quarta-feira, 22 de abril de 2020

ENTENDENDO COVID-19: SANTA CATARINA x SÃO PAULO
MILTON MACIEL


É mais do que evidente que quanto maior é a população de um lugar e quanto maior a sua densidade demográfica, maior a facilidade para a propagação de moléstias infectocontagiosas.  
Estabeleço aqui uma elementar comparação entre as condições de Santa Catarina e São Paulo, para que as pessoas entendam como o fato de a população catarinense ser pequena e esparsa beneficia muito Santa Catarina em termos de COVID-19.
Para sua grande sorte nesta hora crucial, Santa Catarina não tem nenhuma metrópole grande. Sua maior cidade, Joinville, é apenas uma cidade média, com 600 mil habitantes, população igual à do bairro paulistano Grajaú. A capital, Florianópolis, com 500 mil habitantes, só tem população maior que as capitais Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Vitória (ES) e Palmas (TO). Joinville supera, além dessas cinco, só as capitais Porto Velho (RO) e Macapá (AP).
E na hora da COVID-19 isso conta muita a favor, assim como conta muito a melhor renda per capita e a melhor estrutura de serviços médicos da Região Sul. Nesta, Santa Catarina tem a pior posição em número de mortes por milhão de habitantes, atrás de Paraná e Rio Grande do Sul.
As situações mais dramáticas neste momento são vividas pelas megalópoles das Regiões Metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. E por regiões densamente povoadas, como a Grande Manaus (2,4 milhões de habitantes), a Grande Belém (2,1 milhões), Grande Recife (1,9 milhões) e Grande Fortaleza (4,0 milhões). Estas são Regiões Metropolitanas com estoques de estrutura de serviços de saúde escassos para enfrentar uma moléstia de propagação tão explosiva.
São Paulo, capital, tem, numa área de apenas 1 500 km2,12 milhões de habitantes, uma população maior que a de todo o estado do Paraná, que tem 200 000 km2 de área. Uma enorme densidade demográfica, com favelas intersticiais e periferias de baixa renda e más condições sanitárias.
Assim, desde que em Santa Catarina se tomem todos os cuidados – ainda mais em Florianópolis – para evitar facilitar a transmissão, uma fase de relaxamento da quarentena pode ser conduzida tecnicamente. O maior problema para isso é a evidente subnotificação pela exígua aplicação de testes específicos até agora – e no horizonte imediato; testes sem os quais não há segurança no processo de liberação, ficando sempre um risco elevado de ter que voltar a quarentenar algumas localidades, enfrentando novas mortes e novos entraves econômicos.
Basta observar a figura para ver que São Paulo, Rio e as outras regiões metropolitanas citadas acima não poderão fazer a mesma coisa tão cedo.
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