terça-feira, 31 de julho de 2012


Phenomenal Woman  

Maya Angelou  

MARAVILHOSA MAYA! Grande site de poesias em inglês: Poemhunter 

Pretty women wonder where my secret lies.
I'm not cute or built to suit a fashion model's size
But when I start to tell them,
They think I'm telling lies.
I say,
It's in the reach of my arms
The span of my hips,
The stride of my step,
The curl of my lips.
I'm a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That's me.

I walk into a room
Just as cool as you please,
And to a man,
The fellows stand or
Fall down on their knees.
Then they swarm around me,
A hive of honey bees.
I say,
It's the fire in my eyes,
And the flash of my teeth,
The swing in my waist,
And the joy in my feet.
I'm a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That's me.

Men themselves have wondered
What they see in me.
They try so much
But they can't touch
My inner mystery.
When I try to show them
They say they still can't see.
I say,
It's in the arch of my back,
The sun of my smile,
The ride of my breasts,
The grace of my style.
I'm a woman

Phenomenally.
Phenomenal woman,
That's me.

Now you understand
Just why my head's not bowed.
I don't shout or jump about
Or have to talk real loud.
When you see me passing
It ought to make you proud.
I say,
It's in the click of my heels,
The bend of my hair,
the palm of my hand,
The need of my care,
'Cause I'm a woman
Phenomenally.
Phenomenal woman,
That's me. 
Maya Angelou

segunda-feira, 30 de julho de 2012


SUA SAUDADE É IDIOTISMO  
MILTON MACIEL
(Brincadeiras com o idioma português)

Você já se sentiu idiota por ter sentido saudade de uma certa pessoa? Justo daquela?

Pois se isso já lhe aconteceu, saiba que isso pode ter sido uma idiotice de sua parte. Mas nunca um idiotismo SEU.

Mas saudade é, sim, um idiotismo. Sempre. Já idiotice é a qualidade ou atitude de quem é idiota. E idiotismo é uma coisa completamente diferente.

Idiotismo linguístico é uma palavra que não pode ser traduzida literalmente em nenhum outro idioma. É o que em inglês se chama de IDIOM e em espanhol é chamado de MODISMO. Se for uma expressão, será um idiotismo fraseológico. Como, por exemplo, “triste de mim”.

Idiotismos são o inferno dos tradutores. Traduzir a palavra saudade para outros idiomas é terrivelmente difícil.

Em compensação, pegue qualquer das muitas expressões idiomáticas do inglês e tente traduzi-las ao pé da letra para o português. Fica terrível, não é? Por exemplo “a piece of cake” (um pedaço de torta), quer dizer algo muito fácil de fazer. É um idiom, um idiotismo fraseológico do inglês.

E saudade é um idiotismo lingüístico do português. Portanto, você pode sentir saudade à vontade. Será sempre um idiotismo. Agora, se vai ser idiotice sua, bem aí são outros quinhentos. Ah, por favor, faça a gentileza de explicar esses other five hundreds para o tradutor que vai tentar dizer isso de forma compreensível a seus leitores de inglês. 

domingo, 29 de julho de 2012


PARA MEU FILHO – 2o. excerto: AS MULHERES
MILTON  MACIEL
 
Filho, a alma feminina
É trama de tal sutileza,
Que exige delicadeza
No trato do dia-a-dia
(Pois ser grosseiro vicia
e o equilíbrio elimina).

Nas discussões seja firme,
Porém não perca o respeito.
Sempre busque por um jeito
De o seu gênio controlar.
Trate sempre de lembrar:
Pela força não se afirme!

Bater em mulher é crime,
É coisa de homem covarde:
Se impõe, com o maior alarde,
Mas só tem valor no músculo.
Um ser assim é minúsculo,
Selvagem, não se reprime.

Pois lhe digo, com certeza,
Que devemos ter no peito
O mais profundo respeito
Pela alma feminina:
Mãe, avó, bebê, menina,
Trate-as com delicadeza.

Traduza esse seu respeito
Numa atitude gentil.
Não pense que é servil
Quem co’a mulher é cortês,
É polido, da-lhe a vez,
E é um cavalheiro perfeito.

O homem moderno parece
Não ligar mais prá mesuras;
Ele as chama de... frescuras.
Mas a sensível mulher
Sabe as mesuras que quer
E o respeito que merece.

Portanto, filho querido,
Em sua mãe e sua irmã
Reconheça, com afã,
A nobreza da mulher.
Respeite-as quanto puder:
Seja justo e agradecido.

