sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PRECE DE NATAL  
MILTON MACIEL  

I

Patrão Velho lá de cima,
Que mandas no firmamento,
Permite que eu te declare
Todo meu encantamento.
Eu, nesta noite, solito,
Sob o teu poncho de estrelas,
Olho encantado pra elas,
Puxa, que céu más bonito!
Eu me sinto mui pequeno,
Parado aqui no sereno,
Vendo essa grandiosidade,
Que é linda barbaridade!

Bueno, o pessoal da cidade
Celebra hoje o Natal.
Aqui a gente é bagual,
Não tem dessas festarias,
Às vez, lá pras rancharias,
Hay quem celebre. No entanto,
Aqui no meio do campo,
Só tenho por companhia
A minha fiel montaria:
Este bicho caborteiro
Meu único companheiro,
Que é meu cavalo tordilho.

Hoje é a festa do teu Filho.
Aceita, pois, meu Patrão,
Que aqui, desta imensidão,
Eu te faça, ainda que mal,
Esta prece de Natal.
Meio xucra, meio estranha
Deste guasca da campanha,
Que aqui, na noite ajoelhado
Sobre este solo sagrado,
Berço heróico dos Farrapos,
Honra quem, envolto em trapos,
Nasceu pobre como eu.
E como um pobre cresceu,
Pra ser exemplo pro povo.


II

Só que hoje hay um tempo novo
E algo novo errado hay,
Pois bem nas fuças do Pai
Exploram o nome do Filho
O povo... é que nem novilho.
Que, na mão do espertalhão,
Dá até o último tostão.
E eu mui espantado fico
Ao ver que o pobre, contrito,
Ajoelha em nome de Jesus
Fazendo o sinal da cruz...
E dá seu dinheiro pro rico!

Até quando, Patrão meu,
Essa tropa de vagabundo,
Esse bando de fariseu,
Vai explorar todo mundo
Em nome do Filho teu?!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

“MAS NÃO O RECONHECERAM”
A Parusia:  Como foi volta de Jesus Cristo à Terra
MILTON MACIEL

   Vaticano, sede da Congregação Para a Doutrina da Fé, 23 de Maio de 2005. Às 14 horas, quatro homens estão sentados à mesa de reuniões. Sente-se no ar um clima de grande tensão. Alto, loiro, Padre Kleinubing tem olhos azuis de expressão angustiada, sob os óculos sem aro. À direita dele, baixa estatura, pele escura, cabelos crespos grisalhos, calva incipiente, semblante tranquilo, está Padre Cícero Ramon. É o vigário da paróquia de Igarassu, Pernambuco, Brasil, que está proibido de rezar missas e obrigado ao voto de silêncio desde o mês de janeiro. Do outro lado da mesa, em frente a ele, cenho cerrado, ar de grande preocupação, a autoridade que lhe aplicou as sanções – o cardeal alemão Heinrich Volkmann, prefeito daCongregação Para a Doutrina da Fé, sucessor do Cardeal Ratzinger, desde o mês passado sua Santidade Papa Bento XVI. Completando o grupo, Padre Leonardi, italiano, assessor de Wolkmann. O cardeal foi o primeiro a falar:

– Senhores, como sabem, o assunto de que vamos tratar é da maior gravidade e deve continuar no mais absoluto sigilo. Se chegar ao conhecimento da mídia e do público, as conseqüências serão imprevisíveis e, certamente, terríveis para nossa Santa Igreja. Por essa razão foi que impus o voto de silêncio a Padre Cícero. Mandei Padre Kleinubing ao Brasil porque ele nasceu lá, domina o idioma. E agora que ele acaba de regressar, trazendo-nos Padre Cícero, peço-lhe que nos apresente suas conclusões.

– Eu estive com Ele, Eminência! Com Ele! E não o reconheci! Pequei por soberba e por racismo, qualidades negativas que tentei em vão esconder de mim mesmo. Nasci em Schröder, Santa Catarina, mas foi na Alemanha que fiz minha carreira eclesiástica e onde o bondoso cardeal Volkmann me conheceu.  Graças a ele, faço parte da Congregação, desde 2001, quando mudei para o Vaticano.  Quando estourou o caso do beato brasileiro, o cardeal me incumbiu de acompanhar as investigações da Cúria Metropolitana do Recife. Foi lá que tive a oportunidade de conhecer o padre Cícero Ramon. E fui visitar o Homem na cadeia, Eminência! O vigário de Igarassu insistia o tempo todo que esse homem era Nosso Senhor Jesus Cristo redivivo! Padre Cícero, por solicitação do Arcebispo de Recife e Olinda, disfarçou-se de homem comum e entrou para o grupo de seguidores do tal beato. Depois de ficar onze meses como peregrino, tendo-se tornado bem próximo do líder, o padre passou a acreditar piamente que aquele homem era mesmo Jesus Cristo que tinha voltado à Terra. A Parusia!

