ainda mais sutil e, via de regra, muito mais desgastante, respondendo pela quase totalidade daquilo que aprendemos a chamar de DESILUSÕES amorosas. Nesse caso, depois de passar a tinta branca sobre a pessoa (isto é, depois de ignorarmos solenemente os sinais que ela nos dá sobre a sua realidade  fazemos isso sempre que nos APAIXONAMOS!), nós projetamos sobre ela não mais qualidades negativas nossas, mas qualidades positivas pelas quais ansiamos, que nosso inconsciente sinaliza como necessárias para nós. Nossas Necessidades, em resumo.

Só que essa pessoa NÃO TEM essas qualidades! Nóé que a encarregamos de representar esse papel, que lhe damos todos os sinais do que queremos que ela tente representar para nós. A moça gosta de flores, de poesia, de Pablo Neruda, de Centro Espírita, de cachorrinhos, de ginástica rítmica. Ela projeta esses anseios num cara 1que é mais do funk, do MMA, agnóstico, odeia bichos e acha esse negócio de flores a maior frescura. Mas, na fase de conquista, todos nós procuramos apresentar só o nosso lado bom. Então toca mandar flores, pedir pro amigo escrever os cartões idiotas, comprar livro de Neruda e decorar umas curtas passagens naquela língua do Peru  uma barra!  e agüentar aqueles cachorros nojentos babando na mão.

É claro que uma situação assim não pode se manter por muito tempo. Ninguém pode ser personagem o tempo todo. Um dia o cara cansa, tira a maquiagem e a roupa de herói, cai no funk, fala que odeia Neruda e cachorro, não necessariamente nessa ordem,  e ainda reclama do quanto de dinheiro que botou fora na florista. DESILUSÃO! Que é apenas o caminho de volta da Ilusão.
CONTOS VATICANOS e outro contos
Novo Livro de contos de MILTON MACIEL
LANÇAMENTO OFICIAL 9 DE DEZEMBRO

CONTOS VATICANOS
A papa do Brasil - O Advocatus Diaboli - A morte de um papa inconveniente - O papa de Hitler - A Parusia: a volta de Cristo (executado outra vez!) - Petrus Romanus, O último papa: o  Fim!

OUTROS CONTOS
O velho papa-vrigens - Os dois guris - Nasce o Egito - As amantes do Português - De armas e aves - O cavalariço vinga Sir William Wallace (Escócia, 1316)

CONTOS DE HUMOR
A intentona de 35 - Chico Barbosa procura esposa - A amigo camelo azul - Fábulas de Severino - Falando das pessoas - Malditas câmeras de 16 megapixels 


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Série OS POEMAS DA SOMBRA  -  No. 1:  EU QUERO !   
MILTON  MACIEL  

       Com este poema inauguramos uma série em nosso blog, que trabalha o conceito psicanalítico junguiano de Sombra, fazendo uso de linguagem ora poética, ora metafórica, ora arquetípica, ora simbólica, para mostrar o que é a Sombra - este conjunto, que TODOS têm no fundo do inconsciente, de medos, culpas, bloqueios e inadequações.

Ele é responsável pelos recorrentes processos não-conscientes de auto-sabotagem, com os quais nós mesmos atraímos situações, eventos e relacionamentos nos quais projetamos a Sombra no mundo exterior, para vivenciar os conflitos que nos forçarão a encarar esse “outro lado, escuro” de nós mesmos, que tentamos desesperadamente esconder de nós próprios e, obviamente, dos outros também.

No. 1 – EU QUERO !
MILTON MACIEL

Eu quero tudo! E luto. E quase venço. E recomeço. E quero
Tudo!

Ainda que não mereça e que alcançar não possa, ainda que

Mudo,
Deva eu ficar por todo o sempre e não haja destino ou porto

Rudo,
Onde eu possa aportar pra descansar meu corpo vão e torpe.

Contudo,
Devo dizer que nada esperei das pessoas deste mundo deletério.

Agudo
Foi o meu senso de exclusão, de desengano e pouca sorte.

Desnudo,
Me prendi na Sombra de um refúgio e altar, caverna e eremitério.

Escudo
Inútil em que, erroneamente, tentei achar abrigo... E vi a morte!...  

terça-feira, 26 de novembro de 2013

SUA  BONDADE, SEU AMOR, FORAM TAMANHOS...
MILTON MACIEL

Ergui-me a custo, escarnecido, da poalha
Onde tombei, completamente derrotado.
Aprisionou-me aquele olhar agateado,
Me apaixonei, vencido fui, joguei a toalha.
Ao dar por mim, estava preso em suas amarras
E só então me descobri preso à ilusão
Suas suaves mãos eram de fato duras garras,
Com que a felina agatanhou meu coração.

Então eu penei,
De amor eu sofri,
Por dentro morri,
Em vão eu me dei:
Desprezado,
Destruído,
Maltratado
Já vencido.