Figura: No 30o. Festival de Dança de Joinville, Ana Botafogo materializa toda a sutil delicadeza, toda a espiritualidade da condição feminina

sábado, 28 de julho de 2012



LOLITA DE ARACAJU,
A Mais Jovem Dona de Bordel do Mundo
MILTON MACIEL

(trecho):  Madame Lammounier, Elza do Crato

   Madame Lammounier foi uma lenda viva em Aracaju. Uma legítima francesa, que chegara no esplendor da forma e da beleza ao Brasil, para fazer a vida em grande estilo. Muitos homens se apaixonaram perdidamente por essa Elise Lammounier, muita peixeira foi puxada em duelos por sua preferência. Mas, acima de tudo, muitos cruzeiros, cruzados, cruzados novos, URVs, reais e dólares haviam corrido das mãos de ricos coronéis, de fortes negociantes, de mal remediados empregados do comércio, para engordar a polpuda conta bancária da belíssima francesa. Até mesmo um grande desfalque foi dado em sua honra, por um desatinado gerente do Banco do Brasil que, descoberto, acabou capando o gato e se escafedendo lá para as bandas do Seridó do Rio Grande do Norte.

   O dinheiro da herança de Jean Jacques, os conselhos da bondosa cafetina de Pituba e a colaboração inestimável de duas velhas quengas aposentadas de Aracaju acabaram dando, bastante cedo, a Elise Lammounier a possibilidade de tornar-se, ela mesma, dona de castelo. Com suas reservas, adquiriu uma casa grande e a reformou, adaptando-a para as necessidades de funcionamento de um castelo de categoria. Depois de um ano apenas, o negócio e os lucros cresceram tanto que Elise comprou uma casa muito maior e a reformou graças um irregularíssimo empréstimo concedido por aquele mal-fadado gerente. Quando o dinheiro do empréstimo revelou-se insuficiente para a decoração requintada da casa, o providencial desfalque veio complementá-lo e, assim, a segunda casa de Madame Lammounier foi inaugurada em grande estilo. Mas, como este mundo é mesmo cheio de injustiças, o pobre gerente não pôde estar presente à grandiosa festa de inauguração, posto que já tivera que correr do banco e da polícia, dedicado a salvar a liberdade na caatinga potiguar.

   O castelo de Madame Lammounier prosperou de imediato e, em pouco tempo, tornou-se referência para toda a região. Até mesmo de Salvador e do Recife afluíam clientes importantes, abastados fazendeiros deixavam suas grotas de cana, de gado ou de cacau e viajavam centenas de quilômetros para poderem desfrutar os múltiplos prazeres do novo jardim das delícias nordestino.

   Mulheres jovens e fantásticas, belas, limpas, sofisticadas, eram importadas por Madame de distantes cidades européias. A estas se somavam sensuais mulatas da capital federal, polacas do Paraná, altas e esguias gaúchas, argentinas e uruguaias que emocionavam no tango, cubanas na rumba. Qualidade e quantidade não se entrechocaram na casa de Elise e, por isso, ela cresceu em nome e influência por toda a região. Ser aceita na casa de Madame Lammounier era uma grande honra para uma mulher que fizesse a vida. Além disso, se tivesse a ventura de receber tal oportunidade, ela estaria com a vida feita: os ganhos eram garantidos, certos, polpudos, constantes, originados sempre de homens ricos ou, no mínimo, de classe média bem alta.

  Gerações e gerações de profissionais e de clientes se sucederam sob a sábia batuta de Elise. Jovens estudantes, que estouravam ali suas gordas mesadas, graduaram-se e se tornaram expoentes em suas respectivas profissões. Tenentes fizeram-se coronéis, um até a general chegou. Todas as correntes políticas fartaram-se nas generosas carnes da casa, de tal forma que, fosse qual fosse a curriola na situação e na oposição, Elise estava sempre por cima, assim com prefeitos, deputados, governadores, senadores.

  A casa se consagrou, Madame Lammounier inscreveu seu nome na história do Nordeste brasileiro. E Elise, a francesa, enriqueceu sempre mais com o passar dos anos. Aliás, este último – o passar dos anos – foi o único problema de Elise: envelheceu. Mas o fez com tal classe e com tal suavidade, que muitos nem sequer perceberam seu lento fenecer. Sempre manteve um rol de apaixonados, mesmo ao ultrapassar a perigosa barreira dos sessenta anos. Alguns de seus clientes mais importantes envelheceram também com ela, porém muito mais gastos e maltratados pelo tempo do que ela: largas barrigas, luzidias carecas, leques de rugas, falhas nos dentes, deficiências de audição. Mas mantiveram a admiração por sua musa, que parecia conservar-se infensa e indiferente ao passar do tempo.

   Também com o pior problema dos clientes envelhecidos, a progressiva impotência, Elise sabia lidar como ninguém. Dava a esses menos afortunados prazeres novos e diferentes, deixava-os felizes e confiantes, sabedores que existia vida além da ereção e que – ainda mais importante – seu embaraçoso segredo estava para sempre guardado a sete chaves com a discretíssima francesa, naqueles heróicos tempos em que ainda não havia o maravilhoso comprimido azul.

