domingo, 9 de setembro de 2012


SAMANTHA FAZ VINTE ANOS  
MILTON  MACIEL 

Setembro, oito –  ela faz vinte anos!
Vejamos, no seu mapa, quais seus planos:
Sol, Mercúrio e Júpiter em conjunção,
Juntos ao Meio Céu: promissora carreira.
Sobre o Ascendente, Palas, a guerreira
Da técnica, da palavra e da opinião.

Vênus em Libra, atestado de beleza,
Trigono à Lua, a indicar delicadeza;
E a Saturno, também, para firmeza.
De Urano e Netuno as quadraturas
À mesma Vênus acrescem energia
De artes, de romances, de ternuras,
E criatividade e intuição no dia-a-dia.

Subconsciente e superego uranianos,
Mais do que unidos, estreita conjunção.
Estabilidade, com Urano em Capricórnio,
Saturno em Aquário – mútua recepção.

Isto é parte do mapa da menina-maravilha
Que Deus houve por bem mandar à Terra
Para que eu, feliz, a recebesse como filha,
Com as promessas que este mapa encerra.

Uma moça gentil, que a todos nos encanta,
E que tem o belo nome de Samantha.

(Pra findar, fique bem claro e perfeito:
Nada disso é causado por planetas
Que não têm relação de causa e efeito
Com o que a nós ocorre aqui na Terra.
Mas que, simbólicos, são, na realidade,
Indicadores de Sincronicidade)

sábado, 8 de setembro de 2012


FIM DE SONHO  
MILTON MACIEL


No lento obliterar dos velhos sonhos
Extinto o que de bom já houve neles,
O vê-los fenecer não mais assusta,
Mutados que já são em coisa reles.
Eis que é o seu findar a coisa justa,
A vestir a alegria em sons tristonhos.

Por que mirar com olhos de futuro
Se é o próprio fim que surge do marasmo?
Ausente um só resquício de entusiasmo,
Oculta-se a esperança em vil mansarda:
E é o próprio final que não mais tarda,
Nada além do que o mesmo o fardo duro.

(E, se a lira do infausto a tanto ousa,
Convem dedicá-lo a Cruz e Souza!)

FINAL COMPANHEIRA  
MILTON MACIEL

O velho gaúcho, na noite voltando,
ao tranco sereno do seu animal,
à Lua confia lembranças de quando,
piazito, corria que nem um bagual.
De volta pro rancho, tristeza levando
como companheira... solito nomás.

Do moço valente não resta mais nada.
Do guapo vaqueiro nem é bom lembrar.
Namoros, peleias, carreiras, tropeadas,
são coisas que o tempo só fez carregar.
O rumo prá frente é fria invernada,
Velhice, sem volta, reponta de trás.

Quem diz que essa mão, que mal segura a rédea
Empunhou laço e espada e lança e punhal.
Deu tapa e carinho, deu gozo e tragédia,
fez vida, fez morte, fez bem e fez mal.
E olhando prá tudo, tirando uma média,
sobrou quase nada, memória fugaz...

E triste e sozinho o velho troteia,
levando consigo a certeza final:
Que a morte, que é certa, por ali vagueia,
final companheira, derradeira e leal.
Quem sabe trazendo, como a Lua cheia,
igual sensação de descanso e de paz

terça-feira, 4 de setembro de 2012


NEGRA VELHA  
MILTON  MACIEL

Paro a lida pra te olhar, negra velha amiga,
Ver como avanças pouco, no teu passo lento,
Despacito nomás, a mão tateando ao vento.
Hay névoa nos teus olhos e muita mágoa antiga.

Teu peito encarquilhado que pra frente se curva,
Esconde a vida que ele deu pra tanta gurizada...
Pois quanto piá amamentaste nesses seios então fartos,
Filhos de brancas sem leite de quem fizeste os partos!
Mas que hoje te esqueceram na tua pobreza turva,
Porque, que nem vaca, envelheceste e foste abandonada.

Quantos homens de importância trouxeste tu ao mundo
E quantos deles só viveram pelo leite no teu peito?
Quanto piazito faminto foi no teu seio escuro aceito,
Porque ali dentro batia um coração de amor profundo!

Mas hoje chego aqui e te descubro nessa baita solidão:
Tua velhice desamparada e trôpega, cheia de tristeza.
Essa vista turva, esse abandono cruel, essa pobreza...
E de todos os que por ti passaram, nenhuma gratidão!

Vem, negra velha amiga, vem comigo, apóia no meu braço,
Não mamei do teu leite, mas conheço uma a quem salvaste:
Uma que hoje é a mulher da minha vida e a quem amamentaste.
Vem comigo, nobre negra, tu vais viver conosco, dá um abraço! 