Padre Kleinubing fez um grande esforço para controlar sua emoção e conseguiu prosseguir:

- Quando Padre Cícero começou a falar isso em público e o assunto chegou à Congregação, nós o mandamos silenciar imediatamente. Quando cheguei ao Recife, quase Natal de 2004, coincidiu de o Homem e seu grupo chegarem lá também. Mas ele foi logo preso e ficou detido numa delegacia de Polícia. Padre Cícero Ramon ficou desesperado e me suplicou para usar minha posição de membro do Vaticano para pressionar o arcebispo, de forma que a Igreja Católica se empenhasse na libertação do homem. Eu disse que só o faria depois de entrevistar o tal beato na cadeia e me convencer que ele era efetivamente Jesus Cristo. Antes disso, ouvi o relato do padre e confesso que fiquei bastante impressionado. Então a Cúria me forneceu o dossiê completo da investigação, também algo bem surpreendente. Vejam, eu trouxe uma cópia de tudo comigo. Deixem que eu lhes leia o trecho mais importante:

“Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Recife e Olinda, 21 de Janeiro de 2005. Caso Severino de Maria Zacarias, tido como beato por pessoas do povo nordestino. Nascido em 8/2/1971, na Serra da Costela, limites da Paraíba, em Jacarará, município de Poções, Pernambuco. Dos pais não há registro senão dos prenomes: um certo Zacarias, retirante e carpinteiro. E uma tal Maria de Zacarias, lavradora. Tipo físico: mulato, 1,80 m, cabelo sarará, usa óculos. Não usa barba. Vestimentas: usa sempre uma túnica similar a uma batina, de cor branca, sandálias e chapéu de couro. Teve estudos: graduação e mestrado em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco. Era professor adjunto quando, aos 30 anos, abandonou tudo e começou uma longa marcha a pé, de mais de 2000 quilômetros, partindo do Recife com meia dúzia de pessoas, entre elas uma estudante de pós-graduação de Letras, Maria Milena, que consta ser sua mulher, fora dos sagrados laços do matrimônio, porém.”

“A longa jornada estendeu-se por três anos e no percurso esse homem foi fazendo pregações doutrinárias subversivas, voltadas contra as instituições e contra nossa Santa Igreja, uma série de blasfêmias e heresias. Leia-se, por exemplo, à pagina 27 deste relatório, um trecho de um dos documentos que foi apreendido com o homem:

“De noite tu vives na tua palhoça,
de dia na roça de enxada na mão.
Julgando que Deus é um Pai vingativo,
não vês o motivo da tua opressão.
Tu és nesta vida um fiel penitente,
um pobre inocente no banco dos réus.
Caboclo, não guarda contigo essa crença,
a tua sentença não parte do Céus.”

“Consta que o texto, evidentemente subversivo, é de um certo Antônio Gonçalves da Silva, vulgo Patativa do Assaré, felizmente já falecido e sobre o qual não temos maiores informações. O fato é que, com o passar do tempo e da peregrinação, esse falso profeta começou a arregimentar seguidores, pessoas simples e ignorantes, que passaram a ver nele uma espécie de santo ou profeta. Temos inclusive o testemunho de um padre da nossa Igreja, ao qual o Cardeal Arcebispo de Recife e Olinda determinou que, disfarçado, aderisse a esse bando para saber quem era aquele homem misterioso, que, ao cabo de três anos de pregação, já tinha mais de mil seguidores diretos na jornada, fora as multidões que deixou afetadas em todos os lugares em que passou, em Pernambuco, Ceará, Paraíba, Alagoas e Bahia.”

“Declaração do Padre Cícero Romão, da paróquia de Igarassu, Pernambuco, em depoimento à Polícia Civil desse Estado, quando foi obrigado a falar. Nos recintos da Santa Igreja ele está impedido de fazê-lo, porque, por ordem de sua Eminência, o Cardeal Volkmann, da Congregação Para a Doutrina da Fé, esse padre está atualmente proibido de rezar missas e colocado sob voto de silêncio.  Diz o padre:

“Estou convencido da santidade desse homem. Eu, pessoalmente, acompanhando-o pelo sertão da Paraíba e de Pernambuco nestes últimos onze meses, junto com seus fiéis, o vi realizar prodígios e milagres. Ele curava doentes, abençoava lavouras, fazia partos difíceis de animais nas propriedades pobres, ajudava com seus homens nas colheitas. E, mais de uma vez, quando a fome era muito grande para todos, ele alimentou todo mundo com um pouco de jerimum ou macaxeira e um naco de carne seca, que ia multiplicando. E ele podia, quando imprescindível, transformar água em mel-de-engenho e rapadura. Seus homens e ele mesmo cortavam cana na safra, para ganhar algum dinheiro. Mas, pela filosofia do líder, tudo que cada um ganhasse tinha que juntar ao fundo comum, para justa divisão. Eu acredito na santidade dele e para mim, como padre, não resta a menor duvida que ele é mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo, que voltou à Terra.”

