MILTON MACIEL
2 - SER
MULHER É MUITO CARO
Ser mulher é muito
mais caro do que ser homem. As causas são várias, todas elas ocasionando, no
entanto, custos que os homens não têm ou os têm muito menores. Essas causas
podem ser divididas assim:
I – CAUSAS
BIOLÓGICAS
II – CAUSAS
COMPORTAMENTAIS
III – CAUSAS
MERCADOLÓGICAS
Vamos começar pelas primeiras:
CAUSAS BIOLÓGICAS
3
– OS SEIOS
As causas biológicas são simplesmente inevitáveis:
Seios, vulva, vagina, útero, trompas, ovários. Versus pênis, escroto,
testículos, canais, próstata. A comparação de complicações e custos é uma
verdadeira covardia!
Uma mulher tem um par de seios proeminentes, em luta
permanente contra a lei da gravidade, a qual teima em aproximá-los mais e mais
do solo a cada dia que passa. Para ajudar nesse combate diário, foi inventado o
sutiã. Na sua forma atual, possivelmente em 1813, em Nova Iorque.
Homens,
durante toda uma vida, não precisam gastar um único tostão com sutiãs para eles.
Já as mulheres têm peito para gastar por ano, em todo
o mundo, US$ 16 000 000 000.00 (16 bilhões de dólares = 58 bilhões de reais, em
maio de 2016) em sutiãs. Mais adiante, Na seção “A Cruel Obrigação de Andar na
Moda”, no capítulo “Vestuário”, nós vamos voltar ao tema do sutiã com mais
profundidade, abordando inclusive o valor estético e erótico dos seios e dos acessórios que os servem.
a) SEIOS E
BELEZA
Ora, os seios acabam tendo uma inegável consequência
estética, submissos, portanto, aos esmagadores padrões da moda de cada época e
lugar. E aí surgem os inevitáveis problemas: muito pequenos, muito grandes,
caídos, flácidos, auréolas grandes demais, muito escuras... e por aí vai, com
boa parte desses problemas sendo mais imaginários ou originados apenas do senso
estético ou da excessiva autocrítica da porta-dora dos mesmos.
Surgem então certas despesas nada pequenas, com
cirurgias plásticas e próteses de silicone para aumentar ou cirurgias drásticas
para reduzir o tamanho dos seios – o que, em alguns casos, ultrapassa o limite
da estética para chegar ao da saúde, pela perturbação à postura e à coluna
vertebral. Em ambos os casos, incorre a mulher em altos custos.
b) SEIOS E
AMAMENTAÇÃO
Contudo, muito
além do combate diário que eles travam contra a inconveniente gravidade, os
seios foram concebidos para a tarefa de amamentar. E, muito embora nem todas as
mulheres cheguem a ser mães e nem todas as mães cheguem a amamentar, para a
grande maioria delas isso ainda segue acontecendo até os dias de hoje.
E amamentar custa caro! Mesmo que só ocorra umas duas
vezes, em média, na vida, obriga a gastos adicionais de que os homens estão
totalmente eximidos, exceto quando, como companheiros e pais solidários, estão
ajudando a arcar com essas despesas.
Temos que admitir que, lamentavelmente, isso nem
sempre irá acontecer.
Tudo começa com os cuidados preliminares, durante a
gestação, quando os seios começam a crescer desmesuradamente e passam a exigir
sutiãs progressivamente maiores. Seguem-se os sutiãs especiais para amamentação
– dos mais variados estilos, materiais e modelos, mas normalmente mais caros
que os convencionais: taça cem, reforçado, com bojo, em lingerie, modelador, em
algodão, estampado, com fecho click, transpassado, com renda, nadador... todos
para serem usados e esquecidos um dia.
Se os mamilos forem planos ou invertidos, toca
comprar com-chas de plástico e gel de massagem, para tentar dar uma conformação
mais anatômica ao bico do seio, na fase final da gestação. Há modelos de
conchas usadas para recolher o leite que vaza de um seio, enquanto o bebê mama
no outro.
Para recolher o
leite que vaza espontaneamente entre as mama-das, usa-se absorventes para
seios, colocados dentro do sutiãzão, permitindo que este e as roupas acima dele
fiquem secas e sem manchas entre as mamadas. Para muitas mulheres, não para
todas, esse absorvente precisa ser usado desde muito antes do parto, porque o
colostro pode vazar espontaneamente desde o quinto mês de gravidez.
c) SEIOS E
DORES
Também há que considerar o importante cuidado com os
sensíveis mamilos, solicitados de forma às vezes até um tanto brutal e dolorosa
pelo bebê faminto e ávido por leite. Quando ele dá suas célebres mordidas,
agradece a mãe que ele ainda não tenha dentes.
Podem ocorrer rachaduras nos mamilos. Para tratá-las,
consome-se pomadas especiais, à base de lanolina ou
similares, para ajudar na cicatrização dessas dolorosas fissuras.
Já o empedramento das glândulas mamárias pode exigir,
além da clássica compressa de água fria, para tentar aliviar um pouco a dor,
cuidados médicos especializados. E, naturalmente, corrigir a ‘pegada’ do bebê.
São muitas as dores extra-parto...
d) DORES E
MAIS DORES
Os homens – e as mulheres que nunca pariram – tendem
a considerar somente a mais do que justamente famosa dor do parto. De fato,
esta pode ser excruciante. Mas ela é de curta
duração. Pelo geral, restringe-se a algumas difíceis horas de sofrimento brutal.
Mas há as dores – e desconfortos – pré-parto (enjoos, vômitos, fomes, desejos,
aumento de peso real, coluna vertebral, seios crescendo, hemorroidas, inchaço,
estrias) e as diversas dores pós-parto (pontos no períneo ou pontos de cesárea,
seios empedrados, mamilos rachados, coluna vertebral ainda, hemorroidas ainda).
Essas dores, mais difusas, porém de forma alguma
facilmente suportáveis, duram muitos meses; e há também as dores nos braços, braços de mães que vão carregar
bebês cada vez maiores e mais pesados por muitos e muitos anos. Os pais fortões,
bíceps definidos da malhação ou da profissão, pegam o neném e o carregam como
se ele fosse uma pluma. Dez minutos depois eles disfarçam e sentam, passam o
fardo gorducho e pesado para o colo: os braços estão doendo demais! Já a mãe,
por um lado treinada no dia-a-dia, por outro lado estoica perante qualquer dor,
carrega-o horas inteiras ao longo do dia, nos braços incansáveis.
Em outras culturas, as mães carregam os filhos
pequenos nas costas, em estranhas bolsas marsupiais em forma de pano ou cesto.
Pelo geral, para poderem ter as duas mãos livres para cumprirem suas tarefas
inadiáveis e a cabeça disponível para carregar cargas pesadas. Claro, isso não
é considerado tarefa de macho!
CONTINUA
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