segunda-feira, 27 de abril de 2020


COVID-19: UMA COMPARAÇÃO ENTRE BRASIL E RÚSSIA EM 27/04
MILTON MACIEL

Escolhi a Rússia por ter uma população só 30% menor que a do Brasil. E por terem os dois países apresentado o primeiro óbito no mesmo dia - 17 de março.

  Esta comparação serve para comprovar duas coisas:

1) QUE O CALOR SOZINHO NÃO PROTEGE NINGUÉM
A propagação começou no inverno russo e no verão brasileiro. E, aqui, é menor no Sul mais frio do que no Norte/Nordeste mais quente.

2) QUE O BRASIL TEM UMA ENORME SUBNOTIFICAÇÃO POR FALTA DE TESTES
O número de casos aqui é muitíssimo maior do que o relatado diariamente. Só isso pode justificar tanta letalidade no Brasil.

Embora não apareça nas estatísticas oficiais brasileiras, O número de casos é muito maior no Brasil do que na Rússia. É por isso que a letalidade parece tão mais alta aqui. Se trabalhássemos com números reais, mais altos, para os casos confirmados, ela seria menor e mais próxima à da Rússia.

TESTES SALVAM VIDAS

POR OUTRO LADO, a assistência médica russa não é assim tão superior à brasileira a ponto de conseguir salvar muito mais pacientes depois que eles são internados em UTIs, pois são seguidos os mesmos protocolos, com os mesmos tipos de equipamentos.

O que acontece é que, como na Alemanha e na Coreia do Sul, um grande número de testes permite separar e direcionar ou o isolamento ou o tratamento hospitalar de pacientes em fase ainda pré-crítica, o que controla a transmissibilidade e dá maior eficiência ao tratamento hospitalar. É ISSO O QUE SALVA MAIS VIDAS!

A Rússia faz mais TESTES POR MILHÃO DE HABITANTES do que os próprios Estados Unidos:

RÚSSIA – 21 000   EUA – 17 000   ALEMANHA – 25 000   BRASIL – 1 400 !!!!

LETALIDADE = Número de mortes dividido por número de casos confirmados:

RÚSSIA: 1BRASIL: 7 EUA: 6

MORTES POR MILHÃO DE HABITANTES:

RÚSSIA: 5 – BRASIL: 20 –  EUA: 170




sexta-feira, 24 de abril de 2020


PANDEMIA NÃO PASSA COM O PICO. ELA CONTINUA.  
MILTON MACIEL

Uma pandemia não ACABA quando a transmissão chega ao PICO. Ela apenas atinge o máximo. Daí em diante a curva começa a declinar MAIS LENTAMENTE do que subiu. É um fenômeno chamado HISTERESE epidemiológica, que se dá quando o sistema reage e muda seu comportamento face ao infectante.

Como aconteceu em 2009, com a pandemia de influenza H1N1 (gripe suína) e acontece em 2020 com a atual de Covid-19, com o uso de máscaras, higienização de mãos e roupas, fechamento dos negócios, transporte público e isolamento da população, a curva de contaminação sobe mais lentamente no início, o chamado achatamento, quando comparada a uma distribuição normal – com a diferença que, neste caso, o pico pode ser atingido com um número dezenas de vezes maior de casos.

   Uma vez atingido o pico, contudo, com a progressiva liberação do confinamento e maior exposição das pessoas, a curva de contágio não declina tão rapidamente como subiu, retardando a volta à plena normalidade.

Se a liberação não for conduzida tecnicamente, baseada em testes rigorosos suficientes, a curva prolonga-se ainda mais, podendo acontecer novos picos de reinfestação, o que pode forçar novos episódios de distanciamento social.