   “Era assim que viviam, num típico modelo comunista, subversivo. Saiu o visionário do Recife, há coisa de uns três anos, com meia dúzia de pessoas e retornou com mais de mil a segui-lo. Isso, por si só, já caracterizava um indivíduo politicamente perigoso, os órgãos de segurança do governo e do exército estavam de olho nele, acompanhando sua marcha à medida que ele se aproximava do Recife.”

“Chegaram nesta capital no dia 23 de Dezembro. Deixando a quase totalidade do grupo em Paulista, o líder do movimento entrou em Recife com apenas 48 homens e mulheres.Foram direto para a catedral metropolitana e promoveram um comício em frente a ela, onde o perigoso indivíduo falou por cerca de duas horas contra nossa Santa Madre Igreja (e contra o Santo Padre), acusando-a de falsa herdeira de Jesus Cristo. Depois uma parte desses 50 indivíduos entrou no maior Shopping Center da cidade e organizou outra prédica, desta vez contra o sistema industrial, comercial e financeiro do Brasil. A polícia militar foi chamada e daí resultou o maior quebra-quebra. Os PM prenderam todos os baderneiros que não conseguiram fugir.”

“Já o indivíduo Severino foi preso pela Polícia Civil em frente à catedral mesmo e levado para uma delegacia, onde consta ter sido barbaramente espancado, por ter desacatado o delegado e todos os policiais. Chamou-os de desonestos, venais e assassinos. Depois de espancado, ele foi levado à presença do próprio Secretário de Segurança, Dr. João P. Lattes, na Secretaria. Este o interrogou pacientemente, mas o homem não colaborava. Seus seguidores todos, assim como o padre já referido, afirmam que ele é Jesus Cristo que voltou à Terra.”

“Quando o Secretário perguntava se ele era Jesus, ele respondia sempre: “O meu nome éSeverino, não tenho outro de pia.” E mais do que isso recusou-se a falar. O Secretário devolveu-o então à delegacia do Dr. Caio Fass, onde, testemunhas afirmam, o prisioneiro foi de novo submetido a outro “corretivo”, incluindo pau-de-arara e choque elétrico. Mas manteve-se mudo.”

“Temos um relato confiável, depoimento às pags. 37 a 49 deste dossiê, feito por Genésio de Almeida, escrivão da mesma delegacia e testemunha ocular de todos os fatos ocorridos naquelas dependências. Relatou o referido escrivão que o Dr. Caio Fass perdeu o controle quando o interrogado o chamou de ladrão e assassino. E mencionou, na ordem certa e com as datas corretas, todas as negociatas feitas pelo delegado em concorrências públicas, armadas ali mesmo na delegacia.”

´Mencionou desvios de cocaína apreendida e os dois assassinatos ordenados pelo delegado em Novembro passado. Diz a testemunha que, ao fazer tais afirmações, o homem praticamente assinou sua sentença de morte. Era como se ele estivesse querendo se fazer matar. Diz textualmente o escrivão: “Naquela noite, eu mesmo ajudei o carcereiro a esvaziar uma cela lá dos fundos, deixando ali só dois presos, por ordem expressa do delegado. Na hora eu entendi que aqueles também estavam condenados, pois eramtraficantes da facção rival à do delegado. E foi dito e feito.”

“No outro dia, quando o Sr. Almeida chegou à delegacia, viu que todos os três presos tinham sido metralhados juntos. Os corpos seriam removidos em seguida, estavam esperando o rabecão. Mas o corpo do indivíduo Severino desapareceu da cela na frente de todos. E reapareceu caminhando em direção à porta de saída, com sua túnica toda branca, sem uma só mancha de sangue, mas com 22 perfurações de bala.´

“Isso se deu justamente na hora em que o delegado Caio Fass vinha chegando. Este lhe deu voz de prisão e, não atendido, descarregou no homem os seis tiros do seu revólver 38. Nada aconteceu ao homem, foi como se as balas tivesse passado através dele, mas morreram na hora a faxineira Honorina e o escrivão Horácio. Isso acabou com a carreira do delegado, que foi processado, exonerado e hoje está internado numa clínica psiquiátrica.

    Isso encerrava a leitura do dossiê. Todos esperaram, respeitosamente, até que padre Kleinubing enxugasse as lágrimas. Ele então continuou:

– Sabe, Padre Leonardi, eu fui visitá-lo na delegacia no mesmo dia de sua prisão, pressionado por Padre Cícero. Fiquei sozinho numa cela com ele, que já estava bem machucado pela violência dos policiais. Perguntei como podíamos ajudá-lo. Ele simplesmente riu de mim: “A sua Igreja?! Ora, padre, volte para o seu Vaticano, deixe-me terminar minha missão em paz.” Ainda assim insisti e lhe perguntei:

– O seu nome é Jesus? – ao que ele respondeu simplesmente: “O meu nome é Severino, não tenho outro de pia” – e isso me fez desistir de ajudá-lo. Ele deitou em mim então um olhar como eu nunca tinha visto num ser humano: Um olhar que era pura compaixão, puro amor, como se estivesse me perdoando por minha indiferença. E por meu preconceito.  Fiquei abalado, porém eu já tinha formado um juízo preconcebido sobre ele. Afinal eu estava em frente a um NEGRO, um mulato escuro, alto e magro, sem barba, mas com um cabelo estilo black power enorme e um par de óculos redondos. Eu... eu preciso confessar que o meu racismo ancestral falou mais alto, era óbvio que eu não queria aceitar um Jesus Cristo com aquela aparência, para mim estranha. Contudo, para minha grande infelicidade hoje, ele era mesmo Jesus Cristo! Todas as investigações levadas a efeito depois de sua morte o confirmaram. Como o cardeal já sabe, hoje não temos mais nenhuma dúvida: Ele era mesmo Nosso Senhor! E eu não reconheci e não o ajudei, tendo estado a menos de um metro dele. Ah, padre, como o orgulho e a soberba podem perder um pecador!

Foi só então que Padre Cícero Ramon disse algo:

– Sim, ele veio, “mas não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo o que fizeram.”

 Padre Leonardi interveio:

– Mas o que significa isso afinal? Que disparate é esse?
  
Ao que o cardeal replicou simplesmente:

– Significa que aquele homem era mesmo nosso amado Mestre Jesus. E, mais uma vez, nós não o reconhecemos e, antes, fizemos com ele tudo o que fizemos. Esse é o mais doloroso segredo que tenho carregado sozinho nestes últimos dias, desde que a investigação que fizemos no Brasil comprovou, sem a menor dúvida, a identidade do homem assassinado na delegacia: era Jesus, que cumprindo a Parusia, voltou a nós.

– Mas, Cardeal, como pode ele ser o Cristo, se falou coisas terríveis contra a própria Igreja dele?

– Contra a NOSSA Igreja, Leonardi! A nossa Igreja, que há muitos séculos deixou de ser a Igreja Dele. Foi isso que ele veio nos dizer. Lamentavelmente, quando o descobrimos, já era tarde demais. Ele se foi outra vez, não somos dignos de sua presença.

   Padre Leonardi deixou-se desabar no sofá quase sem respiração, tinha os olhos esbugalhados num gesto de puro pânico, a cabeça quase explodindo de dor.

    Então o cardeal Volkmann, bastante emocionado, dirigiu-se diretamente ao vigário de Igarassu e o que disse deixou Padre Leonardi atônito e Padre Kleinubing feliz:

–Apostate, meu filho. Apostate. Eu lhe suplico, leve sua pregação cristã renovada para fora de nossa Igreja. Torne-se um apóstata, eu lhe darei todo o apoio possível, de forma velada. Mas não fique mais nesta Igreja, lidere o movimento que vai resultar na nova Igreja Cristã, pois a força de Nosso Senhor já se faz sentir e dos, já hoje, milhares de seguidores que ele deixou, discípulos partem agora mesmo para conquistar o mundo. Mas eu lhe suplico: Dê-me tempo para ir preparando a transição, mantendo por enquanto a Igreja Católica ainda unida, até chegar a hora de entregá-la ao sucessor de Bento XIV, para as graves definições finais, quando sua Igreja haverá de redimir o que de bom tiver sobrado danossa. Agora vá, meu filho, nós lhe seremos eternamente gratos. O senhor é um privilegiado, Padre Cícero, conviveu meses a fio com Nosso Senhor. O que eu não teria dado para merecer tal oportunidade e tal honra!...

   Padre Cícero sertanejo, sacerdote por vocação, seguidor, discípulo e agora o primeiro apóstolo de Nosso Senhor Severino Zacarias, entendeu que aquele era o fim de sua presença no Vaticano e em sua Igreja. Saiu à rua andando com serenidade. Sim, caminhava em direção ao futuro, trabalharia em favor das duas Igrejas, da nova e da velha, faria o que suas forças permitissem para deixar que o cardeal Ratzinger exercesse o seu papado sem que fosse perturbado. Já era demais a dor do segredo que, certamente, o cardeal Volkmann lhe haveria de colocar sobre os alquebrados ombros quase octagenários. E o dia que o fizesse...

sábado, 14 de dezembro de 2013

COMO A TERRA FOI SALVA EM 2012 
MILTON  MACIEL  
(comemorando um ano de salvação, depois do 12.12.12 e do 21.12.12.)

Foi uma invasão silenciosa. Ninguém percebeu no primeiro momento, até que os aeroportos, portos e estradas começaram a ficar coalhados de passageiros, aviões, navios, barcos, ônibus e automóveis. Eram milhares desses veículos, congestionamentos-monstros foram formados. Galeão, Cumbica, Viracopos e Confins receberam recordes de vôos normais e extras, bem como mais de uma centena de vôos charters, vindos do exterior. Do Galeão, formou-se um cortejo ininterrupto de ônibus fretados que se dirigiam sempre para o Rio-Centro. Dos outros aeroportos, situados estrategicamente a algumas horas do Rio de Janeiro, partiram centenas de ônibus especiais, apinhados de estrangeiros, verdadeiras torres-de-babel sacolejantes.

