O MAL NECESSÁRIO BEM NECESSÁRIO
MILTON MACIEL
(Abaixo a letra da canção e o link para o vídeo
Foi notável: Nil Moltocaro postou no Facebook a letra de MAL NECESSÁRIO, canção que foi imortalizada na interpretação antológica de Ney Matogrosso e que tive a felicidade de assistir ao vivo em São Paulo. Evidentemente, corri para o Youtube e fui me deliciar outra vez. Aí, é claro, dá vontade de compartilhar com os amigos. Foi quando começaram os problemas.
Quem era o autor ou eram os autores da canção? Procurei com “letra” e com “lyrics” e nada. Absolutamente nada! Dezenas de letras completas, abaixo do título apenas “Ney Matogrosso”. Era como se Ney fosse o autor do poema. Nada sobre o compositor. Para maior dos pecados, Cazuza tinha uma outra canção com o mesmo nome.
Foi preciso chegar à DECIMA SÉTIMA busca para encontrar um nome: MAURO KWITKO. Surpreendente, pois esse nome eu o tenho associado a um médico homeopata espiritualista, que escreve livros sobre terapia reencarnacionista. Curioso, fui ao portal do Mauro Kwitko e lá, junto à fotografia de um simpático e vivaz senhor de 65 anos, encontrei, na Biografia, a foto de uma rapaz cabeludo, com seu violão. E a constatação: Sim, era ele o autor de Mal Necessário – Música e Letra!
Só não posso saber ainda como é que essa composição genial chegou a Ney Matogrosso e seus produtores musicais. Mas tenho que dizer que, para todos nós outros, resultou em grande felicidade que isso tivesse acontecido.
Então estou postando aqui o link para a melhor das gravações dessa canção. Aqui a interpretação de Ney chega a um dos pontos mais altos de sua carreira: Roupa, mise-en-scène, coreografia, expressão corporal, expressão facial e... VOZ, é claro, explorando aqui todo o seu inacreditável alcance vocal.
Mas é preciso que se compreenda que uma andorinha só não faz verão. Esta peça é realmente antológica, mas para que ela chegasse a esse ponto, muitas mentes brilhantes e muitos corações sensíveis estiveram envolvidos. A começar pela música e pelo poema geniais do jovem Mauro Kwitko. Sem o qual, nada existiria para ser interpretado e nos emocionar e encantar.
E a seguir pela interpretação fantástica do naipe de músicos que está nesse palco: guitarrista, com seu solo brilhante, tecladista (como pianista, sou suspeito!), baixista, baterista, percussão. Mas por trás deles estão os técnicos de som, os operadores de luz (Ney que o diga, pois ele mesmo funciona como iluminador para shows de outros artistas!).
A imensa maioria das pessoas passa muito rápido pelo portento que é uma criação coletiva desse naipe. Limitam-se a fixar a figura do cantor, a ouvir sua voz. Maravilha, em se tratando deste Ney Matogrosso. Mas é tão pouco, tão pobre! Experimente assistir ao vídeo mais de uma vez, várias vezes. Na primeira, faça como todo mundo. Na segunda, faça um esforço para não ouvir a voz nem não se fixar na imagem do cantor.
Fixe sua atenção nos outros artistas geniais que também são intérpretes dessa maravilha, sem a qual não sobraria nada além da voz isolada de Ney Matogrosso. Para isso, ou feche os olhos, ou minimize a imagem. E apenas ouça. Mas ouça colocando a alma como receptáculo dos seus tímpanos. Pronto! Esse é o segredo de aproveitar tudo, tudo mesmo, até à ultima gota. Aí você vai perceber que alguém é responsável pelo ARRANJO genial. Quem?
Evidentemente, não há como corrigir a injustiça já feita. O máximo que consegui foi resgatar o nome de Mauro Kwitko e pensar nele com carinho e gratidão. Já aos outros artistas em palco, não consegui fazer justiça mesmo: Quem são eles? De qualquer forma, para eles igualmente minha gratidão e meu carinho. Obrigado, a todos vocês que criaram, junto com Mauro e Ney, este momento alto da música e do espetáculo brasileiros. Valeu, pessoal!
Então eu escrevi:
"Só não posso saber ainda como é que essa composição genial chegou a Ney Matogrosso e seus produtores musicais. Mas tenho que dizer que, para todos nós outros, resultou em grande felicidade que isso tivesse acontecido."
POIS BEM, hoje tenho a satisfação de contar como foi que isso aconteceu. A fonte: o próprio compositor Mauro Kwitko. Tive o prazer de entrar em contato com ele por e-mail, relatando a singela homenagem que este blog lhe havia prestado e aí recebi do Mauro a mensagem postada abaixo.. Prestem atenção na forma paranormal como a composiçào surgiu e fiquem sabendo que quem escolheu o nome foi o próprio Ney MATOGROSSO:
"Milton, obrigado pela citação a minha pessoa, fiquei bem emocionado com seu gesto. Vou te contar como o "Mal Necessário" foi feito:
Era o ano de 1978 e um amigo em comum me levou na casa do Ney para eu mostrar músicas para ele. Tocamos a tarde toda, eu naquela expectativa do Ney se apaixonar por alguma música, sabe como é compositor, né? Bem, ele gostou, foi tudo muito bom, tudo muito bem, voltei para casa (morava com outros músicos no Leblon), e, lá chegando, por sorte, não tinha ninguém em casa, fui para a sala, sentei no chão, peguei o violão, e PARECE QUE SAÍ DO AR... QUANDO DEI POR MIM, HAVIA UMA LETRA ESCRITA; e TOQUEI A MÚSICA, e achei-a linda! Tinha tudo a ver com o Ney daquela época.
Fui até um orelhão, liguei para o Ney, contei o ocorrido, ele pediu para eu voltar a sua casa, mostrar essa música nova. Peguei o ônibus e fui. Lá chegando, comecei a tocar e ele se apaixonou! Pegou um gravador (cassete!) e pediu para começar de novo que ele queria gravar no gravadorzinho. Perguntou o nome? Não tinha ainda... Falei que havia sido feita para ele, o que achava? Ele pensou um momento e disse: Mal Necessário. E foi assim. Ela toca até hoje, 34 anos depois.
Atualmente, eu recebo Hinos Espirituais do Astral, já são cerca de 250 Hinos, podes escutar um pouquinho no link Cds no meu Portal (www.portalmaurokwitko.com.br) . Gravei 2 Cds independentes com eles - Hinos de Paz e Hinos de Amor, e estou gravando outro no Garage Band do meu IMac. Então, Milton, assim é a vida, fazemos coisas, elas vão e vem, passam, ficam, vêm outras, e a vida continua. Abração, Mauro"
Atualmente, Mauro Ktwiko dá cursos de Psicoterapia Reencarnacionista e Regressão Terapêutica em várias cidades: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Brasília. Informações no seu portal.
MAL NECESSÁRIO
MAURO KWITKO
Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou as mesas e as cadeiras desse cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou as mesas e as cadeiras desse cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta, quando as vozes se ocultam,
Nos bares, na cama, nos lares, na lama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata.
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe.
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na cama.
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