domingo, 9 de março de 2014

sábado, 8 de março de 2014

AURÉLIO NÃO TEM BUCETA (Que só ignorante pensa que é palavrão!)
MILTON  MACIEL
(Como homenagem a todas as mulheres neste 8 de Março, para que todas tenham ORGULHO de ter!)

Que Aurélio não tenha buceta pode parecer óbvio, pensarão muitos, por tratar-se, evidentemente de um homem. Mas não é a qualquer Aurélio que quero me referir aqui. É ao Buarque de Hollanda, o Pai dos Burros, o DICIONÁRIO Aurélio. Esse Aurélio não tem  buceta porque a grafia correta, em idioma português, é bOceta – com O.

Nós é que temos o costume de, ao falarmos, trocar muitas vezes o o pelo u, mormente se o coitado do o é a última letra: ensino vira ensinu, caderno vira cadernu, e assim por diante. Da mesma forma, bochecha vira buchecha, boceta vira buceta e por aí vai. Logar virou oficialmente lugar, inclusive. Com o tempo, o mesmo vai acontecer com a dita cuja.

Então fica comprovada minha primeira afirmação: Aurélio não tem buceta!

Vamos agora à segunda: Buceta não é palavrão; Aliás, também não é nome feio. Senão, vejamos:

Para mim palavrão e anticonstitucionalissimamente, é oftalmotorrinolaringologista ou, pior ainda, a maior de todas as palavras registradas em dicionário de português (Houaiss) até hoje, a maior palavra de nosso idioma, um termo técnico com 46 letras, que descreve o portador de um tipo de silicose: 

pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico.

Pois o pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é um coitado que desenvolveu uma silicose por inalar repetidamente fumaça com cinzas de vulcão. Vai ver cansou de cheirar pó, não fazia mais efeito.

Ora, convenhamos que pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico é mesmo um palavrão! Lembra até um daqueles enormes vocábulos que, em todo o planeta Terra, só podem existir em idioma alemão – vocábulos que, para serem pronunciados até o fim, exigem que o pobre mortal tenha que parar para tomar fôlego pelo menos umas quatro vezes, se não quiser cair duro, roxo, cianótico ou, quiçá, até mesmo para-vulcanoconiótico.

Boceta é palavrinha, é pequena e é delicada, com 6 letrinhas, não tem a nada a ver com o gigantismo de um oftalmotorrinolaringologista, de pantagruélicas 28 letras, um inegável, um ineludível palavrão.

Por outro lado, o machismo dominante de nossa cultura pespegou-nos a peça de que boceta é nome feio. Discordo. Para mim nome feio é Valdicrêisson, Anderssocreitão, Um-Dois-Três-de-Oliveira-Quatro, Hermenengarda Filisbinda, até mesmo o inocente nissei T. Oku Kaganawara, que, aliás, fazendo-nos lembrar como tudo é relativo, é um nome lindo lá no Japão.

Já boceta é linda.  Tanto como inocente palavra, não afetada pelos machismos e falsos-moralismos da cultura hipócrita, quanto na sua estética exterior da parte física feminina, mormente quando envolvida por seus naturais pelos, capazes de esconder eventuais excessos. Aí ela é o Delta de Vênus e seu inconfundível formato de escuro triângulo tem inspirado os artistas pelos séculos sem fim.

Ora, é fundamento da Filosofia, na Estética, que “belo é aquilo que se deseja”. Pois se mais de 3 em cada 4 homens e mais de 1 em cada 4 mulheres passam a vida inteira atrás de um (ou vários!) Deltas de Vênus, como conceber que ele não seja lindo, se é assim tão desejado?

Boceta etimologicamente parece provir de bouceta, uma pequena bolsa ou caixa. Ou seja, é uma bolsinha. Em Portugal ainda é comum que se use a expressão Caixa de Pandora e, mais raramente, Boceta de Pandora, para designar o recipiente do qual Pandora deixou escapar todos os males que afligem a humanidade.