O aeroporto Santos Dumont teve o recorde histórico de movimentação, tal o número de vôos extra e fretados, de origem nacional, que conseguiram permissão de pouso. Hangares e pátios de estacionamento de aeronaves de todos os portes ficaram completamente lotados.

Brutais congestionamentos assolaram a via Dutra e as outras estradas que demandavam o Rio de Janeiro. A ponte, no sentido Niterói-Rio, virou um verdadeiro inferno. Dentro da cidade a coisa não era melhor. Parecia que, de repente, sem mais nem menos, todos os ônibus, carros e até mesmo caminhões tentavam se deslocar para o Rio-Centro. Foi quando alguém da Polícia Rodoviária teve um laivo de inteligência: Espera aí, hoje não é 20 de Dezembro? Será que todo esse tráfego não está ligado àquela maluquice que omundo vai acabar amanhã, dia 21?

Dirigiu-se a um ônibus que estava paralisado na Dutra, quase à entrada da Avenida Brasil e interrogou as pessoas. Nada ! Ninguém abriu o bico. Aí o sargento perdeu a paciência. Procurou alguns policiais militares que estavam por ali e confabulou rapidamente com eles. Aí os homens entraram no ônibus, pegaram duas mulheres de meia-idade, arrancaram-nas à força do ônibus, passando-lhes as algemas. Traficantes safadas, tejem presas! As mulheres se desesperaram, começaram a chorar, disseram que não eram traficantes, que não podiam ser presas, não podiam perder a Salvação. Era o que o sargento queria: abriram o bico e contaram que estavam indo para o lugar sagrado, onde seriam salvas do fim do mundo pela nave espacial. O Rio-Centro, obviamente.

Estava tudo explicado, então. Imediatamente o sargento informou seus superiores e os PMs fizeram o mesmo também. Poucos minutos depois as autoridades, estupefatas, concluíram que o pior ainda estava por vir. E que não haveria forma alguma de procurar contornar o problema. De fato, ao anoitecer daquele 20 de Dezembro de 2012, o Rio de Janeiro parou de ponta a ponta. Quem saiu do trabalho não teve como voltar para casa naquela noite, a não ser os que conseguiram fazê-lo a pé. Nem mesmo motos conseguiam passar mais. Só helicópteros conseguiam se deslocar, embora houvesse um total descontrole do tráfego aéreo sobre a cidade, pois muitas dessa aeronaves chegavam do interior e de outros estados, demandando o Rio-Centro também. Do alto, os helicópteros das TVs transmitiam inacreditáveis imagens de um Rio de Janeiro totalmente coalhado e paralisado, com as estradas que a ele chegavam igualmente congestionadas.

O fato é que estava marcado para 01,00 hs do dia 21 de Dezembro, a chegada da espaçonave salvadora ao Rio-Centro. Pelo horário de verão do Brasil, aquilo correspondia ao início exato do fatídico 21 de Dezembro. Ora, a imensa maioria da população não dera bola aos insistentes avisos que as seitas salvacionistas vinham fazendo desde muito tempo. Agora, quando os relógios viraram a uma da madrugada, quando aquela nave gigantesca, muitas vezes maior que o Maracanã, se materializou como que por encanto, vinda do céu límpido, acima do Cristo Redentor, foi o maior alvoroço.

Pânico geral: Então os crentes estavam certos! Ali estava a espaçonave gigantesca, pronta para levar os eleitos. Sinal que a Terra ia mesmo ser destruída. O desespero foi geral, todo mundo tentando de alguma forma chegar ao Rio-Centro. Só que nenhum veículo podia trafegar, tudo estava paralisado. Alguns, que estavam à beira-mar, tentaram invadir os clubes de regatas, roubar lanchas, iates, barcos, caiaques até. Só que a massa não sabia como conduzir esse veículos, aos quais ninguém mais protegia, os próprios guardas da marinas sendo os primeiros a tentar a rota marítima de salvação.

Na hora certa aprazada, a nave pairou sobre o Rio-Centro e sobre a enorme multidão que, ali amontoada, prorrompeu numa gritaria só, gritos de puro alívio. Estavam salvos! Todos os outros, homens de pouca fé, pereceriam. Bem feito!

