MILTON MACIEL
Vejo há incontáveis anos as pessoas comemorando o tal Dia
dos Namorados, dando e ganhando presentes. Para mim, no entanto, essa sempre
foi uma data de grande frustração. Explico-me:
Eu nunca tive um namorado. Durante toda minha vida só tive
namoradas, um monte delas, cheguei a casar com duas dessas e acabei tendo cinco
filhos. Mas nunca pude celebrar um Dia das Namoradas, que nunca existiu! Vejam que azar...
Entrava ano, saia ano, e a efeméride era – e ainda é – só o dia
deles, dos namorados. Perdi a conta, foram incontáveis as vezes que eu comprei um
presentinho maneiro pra dar pra minha namorada da ocasião. Uma calcinha de
algodão, uma dúzia de prendedores de roupa, um jogo de chaves de fenda, um time
de futebol de botão, um kinder ovo, uma caixinha de Tampax; tudo coisa útil e
de valor.
Mas não tinha jeito, o diabo do dia continuava sendo só dos
namorados.
Meu primo Fabiano é mais sortudo que eu. Desde garotinho ele
sempre teve os namorados dele, para quem dar – e de quem receber – presentes.
Eu ganhava presentes das minhas namoradas nesses dias, é
verdade. Mas me sentia muito mal por nunca poder retribuir. Lembro que umas
duas ou três terminaram comigo me acusando de ser mão-de-vaca. Confesso que não
entendi até hoje por que.
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