O mito grego de Pandora tem paralelo no de Eva e a Serpente, de origem sumeriana. Em ambos o mesmo nojento machismo dos religiosos da Antiguidade (em nada diferente do dos nojentos fanáticos religiosos de hoje) dá um jeito de colocar a culpa na mulher por todos os males humanos.

Quando Zeus (Júpiter, para os usurpadores romanos) empreendeu sua longa guerra contra seu pai Kronos (Saturno, para os romanos usurpadores), todos os Titãs, da mesma estirpe de Kronos, aliaram-se a ele. Com exceção de um só: o Titã Prometeu. Ele preferiu trair sua estirpe e manter-se aliado de Zeus, porque tinha o dom da profecia, sabia ver o futuro. E, nesse futuro, ele viu Zeus vencedor.

Quando isso de fato se concretizou, Zeus resolveu recompensar o aliado, dizendo-lhe para pedir o que bem entendesse. Ora, Prometeu o que fez, pegando o novel chefe dos deuses olímpicos pela palavra, foi pedir a Zeus que livrasse de punição a seu irmão Titã, Epimeteu. Zeus havia condenado todos os Titãs, exceto Kronos e Rea, seus pais, e Prometeu, ao banimento para o Tártaro, nas entranhas da Terra (Gaia). Apanhado pela palavra, Zeus ficou furioso, pois queria de toda forma se vingar de Epimeteu.

Contudo, já que era forçado a perdoá-lo, arranjou outra forma de puni-lo. A forma foi ardilosa e... belíssima. Pois foi então criada uma mulher “artificial’ (o mito não é muito claro quanto a este artificialismo, posto que Pandora era uma perfeita mulher, uma obra prima de Hefesto). Essa mulher, de incrível beleza, foi oferecida por Zeus a Epimeteu como esposa, como prova de que não havia mais ressentimentos.

Só que Pandora chegou trazendo consigo uma boceta (é a outra!). Essa boceta de Pandora era um misterioso repositório, dentro do qual havia algo guardado que NUNCA poderia ser revelado. Ou seja, Pandora JAMAIS poderia abrir a boceta (é a outra!). O mito aproveita para aludir à proverbial curiosidade humana, é claro que a travestindo de curiosidade feminina. E o que acontece é que Pandora não resiste e, um dia, bem escondida, ela abre uma pontinha de sua boceta.

E aí acontece a desgraça, tal qual planejada por Zeus: de dentro da bolsa, (ou caixinha, ou vaso, conforme a versão) saem todos os males que vão afligir a humanidade: a intemperança, a ambição, a cobiça, os ciúmes, a velhice e a doença. Pandora fecha a boceta rapidamente e lá ainda fica a Esperança: a última que sai, por isso a última que morre.

Ou seja, deram um jeito de botar todas as culpas numa boceta (em duas, para sermos mais exatos) pelos males dos homens. Da mesma forma culparam a coitada da Eva de ser uma tapada, que é enganada pela Serpente (Lilith), cedendo – também por causa da curiosidade. Aí ela tentou o homem e o desgraçou, resultando daí a expulsão do Paraíso. Ou seja, a boceta é culpado pelos males dos paus!

Ah, sim podemos dizer pau, sem problemas. Afinal, isso é coisa de homem, é coisa de macho. Não é palavrão! Começa que tem só 3 letras. Depois, pau é pau; é pedaço de madeira, antes de mais nada. Nem pode ser arrolado como nome feio, veja só!

Então o establishment machista fixou a coisa assim: pau pode, boceta não pode. Pau não é nome feio, boceta é nome feio. Pau não é palavrão, boceta é palavrão. E o pior é que fizeram as mulheres acreditar nisso! Ou seja, os cretinos machistas, que foram os que impuseram isso, vivem correndo atrás delas, quando não vai por bem vai por mal, e elas têm que acreditar que a coisa é feia, que é palavrão, que é inferior. Pois o Freud não inventou até a tal da inveja do pau, veja se pode! E as histéricas, lembram? Hister = útero. Psicologia machista, um portento do início do século passado. Que depois evoluiu, é justo reconhecer.