Por que o Brasil, por que o Rio de Janeiro? Bem, tudo deveu-se ao prestígio com os extra-terrestres de Pai Luiz Adão de Oxossi e Yogananda, criador da Yoga Umbandista das Sete Linhas de Shiva e Aruanda. Seu grupo de adeptos era o que merecia ser salvo, sem qualquer dúvida. Mas havia também o grupo dos estrangeiros, liderado pelo avatar peruano (ou porto-riquenho, segundo outros), que se dizia uma reencarnação do próprio Deus menino. Também eles e seus adeptos seriam salvos, mas para isso tiveram que vir dos quatro cantos do mundo para o Rio de Janeiro. O resto da humanidade iria perecer. A própria nave, usando seus recursos tecnológicos do outro mundo, se encarregaria de abalar as estruturas tectônicas do planeta, deflagrando uma onda de terremotos, vulcões e tsunamis. A Terra estava condenada, só os eleitos seriam salvos, abduzidos para o mundo mais evoluído nos arredores do sistema planetário principal da estrela Xrstfrem, conhecida pelos terráqueos como Épsilon eridani.

Mas os Xrstfremianos não contavam com a falta de infra-estrutura do Rio de Janeiro e seus arredores. Chegaram pontualmente, mas os brasileiros, para variar, estavam miseravelmente atrasados. O comandante Drstgrtwan levou todas as suas seis mãos às cabeças, em desespero. E agora? Tinha só o equivalente a uma hora terrestre para evacuar os eleitos, o que era fácil, já que usaria o plurissugador molecular e aspiraria aquela ratalhada terráquea toda em questão de minutos apenas. Em pouco tempo estariam todos amontoados nos depósitos de carga e aí receberiam o raio letargizante. O que seus superiores pretendiam fazer com aquela carga enorme de horrorosos bichos fedorentos de uma só cabeça, ele não tinha a menor idéia. Nem se importava com isso. De qualquer maneira, eram só alimárias, bichos ultra-primitivos, mas já vaidosos o bastante para acreditarem nas mesmas velhas histórias de salvação que os Xrstfremianos contavam há éons pelas galáxias. A última leva de primitivos que ele levara de um planeta do sistema da estrela Bgrsditrovsy, algo em torno de uns cem mil, esses tinham sido usados como matéria prima nas fábricas de proteínas raras.

Mas agora o comandante Drstgrtwan tinha uma séria decisão a tomar. Depois de uma hora terrestre de iniciado o resgate dos monocéfalos, ele teria apenas o equivalente a seis minutos da Terra para acionar os mecanismos de destruição planetária. Era uma janela exata de tempo, depois disso, condições iguais só depois de séculos. Por causa desse momento é que tinham escolhido e propagado entre os monocéfalos terráqueos a tal historinha do 21 de Dezembro de 2012. Drstgrtwan levou às mãos às barrigas, não pôde evitar que seu corpo de 5 metros terráqueos fosse todo ele sacudido como uma onda, tal a força da gargalhada que lhe sobreveio, ao lembrar disso.

Mas agora o seu problema era sério. Tinha um número certo, contratual, de monocéfalos a levar. Se não fizesse isso, seu prestígio como comandante de nave de carga de alimárias escravas estaria comprometido. Por outro lado, também não podia deixar de destruir o planeta Terra. Seus superiores militares em Xrstfrem tinham tomado essa decisão ao concluírem que aquela espécie humana da Terra, os monocéfalos, tinham todas as péssimas qualidades dos Xrstfremianos e que evoluiriam para se tornarem igualmente conquistadores e escravizadores de galáxias. Ora, era preciso cortar o mal pela raiz, destruir logo essa corja de perigosos futuros concorrentes enquanto era tempo.

Na dúvida, o comandante manteve mais tempo o plurissugador ligado. Quem conseguisse, daquela longa procissão de veículos e pessoas desesperadas correndo a pé, chegar suficientemente perto da nave, seria automaticamente sugado e descarregado no depósito de alimárias. Mas estava intranqüilo, o momento de abertura do portal de destruição tectônica estava muito próximo e ele precisava de toda energia para abastecer suas máquinas de raios, teria que desligar o plurissugador.

Foi quando aconteceu o inesperado. As telas da sala de comando acusaram a aproximação de uma nave amiga. Com a velocidade que vinha, em menos de três segundos terrestres apareceu ela pairando sobre a baia de Guanabara. Era a nave gêmea da sua, comandada por Drstgrtvon, seu irmão gêmeo também. É que no seu mundo, as crianças nasciam de suas máquinas geratrizes sempre em grupos de 20 gêmeos, um sistema muito mais prático que o terráqueo. Mas Drstgrtwan e Drstgrtvon se odiavam. Profundamente.