quarta-feira, 22 de abril de 2020

ENTENDENDO COVID-19: SANTA CATARINA x SÃO PAULO
MILTON MACIEL


É mais do que evidente que quanto maior é a população de um lugar e quanto maior a sua densidade demográfica, maior a facilidade para a propagação de moléstias infectocontagiosas.  
Estabeleço aqui uma elementar comparação entre as condições de Santa Catarina e São Paulo, para que as pessoas entendam como o fato de a população catarinense ser pequena e esparsa beneficia muito Santa Catarina em termos de COVID-19.
Para sua grande sorte nesta hora crucial, Santa Catarina não tem nenhuma metrópole grande. Sua maior cidade, Joinville, é apenas uma cidade média, com 600 mil habitantes, população igual à do bairro paulistano Grajaú. A capital, Florianópolis, com 500 mil habitantes, só tem população maior que as capitais Rio Branco (AC), Boa Vista (RR), Vitória (ES) e Palmas (TO). Joinville supera, além dessas cinco, só as capitais Porto Velho (RO) e Macapá (AP).
E na hora da COVID-19 isso conta muita a favor, assim como conta muito a melhor renda per capita e a melhor estrutura de serviços médicos da Região Sul. Nesta, Santa Catarina tem a pior posição em número de mortes por milhão de habitantes, atrás de Paraná e Rio Grande do Sul.
As situações mais dramáticas neste momento são vividas pelas megalópoles das Regiões Metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. E por regiões densamente povoadas, como a Grande Manaus (2,4 milhões de habitantes), a Grande Belém (2,1 milhões), Grande Recife (1,9 milhões) e Grande Fortaleza (4,0 milhões). Estas são Regiões Metropolitanas com estoques de estrutura de serviços de saúde escassos para enfrentar uma moléstia de propagação tão explosiva.
São Paulo, capital, tem, numa área de apenas 1 500 km2,12 milhões de habitantes, uma população maior que a de todo o estado do Paraná, que tem 200 000 km2 de área. Uma enorme densidade demográfica, com favelas intersticiais e periferias de baixa renda e más condições sanitárias.
Assim, desde que em Santa Catarina se tomem todos os cuidados – ainda mais em Florianópolis – para evitar facilitar a transmissão, uma fase de relaxamento da quarentena pode ser conduzida tecnicamente. O maior problema para isso é a evidente subnotificação pela exígua aplicação de testes específicos até agora – e no horizonte imediato; testes sem os quais não há segurança no processo de liberação, ficando sempre um risco elevado de ter que voltar a quarentenar algumas localidades, enfrentando novas mortes e novos entraves econômicos.
Basta observar a figura para ver que São Paulo, Rio e as outras regiões metropolitanas citadas acima não poderão fazer a mesma coisa tão cedo.
https://www.linkedin.com/pulse/entendendo-covid-19-santa-catarina-x-s%C3%A3o-paulo-milton-milton-maciel/?published=t

domingo, 19 de abril de 2020


Número de mortes por COVID-19 em função do número de dias 
após o primeiro óbito.
DATA BASE: 17/04
quando o Brasil atingiu 30 dias após a primeira morte.
MILTON MACIEL 


sábado, 18 de abril de 2020

SANTA CATARINA É O PIOR ESTADO DO SUL EM TERMOS DE COVID-19.
TEM O MAIOR NÚMERO DE MORTES POR MILHÃO DE HABITANTES.
Está pior ainda do que Bahia e Minas Gerais, Minas, com o trIplo da população de Santa Catarina tem somente 35 mortes, com um ídice de 1,7 m/milhão - contra 4,2 de S. Catarina.
Dados do dia 17 de abril de 2020
MILTON MACIEL

sexta-feira, 10 de abril de 2020

O TELEGRAMA  
MILTON MACIEL    (Miniconto)

Os netinhos chegaram, com os pais, na casa do avô, em Andradina, vindos de São Paulo. Conversa vai, conversa vem, Vô Malaquias disse para o neto Carlinhos, de 10 anos:

– Sabe menino, eu preciso ir até o correio, mas as minhas pernas hoje estão muito mal do reumatismo. Será que você podia ir para mim? É bem pertinho, ali na praça, não dá nem oito quadras.

 O neto parou um momento de mexer no celular e perguntou:

– Pra mandar uma carta, vô?

– Não menino, carta é coisa do passado. Demora demais. Seu avô é um homem moderno. É pra mandar um telegrama.

– Um o quê?! Telegrama? O que é isso, vô?

– Ora, mas como? Não me diga que você não sabe o que é um telegrama, menino.

– Nunca ouvi falar dessa coisa, vô.

– Mas que absurdo! O que vocês aprendem na escola hoje em dia? Ora, um telegrama é uma mensagem que é passada através do telégrafo, pelo telegrafista. Ele bate no aparelho dele, o manipulador, e a mensagem chega no mesmo instante lá do outro lado do mundo, onde tem que chegar. Pode ser em Brasília, em Recife, não importa onde. É rapidíssimo. Imagine se o lugar é tão perto como a cidade do seu tio-avô, meu irmão Otaviano, ali em Sertãozinho. Chega o telegrama e no mesmo dia o rapaz do correio entrega na casa da gente.

– Ah, vô, porque o senhor não falou logo. É um e-mail, então.

– Um o que?! Ué, que bicho é esse?

– Ora, vô, uma mensagem instantânea dessas, como o senhor falou. Agora eu entendo. O senhor não tem computador, então quer que eu vá no correio para o homem passar um e-mail de lá. Tudo bem, qual é o endereço de e-mail do tio Otaviano e qual a mensagem?

– O endereço que eu tenho está neste papel, onde eu escrevi a mensagem. Leve lá no correio, que o homem sabe o que fazer.