Então está na hora de encerrar este texto. O Aurélio não tem, mas ainda vai ter, a língua evolui. Não é palavrão, nem é nome feio. Na verdade, é Delta de Vênus, tem a beleza do desejado, fora a beleza anatômica em si. Então que as mulheres tenham orgulho de suas bocetas e parem de falar aquilo alilá em baixoxana, xoxota, periquita, pixirica e outros substitutivos que são, de um modo geral, palavras menos bonitas e soam mais como desculpas por serem portadoras de uma.

E não precisa falar vulva. É um nome mais sem graça ainda. Boceta tem vulva e vagina, é completa e é digna. E é bonita, como uma criação perfeita de Deus que é. Chega de hipocrisia! Fim de papo!
OIGA, AMIGO, ESCÚCHEME (es el marzo ocho, te acordas?)
MILTON MACIEL

¿Verdad que entiendes lo difícil que es ser mujer en un mundo todavía dominado por el macho primitivo?

¿Verdad, mismo? Hablo contigo, hombre como yo.

Si es verdad que ya entiendes que la falta de respeto, la discriminación, los abusos y asedios, incluso las violencias físicas y sexuales, hacen parte del universo de miedos constantes de ellas desde chiquitas, te pregunto ahora:

¿Que haces tu para impedir que LOS HOMBRES continúen a imponer esas terribles reglas no declaradas a tu madre, a tu hermana, a tu amiga, a tu esposa, a tu hija, a tu nieta a tu maestra, a tus colegas, a tus alumnas – es decir, a TODAS las mujeres a tu rededor? ¿Si tienes conciencia de que esto existe, que haces tu?

¿Nada?

¿O será que eres todavía uno de los que no tienen tal conciencia en absoluto? Porque, en este caso, tu eres más uno que no respeta, que asedia, que habla tonterías, que golpea con palabras o, quizás, con cobardes agresiones.

¡Si haces eso, eres un criminal y tu lugar es en la cárcel! Donde los otros hombre NO te respetarán…

Pero si ya eres un hombre consciente, si ya sabes el valor de un ser humano, mujer o hombre; y si ya logras saber lo cuanto, lo mucho que vale una mujer, entonces te digo: únete a nosotros y ayúdanos a combatir la violencia y la discriminación contra las mujeres. Es de tu directo interés construir un mundo mas equilibrado y mas justo para tu amada y para tu familia. Y, no lo olvides, tu gran familia se llama HUMANIDAD. 

No, no es solo una cosa de Día Internacional de la Mujer, no es solo una cosa que se escribe bonito un día por año. Si no que es una cosa que se debe hacer todos los días del año, sin que sea necesario escribir poemas o regalar flores. Mejor que escribas las palabras bellas y que regales las flores un otro día, no en este 8 de marzo, puede parecer artificial; principalmente si, en todos los otros días, eres frío, indiferente o bruto.

El mejor regalo que puedes hacer, en este y en todos los días, es darle, a la o a las mujeres de tu vida, la certeza de que tú estás solidario con ellas, que pueden contar contigo como un hombre que las respeta y que está listo a luchar a su lado, siempre que necesiten. Que tu compañera sepa que es verdad que puedes dividir con ella la carga de las tareas domésticas del hogar que también es tuyo y del cuidado de los hijos que también son tuyos. Y que tu amor, sereno y duradero, tiene la cara del respeto y de la admiración.

Y que eres un hombre a más que se impone a los otros que son machistas y agresores y que le faltan el respeto a una mujer –  cualquier mujer.  Fíjate que los hombres que son valientes con las mujeres y los niños, son cobardes con los otros hombres. Te temerán.