Sonhador,
Infeliz,
Por amor
Tudo fiz

Amor,
Ali,
Só eu
Senti.
Doeu
Demais
E paz...
Jamais!

Então desabei
E me convenci:
Somente eu amei,
Eu compreendi.

E, ao dar por mim, eu era um lasso peregrino,
Que tateava em vão em busca de um caminho.
Por muito tempo pelo mundo andei sozinho,
Como se fosse só um joguete do destino.

Até que um dia, por meus caminhos estranhos,
Aconteceu-me algo estranho de verdade:
Eu renasci ao ver um par de olhos castanhos
E foi com eles que encontrei felicidade.
Sua bondade, seu amor foram tamanhos
Que outra vez voltei a crer na humanidade!

Então eu cresci
De amor eu vibrei,
A ela me dei
E, sim, RENASCI!

Esperança,
Alegria!
Com ela
É bonança
Qualquer dia.


domingo, 24 de novembro de 2013

AMOR, TÍMIDO TEMOR
Milton Maciel

No ocaso triste que a tarde cala,
Na Lua Branca que à noite fala,
No velo cinza que sobe ao chão,

Pressinto, tênue, teu vulto breve,
Suponho, suave, teu passo leve,
Respiro, tenso, minha paixão.

Se chegas mesmo, me tremo todo;
Se falas algo, me faço mudo;
A voz não sai, de nenhum modo.

Tento dizer... e esqueço tudo.
Silente quedo, quando a teu lado.
Te perco: cumpro meu triste fado.

(1º, Lugar: Prêmio Nacional NOVA LITERATURA, São Paulo, 2010)
LIVROS DE MILTON MACIEL
Muitos lançamentos novos em 2013, mais três reedições.
(e outras novidades para Dezembro)

sábado, 23 de novembro de 2013

MINHA CASA SÃO SEUS BRAÇOS
Acaba de chegar o 4o. livro de poesias de Milton Maciel

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

 NEGRA VELHA
MILTON  MACIEL


     Neste Dia da Consciência Negra, torno a postar um poema que é particularmente caro ao meu coração. Nele presto tributo uma figura real, a TIA BELA, uma parteira e ama de leite que trouxe ao mundo e amamentou um grande número de crianças em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul, na minha infância – inclusive dois primos meus. A mãe deles, branca racista convicta, de peitos murchos sem leite, abria uma exceção para essa negra notável, dizendo, com a maior desfaçatez: "Ela é negra, mas tem a alma BRANCA". Que horror! 
     E presto homenagem também a todas as inumeráveis gerações de Negras, que, enquanto escravas, por séculos e séculos se doaram em amor, alimentando do seu peito e cuidando do seu coração seus sinhozinhos brancos. Para, no geral, deles receberem, depois, a mais amarga e cruel ingratidão.

NEGRA VELHA  (poesia gaúcha)

Paro a lida pra te olhar, negra velha amiga,
Ver como avanças pouco, no teu passo lento,
Despacito nomás, a mão tateando ao vento.
Hay névoa nos teus olhos e muita mágoa antiga.

Teu peito encarquilhado, que pra frente se curva,
Esconde a vida que ele deu pra tanta gurizada...
Pois quanto piá amamentastes nesses seios então fartos,
Filhos de brancas sem leite de quem fizestes partos!
Mas que hoje te esqueceram, na tua pobreza turva,
Porque, qual vaca velha, tu fostes descartada.

Quantos homens de importância trouxestes tu ao mundo
E quantos deles só viveram pelo leite no teu peito?
Quanto piazito faminto foi no teu seio escuro aceito,
Porque ali dentro batia um coração de amor profundo!

Mas hoje chego aqui e te descubro nesta baita solidão:
Tua velhice desamparada e trôpega, cheia de tristeza.
Essa vista turva, esse abandono cruel, essa pobreza...
E de todos os que por ti passaram... nenhuma gratidão!

Vem, negra velha amiga, vem comigo, apóia no meu braço,
Não mamei do teu leite, mas conheço uma a quem salvastes:
Uma que hoje é a mulher da minha vida e a quem amamentastes.
Vem comigo, nobre negra, tu vais viver conosco, dá um abraço! 

  

terça-feira, 19 de novembro de 2013

AS  QUATRO  CRIATURAS  
MILTON  MACIEL  

Eram quatro criaturas,
No mesmo dia nascidas,
Que crescerem muito unidas,
Mas tiveram sinas duras.

A primeira era o Amor.
A segunda, era o Ciúme
A terceira, a Amizade
E a quarta?... Era a Inveja!

Todos desejavam Amor,
Todos queriam Amizade.
Doía-se a Inveja por isso,
Por isso roía-se o Ciúme.

E então, num dia tristonho,
Foi o fim de todo o sonho:
Matou o Amor o Ciúme,
Matou a Amizade a Inveja.

E sempre que o Amor ressurge
Ou que a amizade renasce,
Lá estão o Ciúme e a Inveja
Exercendo sua maldade.