Que invasão era aquela de sua missão, quis saber Drstgrtwan. Seu gêmeo respondeu que viera resgatar os seguidores do avatar peruano (ou seria porto-riquenho?), recebera a missão de honra, tão logo Drstgrtwan partira com sua nave. Seguiu-se um áspero diálogo cheio de ameaças, em idioma Xrstfremiano, que mais lembraria, para os terráqueos, duas hienas rindo aos guinchos. O tom de voz foi subindo, o teor das ameaças também, até que o comandante Drstgrtwan perdeu as cabeças: fez um sinal a seu imediato, este assestou o canhão de proa e apertou o botão. Um feixe de luz azul intensa saiu da nave e atingiu em cheio a de Drstgrtvon. Como esta estava com o escudo de proteção parcialmente desativado, foi atingida seriamente., Mas não o suficiente para impedi-la de revidar. E revidou a tempo, antes que o escudo de proteção da nave de Drstgrtwan estivesse totalmente ativado. A avaria foi igualmente grande. Aí os dois comandantes começaram manobras de evasão e ataque realmente fantásticas. As naves subiam em espiral em velocidades inacreditáveis, circulavam uma à outra como um sistema de estrelas duplas, e despejavam raios e mais raios de destruição, espetáculo pirotécnico inigualável. Em baixo, os terráqueos monocéfalos estavam atordoados. Caramba, aquelas eram as naves dos arautos da paz, da civilização superior que os viria resgatar para um mundo realmente evoluído, à altura dos únicos seres na Terra a ter fé nos bondosos extraterrestres, espíritos de luz?

Uma fração de segundo depois, a nave de Drstgrtvon foi destroçada a ponto de perder o controle. O comandante então, numa manobra de desespero, do tipo tudo ou nada, ainda teve tempo para fazer uma última tentativa. Concentrando toda a energia que lhe restava, arremeteu direto contra a nave do odiado irmão gêmeo. Estavam muito, muito alto sobre o Rio de Janeiro quando as duas naves colidiram e explodiram, desintegrando-se totalmente.

Os crentes choraram a perda da salvação. Ficaram ainda alguns dias acampados da forma mais precária possível, sem água, comida ou higiene, à espera de outra nave. Quando era de todo impossível sobreviver ali, começaram a empreender a longa viagem de regresso, que para alguns chegou a levar até um ano.

O que eles e os outros habitantes da Terra nunca ficaram sabendo é que o planeta havia sido milagrosamente salvo pela hesitação de Drstgrtwan e pela chegada inesperada de seu gêmeo e desafeto Drstgrtvon.

Mas no fundo, a verdade é que a Terra foi salva pela falta de infra-estrutura do Brasil e do Rio de Janeiro para grandes eventos, para o uso maciço de suas estradas e aeroportos, e também pela proverbial impontualidade e desorganização dos brasileiros.

Houvesse um grande líder de nome Ulrich von Oxossi und Yogananda na Suíça, para lá se teriam dirigido as naves Xrstfremianas e o nosso planeta teria sido destruído pontualmente às cinco da manhã da Suíça. Santa, bendita bagunça nossa!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

MORTE E VIDA SEVERINA
João Cabral de Mello Neto
FUNERAL DE UM LAVRADOR:
 
- Esta cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.

- É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.

- Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.

- É uma cova grande
pra teu pouco defunto.
Mas estarás mais ancho
que estavas no mundo

- É uma cova grande
pra teu defunto parco.
Porém mais que no mundo
te sentirás largo

- É uma cova grande
pra tua carne pouca.
Mas a terra dada,
não se abre a boca.


Na peça levada ao ar pela TV Globo em 1981, Tânia Alves é a cantora.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013


ESCRITOR MILTON MACIEL PALESTRA SOBRE O FUTURO DA COMUNICAÇÃO IMPRESSA 
Tuane Roldão – Jornal A NOTÍCIA (Marca-Página) – 10/12/2013

O escritor e conferencista internacional Milton Maciel, autor de 27 livros, palestra na noite de hoje no Plenário da Câmara de Vereadores de Joinville, a partir das 19h30.

No evento (uma promoção conjunta da Escola do Legislativo da CVJ, da Confraria do Escritor  de Joinville e da Associação Confraria das Letras), além de um mini-sarau e um coquetel para lançamento de dez obras suas da cidade, Milton apresenta o audiovisual O Futuro do Livro Impresso, do Jornal e da Revista, Num Mundo Cada Vez Mais Digital, baseado em seu livro de mesmo nome.

A obra, resultado de uma pesquisa de quatro anos nos Estados Unidos e no Brasil, analisa o encolhimento do mercado dos livros físicos e dos empregos nas redações de jornais, revistas e ambientes televisivos – e o que os profissionais dessas áreas precisam fazer para estarem entre os que conseguirão conservar suas posições.
Além dos livros em lançamento, o escritor apresentará também muitos dos seus livros já lançados anteriormente. A entrada é gratuita.