¡Pero que nunca te teman las mujeres! Que te respeten porque saben que tú las respetas y que caminas con ellas lado a lado en la jornada de la vida.

Lo que hoy deseo a las mujeres de tu vida es tan solamente esto: que TÚ seas este hombre mejor, este que ellas y nosotros necesitamos tanto en este mundo.

Y a ti, compañero, te deseo un feliz Día Internacional de la Mujer. Has hecho por merecerlo.


¿O no? 

sexta-feira, 7 de março de 2014

MUNDO  HIPÓCRITA 
MILTON MACIEL 

O consumo de ÁLCOOL CUSTA MAIS para os países no mundo todo do que TODOS os problemas de consumo de droga COMBINADOS. COMBINADOS!!!

Ele está por trás da maior parte das mortes no trânsito e das agressões seguidas ou não de morte, inclusive as domésticas. São MILHÕES DE CASOS POR ANO, só aqui no Brasil!
 
O consumo de FUMO ocasiona custos mais elevados ainda, em termos de saúde pública. Os governos gastam mais com as doenças do tabaco do que conseguem arrecadar com os impostos nababescos sobre cigarros.

ÁLCOOL E FUMO: Essas é que são as duas grandes DROGAS assassinas da HUMANIDADE.

Os produtores e traficantes de drogas como maconha, cocaína, heroína ou crack são criminalizados e chamados de bandidos. Mas eles não causam tanto dano à humanidade quanto seus colegas produtores e traficantes legalizados de bebidas alcoólicas e cigarros.

Os fabricantes de bebidas alcoólicas e seus traficantes são chamados de Empresários – industriais ou comerciantes. Gozam de respeitabilidade na comunidade. Têm como sócios governos gananciosos e corruptores da saúde e da felicidade de seus cidadãos, que lucram JUNTO com seu sócios fabricantes de drogas oficializadas e permitidas, às custas de seus milhões de vítimas, sob a forma de impostos altíssimos. Esses fabricantes e distribuidores das duas piores drogas causadoras de dependência estão por trás do maior número de desgraças e mortes no planeta Terra.

Fumar é completamente anti-natural, é absolutamente irracional. Quem fabrica cigarros, sabe que é assassino. Mas nega. Quem comercializa esses produtos é seu CÚMPLICE.

Colocar ALCOOL para dentro do corpo é completamente antinatural. É absolutamente irracional. Os animais não bebem bebidas alcoólicas. Só a estupidez humana consegue fazê-lo. Quem fabrica bebida alcoólica sabe que está fabricando veneno que pode intoxicar, causar dependência, predispor a acidentes e à violência, causar mortes aos milhões. Seu produto, o álcool, não causa benefício algum ao organismo. Portanto, ele é tão deletério quanto quem fabrica cigarros. Quem comercializa esses produtos é seu CÚMPLICE.

O que se diz aqui não tem nada a ver com religião e fanatismo religioso. Não tem nada a ver com moralismo e falso moralismo. Não milito em nenhuma dessas duas áreas, felizmente. Tem a ver com LÓGICA e RACIONALIDADE. Tem a ver com ciências exatas, biológicas e humanas – com química, bioquímica, medicina, sociologia, psicopatologia, economia e administração pública. Tem a ver também com ÉTICA. Não há nada que consiga JUSTIFICAR a inalação de tabaco e a ingestão de álcool para dentro do corpo humano. NADA!

Os animais, ditos pelos humanos “irracionais”, não bebem nem fumam. Só bebem e fumam os irracionais humanos. E gastam verdadeiras fortunas ao longo de décadas de vida para fazer esse papel ridículo e comprometer a saúde de seus organismos. Extrema irracionalidade.

