ENTENDENDO COVID-19: SANTA CATARINA x SÃO PAULO
MILTON MACIEL
É mais do que evidente que quanto
maior é a população de um lugar e quanto maior a sua densidade demográfica,
maior a facilidade para a propagação de moléstias infectocontagiosas.
Estabeleço aqui uma elementar
comparação entre as condições de Santa Catarina e São Paulo, para que as
pessoas entendam como o fato de a população catarinense ser pequena e esparsa
beneficia muito Santa Catarina em termos de COVID-19.
Para sua grande sorte nesta hora
crucial, Santa Catarina não tem nenhuma metrópole grande. Sua maior cidade, Joinville,
é apenas uma cidade média, com 600 mil habitantes, população igual à do bairro
paulistano Grajaú. A capital, Florianópolis, com 500 mil habitantes, só tem
população maior que as capitais Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Vitória (ES) e
Palmas (TO). Joinville supera, além dessas cinco, só as capitais Porto Velho
(RO) e Macapá (AP).
E na hora da COVID-19 isso conta
muita a favor, assim como conta muito a melhor renda per capita e a melhor
estrutura de serviços médicos da Região Sul. Nesta, Santa Catarina tem a pior
posição em número de mortes por milhão de habitantes, atrás de Paraná e Rio
Grande do Sul.
As situações mais dramáticas
neste momento são vividas pelas megalópoles das Regiões Metropolitanas de São
Paulo e do Rio de Janeiro. E por regiões densamente povoadas, como a Grande Manaus
(2,4 milhões de habitantes), a Grande Belém (2,1 milhões), Grande Recife (1,9
milhões) e Grande Fortaleza (4,0 milhões). Estas são Regiões Metropolitanas com
estoques de estrutura de serviços de saúde escassos para enfrentar uma moléstia
de propagação tão explosiva.
São Paulo, capital, tem, numa
área de apenas 1 500 km2,12 milhões de habitantes, uma população
maior que a de todo o estado do Paraná, que tem 200 000 km2 de área.
Uma enorme densidade demográfica, com favelas intersticiais e periferias de
baixa renda e más condições sanitárias.
Assim, desde que em Santa
Catarina se tomem todos os cuidados – ainda mais em Florianópolis – para evitar
facilitar a transmissão, uma fase de relaxamento da quarentena pode ser conduzida
tecnicamente. O maior problema para isso é a evidente subnotificação pela
exígua aplicação de testes específicos até agora – e no horizonte imediato;
testes sem os quais não há segurança no processo de liberação, ficando sempre
um risco elevado de ter que voltar a quarentenar algumas localidades, enfrentando
novas mortes e novos entraves econômicos.
Basta observar a figura para ver
que São Paulo, Rio e as outras regiões metropolitanas citadas acima não poderão
fazer a mesma coisa tão cedo.
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