Relação de livros em lançamento:
O Cerco – Novela histórica sobre a invasão dos hunos à Gália em 451 AD
Hello, Tchê – Contos do Norte e do Sul
Hello, Tchê – Poemas do Norte e do Sul
Do Sul al Sur – Contos e poemas (bilíngue, português e espanhol)
A Princesinha Quer Dançar – Poesia infantil
Contos Vaticanos e Outros Contos
Minha Casa São Seus Braços – Poesia
USA Is Not Brazil – Livro técnico sobre etanol de cana e de milho (em inglês)
O Futuro do Livro Impresso, do Jornal e da Revista
Como É Caro Ser Mulher! – Ensaio
Outros livros de Milton Maciel à venda no evento:
Lolita de Aracaju, a mais jovem dona de bordel do mundo – Romance sobre prostituição infantil
A Espera e a Noivinha – Romance sobre prostituição infantil
Ataliba, um Paulistano Feliz – Romance
A Bela Morde a Fera – Ensaio sobre autodefesa feminina contra a agressão masculina
A Sopa Química, Nossa Alimentação Suicida – A discordância genética entre e dieta contemporânea e a que formou o nosso genoma ao longo de 2,5 milhões de anos: a dieta paleolítica

                                          O livro bilingue DO SUL AL SUR

Livros de agricultura orgânica:
Como Tornar seu Sítio Lucrativo
A Horta Orgânica Profissional
Os Novos Engenhos de Açúcar
Como Produzir e Comercializar Açúcares Orgânicos
Substratos e Viveiros
Agricultura Urbana
Nutrição de Ruminantes na Seca
Adubação Organo-mineral de Grandes Áreas e mais 12 Manuais Práticos Para o Produtor
Milton Maciel pode ser encontrado nos endereços virtuais abaixo:
Blog do escritor, com quase 800 postagens, entre contos, poesias em vários idiomas, feminismo, regionalismo, crônicas, alimentação, sono e sonhos, trechos de vários livros e a reprodução completa de O Cerco, novela histórica sobre a invasão dos hunos à Gália em 451 AD.
Site da editora, que tem longos trechos de livros sobre feminismo e de romances sobre prostituição infantil, bem como trechos de A Sopa Química, sobre a dieta paleolítica.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Escritor e conferencista Milton Maciel lança dez obras em Joinville

Em um momento de intensa produção, onde busca inspiração em sua casa em Miami, ele quer dividir conhecimento com o público catarinense
Jornal Notícias do Dia – CARLA NUNES

Escrever é uma tarefa difícil. Publicar pelo menos um livro na vida é o sonho que muitas pessoas não conseguem realizar. Mas esse não é o caso do escritor e conferencista gaúcho Milton Maciel, que nesta terça (10), às 19h30, lançará nada menos que dez livros e o audiovisual “O Futuro do Livro Impresso, do Jornal e da Revista, num mundo cada vez mais digital”, baseado em seu livro de mesmo nome.

O lançamento será no Plenário da Câmara de Vereadores de Joinville, acompanhado de um minissarau e de coquetel.

A publicação que resultou no audiovisual nasceu de uma pesquisa de quatro anos nos Estados Unidos e também no Brasil, mas levou apenas duas semanas para se tornar livro. O documentário analisa o encolhimento do mercado dos livros físicos e dos empregos nas redações de jornais, revistas e ambientes televisivos e, consequentemente, o que os profissionais dessas áreas precisam fazer para preservar suas posições e sua carreira.

Maciel é autor de 27 livros, entre romances, contos, poesia, ensaios e divulgação científica; e mais 12 manuais práticos de agricultura orgânica. O escritor está dez anos em Joinville, mas tem uma segunda casa em Miami, Estados Unidos, onde trabalha na maior parte do tempo.  “Tenho vivido boa parte da minha vida em Miami, desde que me apaixonei por ela em 2006. Lá, escrevo muito e com uma fecundidade impressionante”, confessa.

“O Cerco”, novela histórica sobre a invasão dos hunos à Gália, de 400 páginas, que foi produzido com a concepção de um roteiro para filme, foi escrita em 43 dias. “Lolita de Aracaju”, que também está em tratativas para filmagens nos EUA, levou só 47 dias para chegar à versão final, “A Espera e a Noivinha”, 33 dias. E, nesse ritmo, as outras obras foram feitas. 

Enquanto está em Miami, Maciel aproveita para escrever e isso justifica o lançamento de dez obras no mesmo dia. O escritor explica que como não pôde lançar livros no Brasil enquanto estava em Miami, a produção acabou acumulando.

Além dos próprios livros, Maciel escreve para outros autores, como ghost writer (escritor-fantasma). “Anualmente, escrevo vários livros para outras pessoas, nas quais meu nome não aparece como autor”, conta. Segundo ele, a fórmula do sucesso para tamanha produção, aos 70 anos, está em dormir apenas três horas e meia por dia, ter um blog e ter pelo menos 49 cursos sobre a arte de escrever nos últimos quatro anos.

Das lições aprendidas nos Estados Unidos, Maciel desenvolveu seu próprio curso, chamado The Publishable Writer (O Escritor Publicável), que agora oferece em São Paulo. As aulas são em parte presenciais e em parte online. O curso tem ênfase na formação de escritores auto-editores, que não dependem de editoras para publicar seus livros e ganham acesso ao mercado com livros físicos e e-books próprios. 


“Marketing e plataforma são tópicos fundamentais a serem aprendidos pelos escritores que queiram viver exclusivamente dos seus escritos. Afinal, escrever é uma arte, mas vender livros é um 
negócio”, considera.