O menino olhou e viu um endereço de rua e número, sem e-mail. Mas deduziu que, com esses dados, o homem do correio encontrava na hora o endereço de e-mail do Tio Otaviano. A mensagem do avô era pequena e simples:

“Aqui todos saúde pt Quando vc manda dinheiro vg aquele das ovelhas pt  Abraço pt Malaquias”

O menino achou esquisito que o avô, sendo da velha guarda e fazendeiro, fosse do PT. Mas estava repetido três vezes na mensagem. Tinha também o tal de VG, devia ser o partido político do tio Otaviano.

Aí o netinho, muito esperto, quando viu que o avô tinha dado uma nota de vinte reais, resolveu que devia tentar ficar com aquela grana. Era só conseguir o e-mail do tal tio-avô e mandar a mensagem ali mesmo do celular dele. Foi perguntar para a mãe:

– Mãe, você tem o e-mail do seu tio Otaviano, lá de Sertãozinho, irmão do seu pai?

– Ora, Carlinhos, onde se viu seu tio, velho e reacionário daquele jeito, ter computador e e-mail? É claro que ele não tem. Mas eu tenho um e-mail de alguém de lá, já recebi uma mensagem da família de Sertãozinho. Deixa eu ver aqui no meu celular, está arquivada desde o ano passado. Ah, é da sua priminha Ana Luísa, filha do seu tio Aurélio. O Aurélio é filho do tio Otaviano.

– Ela é neta do tio Otaviano, então. Quantos anos ela tem, mãe?

– Acho que tem oito anos agora, filho. Mas o que você quer com o e-mail?

– Preciso mandar uma mensagem que o vô me pediu para mandar. É isso.

Omitiu, convenientemente, que o tratado com o avô seria ir ao correio e pagar para mandar o tal telegrama. A mãe passou-lhe o endereço de e-mail da netinha de tio Otaviano, através de um e-mail do celular dela para o do Carlinhos. O menino exultou: Oba, faturei uma grana! O vô disse que, se sobrasse alguma coisa dos vinte que ele me deu pra pagar o tal telegrama, podia ficar pra mim. Vou ficar com tudo, legal!

E escreveu e mandou o e-mail para sua priminha distante:

Oi, Ana Luísa, aqui é o Carlos Eduardo, neto do Vô Malaquias, irmão do seu Vô Otaviano. O Vô Malaquias precisa que este recado chegue ao irmão dele. Você pode transmitir o recado e me mandar um e-mail com a reposta dele? Obrigado, Carlos Eduardo. Olha a mensagem do vô aí:

“Aqui todos saúde pt Quando vc manda dinheiro vg aquele das ovelhas pt Abraço pt Malaquias”

Menos de quinze minutos depois chegou a resposta da menina: 

Oi, Carlos Eduardo, prazer. Já passei na casa do Vô Otaviano e dei o recado. Aí vai o meu número, me adicione no WhatsApp, da outra vez que precisar, use isso, é mais rápido que o e-mail: 16-9874-5628. O vô me pediu para esperar, que ele passa daqui a pouco aqui em casa, com a resposta para o seu vô. Abraços, sua prima. 

Carlinhos adicionou a priminha na mesma hora. Meia hora depois o menino recebeu, pelo WhatsApp de Ana Luísa, a resposta do avô dela para o avô dele:

Carlos Eduardo, meu avô passou aqui em casa e me disse o seguinte: Pode informar seu primo que eu já mandei a resposta pro Malaquias. Acabo de passar no correio e mandei um telegrama pra ele. Mais umas horinhas e ele recebe em casa o telegrama com a resposta.

Só não entendi porque ele disse, todo feliz, que o tal telegrama (não sei o que é isso, você sabe?) é ligeirinho.
Abraços, sua prima Ana Luísa.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

CORONA VÍRUS NO BRASIL EM 2020? Nada disso! Isto foi em 1919.
MILTON MACIEL - Editor-chefe da Revista ESCREVER para escritores. 40 livros publicados em 4 idiomas. Bi-lingual ghostwriter

Isto aconteceu 101 anos atrás, em 1919, durante a pandemia da GRIPE ESPANHOLA no Brasil. Leia o texto:

 “Os períodos de periculosidade de infecção levaram à imposição de medidas sanitárias: Foram fechadas escolas, estabelecimentos comerciais, cinemas, cabarés, bares; festas populares e partidas esportivas foram proibidas, tudo isso para evitar a aglomeração de pessoas. Pois as atividades que exigiam maior contato interpessoal aumentavam as chances de contaminação. Foram meses em que a vida social limitou-se ao mínimo.” (Wiki)

A pandemia matou mais de 35 mil pessoas no país. Entre elas, o presidente do Brasil, Rodrigues Alves (foto), que foi presidente antes, de 1902 a 1906. Foi reeleito para um segundo termo em 1918. Não chegou a tomar posse, morreu antes disso. Assumiu seu vice, Delfim Moreira.

Revista ESCREVER:  www.revistaescrever.com.br