AMOR, TÍMIDO TEMOR  
MILTON  MACIEL 

No ocaso triste que a tarde cala,
Na Lua Branca que à noite fala,
No velo cinza que sobe ao chão,

Pressinto, tênue, teu vulto breve,
Suponho, suave, teu passo leve,
Respiro, tenso, minha paixão.

Se chegas mesmo, me tremo todo;
Se falas algo, me faço mudo;
A voz não sai, de nenhum modo.

Tento dizer... e esqueço tudo.
Silente quedo, quando a teu lado.
Te perco: cumpro meu triste fado.

(1º, Lugar: Prêmio Nacional NOVA LITERATURA, São Paulo, 2010)

domingo, 2 de setembro de 2012


HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO PERMANENTE JÁ!  
MILTON  MACIEL  

Nesta época estamos nos deliciando, totalmente de graça, com o espetáculo burlesco proporcionado pelos programas diários do Horário Eleitoral Gratuito na TV. Ora, em minha opinião, essa delícia não pode acabar horas antes das eleições. O Horário Eleitoral Gratuito brasileiro não pode existir só em época de eleição. Deve ser obrigatório o ANO INTEIRO e TODOS OS ANOS, não só em ano eleitoral. As vantagens são tantas que chega a cansar enumerá-las todas. Senão, vejamos:

É, de longe, o MELHOR PROGRAMA HUMORÍSTICO da TV brasileira. Afinal, onde se pode encontrar, reunidos num só horário:

- Tanta cara engraçada
- Tanta cara feia
- Tanto cara-de-pau
- Tanta figura esquisita
- Tanto fariseu
- Tanto mentiroso
- Tanta promessa vazia
- Tanta falsidade
- Tanto corrupto
- Tanto 171
- Tanto ladrão consagrado
- Tanto ladrão camuflado
- Tanto aspirante a ladrão
- Tanta gente procurando uma boquinha
- Tanto analfabeto funcional
- Tanta gente que fala tudo errado
- Tanta gente nervosa, encagaçada pra falar
- Tanto palhaço e palhaça
- Tanto botox e peruca

E tem mais:

O programa trabalha com a realidade, não com a fantasia. É um autêntico Reality Show: diferente das novelas, aqui QUEM GANHA NO FIM SÃO SEMPRE OS BANDIDOS.

Tem milhares de atores e atrizes amadores. Assim como tem centenas de profissionais (da farsa) – os candidatos a reeleição, E todos eles, amadores e profissionais, não cobram nada para nos fazer mijar de rir todos os dias.

E mais ainda: é um programa extremamente democrático: do povão candidato para o povão eleitor. Não tem empresas patrocinadores ostensivas e não pode ser revendido para o exterior, não deixando nem Globo nem Macedo encherem o rabo de ganhar (mais) dinheiro. Porque uma grana legal eles faturam de qualquer jeito, já que o governo paga pelos minutos "gratuitos" às emissoras na forma de centenas de milhões de reais em compensações fiscais. Ou seja, NÓS, os otários, já estamos pagando por isso, então temos o direito de usufruir.

Por isso eu proponho: Horário Eleitoral Gratuito PERMANENTE – 365 dias por ano – JÁ!

Devemos lutar para que o grande humorístico brasileiro seja exibido todos os dias no horário hoje consagrado à novela das nove. Assim os cadidatos terão não só dois meses, mas, sim, dois ANOS para se tornarem conhecidos.

Como extensão automática, o programa radiofônico obrigatório diário  A VOZ DO BRASIL passa a ser substituído pelo novo programa AVÓS DO BRASIL, dedicado exclusivamente à terceira idade e às relações avó/avô/netinhos, o que o tornará extremamente mais dinâmico, apimentado e imensamente mais útil.


sábado, 1 de setembro de 2012

BEM-VINDOS A SETEMBRO
MILTON MACIEL

Bem-vinda a Setembro, pessoa.
Que viva você uma fase bem boa,
Que a amiga demonstre uma força de leoa,
Que tenha o amigo a de um Rocky Balboa.
Que a vida ande em paz, como uma canoa
Que avança com calma por mansa lagoa,
Sem nunca ter chuva, nem mesmo garoa,
Só tempo do bom, a cortar com sua proa.

Que lhe seja a saúde gentil anfitrioa
Que a sorte lhe trate qual boa patroa.
E, enquanto esse mês tranqüilo se escoa,
Seja real seu triunfo, de cetro e coroa.
Bem-vindo a Setembro, pessoa.