Desde que o mundo é mundo
E que existe a humanidade,
O Ciúme assassina o amor,
E a Inveja mata a Amizade!




segunda-feira, 18 de novembro de 2013

BEIJO TUAS MÃOS AMADAS  
MILTON  MACIEL

Ó, minha amada, quanta beleza há em tuas mãos!
Fecho os olhos e as beijo, com saudade e respeito,
“Mesmo que o tempo e a distância digam Nãos”,
Muitos Nãos. E “guardar do lado esquerdo do peito”
Seja muito pouco para tua onipresença envolvente,
Que me cerca e penetra, ainda que estejas ausente.

Ó, minha amada, quanta nobreza há em tuas mãos!
Quando, ordeiras, digitam teclados, servem pratos,
Passam roupas, sobraçam flores, protegem gatos,
Acarinham filhos, abrem livros ou esfregam chãos.
E, em tua profissão, são ainda mais maravilhosas,
Quando cuidam, pacientes, da saúde das idosas.

Ó, amada, quanta leveza em tuas mãos presentes
Quando, suaves e sábias, tecem carícias de amor,
Tornando em ternura e afeto o mundo a seu redor.
Beijo, sim, essas mãos suaves, bondosas, amantes,
Que, acima do falso-belo dos esmaltes cintilantes,
Têm a beleza humilde das coisas transcendentes.

E quando, um dia, rugas e manchas o Tempo lhes trouxer,
Então beijarei as mais lindas mãos que pode ter uma Mulher.           (MM)

Miami, Fev, 1º. 2012

domingo, 17 de novembro de 2013

DEPOIS DO “aMOR”
MILTON  MACIEL

Depois do amor, quando os corpos se separam,
Vem um instante de total encantamento:
Passado o amor, ressurge o Amor nos que se amaram,

Porque é o Amor muito maior que um só momento
De intenso amplexo em que chegamos à fusão.
E é o prazer muito menor que o Sentimento!

O encantamento que se segue é devoção,
Quando vejo seus olhos umedecidos,
Levados pelo orgasmo à plena comoção.

Depois do amor nos encaramos comovidos
E, mãos nas mãos, bebemos desse momento,
De plena Entrega e de Amor agradecidos.

sábado, 16 de novembro de 2013

TODA MULHER É UM POÇO DE MISTÉRIO  
MILTON  MACIEL  

Toda mulher é um poço de mistério
Sempre tem um segredo a esconder:
É seu passado
Ou sua idade
É seu peso
Ou virgindade
(Ou com quem a perdeu de verdade).

Toda mulher é um poço de mistério
Esconde as rugas
E as intrigas
Suas paixões
E as inimigas
Indecisões
E suas fugas.
(E até mesmo o climatério)


Toda mulher é um poço de mistério
Diáfana e sutil, esconde-se na bruma
Da elegância, da classe, da beleza.
E o faz com tal donaire e sutileza
Que esconde até... se acha que é bonita.
(E se outra menina já brincou com sua pipita).

Ah, indecifrável adorada, poço de mistério:
Não ousaria decifrar-te, não sou tão insensato.
O fato é que te amo, que eu te amo é um fato!

Ah, indecifrável criatura, esfinge de mistério:
Entrego-me em tuas mãos: Assume teu império!


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

ESSES  OLHOS  DISTANTES   
MILTON  MACIEL   

Se meus olhos tementes
Ousam mirar os teus olhos distantes,
É que existem correntes
Que os meus, suplicantes,
Prendem aos teus, ainda mais do que antes.

Se ainda mais do que antes,
Prendem-me a ti teus olhos envolventes,
É que os meus são amantes,
São cativos, coerentes
Com o amor que os faz de ti dependentes.

E, se são dependentes
Os meus olhos... também o é meu coração.
É que existem correntes
De inabalável coerção,
Fazendo-me escravo desta devoção!

E aqui eu declaro, entre minhas correntes,
Que eu amo e que eu temo esses olhos distantes
E ante eles deponho, vencido, este meu coração.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ESTRANHOS OS PERCURSOS DESTA VIDA DESCONTENTE 
MILTON  MACIEL 

Estranhos os percursos desta vida descontente,
Eivados dos percalços de um tumulto ababelado.
São ínvios os caminhos que transitam pelo fado
Dos passos, perlustrando confusões em nossa mente. 

Em vão quer nosso espírito encontrar decriptado,
O enigma que a vida nos propõe diuturnamente.
O corpo das doutrinas está sempre decumbente,
Não nos explica nada, por inútil, derreado.

E assim o ser se arrasta pela senda inutilmente,
Transido, entristecido, pelos fados alquebrado,
Perdida a esperança num futuro que é inclemente.

Porém, mesmo que o fado seja tê-lo derrotado,
Lhe resta o ser estóico, ter a fleuma persistente
Dos que tombam de pé, ante um destino amaldiçoado.