   Por tudo isso, sabedoria, técnica, encanto, inteligência e, inegavelmente, talento para os negócios e para a política, Elise mereceu chegar onde chegou, tornando-se uma lenda viva no Nordeste. Teve também sabedoria ao reconhecer a hora de parar, fazendo-o enquanto ainda estava por cima. No mais completo sigilo vendeu seu castelo, com nome, freguesia e fundo de comércio inteiro, à amante paulista de um senador usineiro de Alagoas.

   Na noite final, deu a maior festa de que a cidade tivera notícia até então. Escolheu obviamente o dia do seu aniversário, data das mais importantes do calendário estadual, quando centenas de pessoas importantes compareciam para o beija-mão, em longas noitadas de pacífica convivência entre governo e oposição

   No dia seguinte, Elise Lammounier desapareceu para sempre de Aracaju. Para a cidade deixara a notícia de uma longa viagem à Europa, mais do que merecidas férias. A nova proprietária apresentou-se somente como uma competente gerente, recém-chegada de São Paulo, para dar a Elise a oportunidade de descansar e passear por longos meses. A manobra, obviamente nascida da mente brilhante da francesa, funcionou perfeitamente. A paulista teve tempo de cativar a clientela, entender-se com as moças, introduzir aos poucos suas inovações, assenhorear-se, enfim, do negócio.

   A transição foi suave e lenta; a paulista, também dotada de encantos e classe, foi aos poucos cativando os clientes, impondo a força de sua carne nova e apetitosa ao desejo dos lúbricos coronéis, políticos, militares e negociantes. Hábil estrategista ela também, soube manter o restante dentro do padrão de excelsa qualidade elisiana. Até mesmo a festa de aniversário da francesa foi mantida por longos anos, ainda que a aniversariante estivesse sempre ausente, encantada com sua nova residência européia, de endereço jamais revelado, por mais que o demandassem as mais importantes personalidades locais e de outros estados. Tiveram, enfim, que se conformar: Elise Lammounier retirara-se para sempre dos negócios, gozava agora sua fortuna, em justa e merecida aposentadoria, em algum lugar de sua França querida.

   Na verdade, em algum lugar não revelado do seu querido Cariri, no Ceará. Para ali se retirara Madame Lammounier ao fim de sua longa e próspera vida comercial. Deixara Aracaju na companhia de sua ajudante de confiança, Zezé, seu braço direito, a única que conhecia sua verdadeira identidade: Elza Conceição da Silva, nascida em Crato, criada em Missão Velha, alguns poucos meses como empregada doméstica em Juazeiro do Norte.

E dali retirada pela paixão fulminante e pela generosidade de Jean Jacques Lammounier, fotógrafo suíço em viagem pelo Brasil, que a protegeu, amou e instruiu até que a morte o colhesse tão cedo em Salvador, Bahia.

sexta-feira, 27 de julho de 2012


DESTRO LASTRO
MILTON  MACIEL

Destro lastro,
tosco mastro,
duro engodo.
Tredo lodo,
turvo modo,
mau estorvo.
Negro corvo,
lerdo cervo,
pífia enguia,
Feia cria,
fossa fria,
vil rochedo.
Lasso medo,
torpe credo,
ledo engano.
Sério dano,
triste ano,
vão denodo!...

PRENDA MINHA  
MILTON  MACIEL

Estou de volta, estou de volta, prenda minha
Tive muito o que fazer,
Tive que parar rodeio,
Prenda minha,
Nos campos do bem querer.
E apartar do meu anseio, prenda minha,
O medo de te perder.

Tive que aprender co’a vida,
Prenda minha,
Que a saudade dói demais.
E que minha despedida,
Prenda minha,
Foi orgulho e nada mais.

Tive que voltar, sofrendo,
Prenda minha,
Implorando o teu perdão.
Descobri que venho sendo,
Prenda minha
Prisioneiro da ilusão.

E por isso agora imploro,
Prenda minha,
Que me aceites outra vez.
Fui um tolo, agora choro,
Prenda minha:
Recobrei a lucidez.

É na forma desta trova,
Prenda minha,
Que proclamo esta paixão,
Ela é mais uma prova,
Prenda minha,
Desta minha devoção.

quinta-feira, 26 de julho de 2012


PARA MEU FILHO
MILTON  MACIEL
Pequeno trecho do poema “Para Meu Filho”

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Uma coisa lhe peço, filho:
Não me tome por modelo
De perfeição ou de zelo,
Pois sou apenas humano.
E aqui, neste nosso plano,
Bem discreto foi meu brilho.

Mas, se posso ter orgulho
De certas coisas na vida,
Vivendo esta dura lida,
Não é de não ter errado,
Mas ter errado e acertado.
A outra, é você, meu filho.

De ser seu pai o orgulho
É mais que justificado:
Quer dizer que fui julgado,
Apesar de tudo, à altura
De tão nobre criatura
Recebê-la como filho.

E assim minha vida vai,
Seguindo, dia a pós dia,
No esforço, na porfia:
Tentando me melhorar,
Tratando de merecer
A honra de ser seu pai.