Que piora quando o irracional se torna ainda mais irracional, por se tornar DEPENDENTE. A culpa dessa desgraça é primariamente do FABRICANTE dessa droga terrível, a bebida alcoólica. Ele, conscientemente,  investe milhões em marketing e propaganda para criar mais e mais dependentes, principalmente entre adolescentes e crianças indefesos. É um Pablo Escobar, mas é chamado de Empresário. A mesma coisa é feita pelos Pablo Escobar do tabaco. A rede revendedora atua como cúmplice, sabendo que vende potencialmente a doença, a dependência, a violência e a morte. Mas tiram o deles da seringa e botam a culpa no consumidor somente.

Todos, fabricantes e comerciantes, imitam o cretino que foi presidente da maior empresa fabricante de cigarros do mundo, que teve a cara-de-pau de afirmar: “Fumar é uma questão de opção. Deixar de fumar, também é”.

BANDIDO! Como se o produto dele não causasse dependência! Ou seja, botam a culpa no CONSUMIDOR. A culpa é dele, que fuma porque quer, que bebe porque quer, que bebe demais porque é um idiota. BANDIDOS! Lá de vez em quando, muito raramente, a Justiça americana dá ganho de causa a uma vítima contra um fabricante de cigarros. Já os seus equivalentes da indústria da bebida alcoólica, nunca são processados. ABSURDO!

quarta-feira, 5 de março de 2014

TRISTE, ESTRANHO MUNDO
MILTON MACIEL

Triste bruto mundo,
Onde em latas de lixo por festim,
crianças reviram o seu parco de comer.
Cachorros coçam suas sarnas pelas ruas,
por onde humanos se esbarram desconexos.
Bebem os homens suas dores nos botecos
e matam-se uns aos outros sem porquê.

Triste feio mundo,
onde, moídas de competição,
mulheres TÊM que ser
ardilosamente belas,
perenemente magras,
eternamente jovens,
absurdamente responsáveis.
E desejáveis, usáveis, descartáveis.
(e matar-se de trabalhar pra pagar por tudo isso!)
Fiéis aos muitos seus e aos muitos seus deveres,
Porém estranhamente infiéis a si mesmas!

Ah, triste velho mundo,
Onde políticos corruptos vicejam,
Empresários corruptores sonegam,
Banqueiros rapinam na escorchância
E paraísos fiscais a todos acobertam.
Os honrados cidadãos fajutam, mentem,
também sonegam, pirateiam, fazem gatos.
Mas não deixam de cumprir o seu cívico dever:
vão às ruas protestar e quebrar contra a corrupção!

Triste louco mundo
de terrorismo, guerras e de exploração.
Países Senhores da Guerra vendem armas a dinheiro
Mas fazem fiado a desgraça, a morte e a desolação,
a carne jovem por eles consumida em bucha de canhão.
A carne ainda mais jovem mercadejada na prostituição,
Meninas e mulheres sofrendo seu ordálio eterno:
Desrespeito, assédio, estupro. E agressão.

Triste estranho mundo,
onde crianças teimam em nascer,
onde os poetas insistem em sofrer
E os amantes se obstinam em amar.
Onde há doutores que ainda ousam curar,
e professores que se esfalfam pra ensinar.
Onde os malucos não param de sonhar
e há visionários que ainda soem acreditar.

Ah, triste alegre mundo,
Que não pára de girar!




terça-feira, 4 de março de 2014

OS POEMAS DA SOMBRA: TRÔPEGO PASSO
MILTON  MACIEL    

 A Sombra e os Relacionamentos

I looked and looked and this I came to see:
That what I thought was you and you,
Was really me and me 
Autor desconhecido

Olhei e olhei e isto eu pude ver:
Aquilo que eu pensei que era você e você,
Era realmente eu e eu.

(LOGO APÓS O POEMA, TEMOS O TEXTO EXPLICATIVO SOBRE A SOMBRA NOS RELACIONAMENTOS)

TRÔPEGO PASSO
Milton Maciel

Trôpego passo meu, em meio à multidão,
Onde me levas, assim lasso e cambaleante?
Haverá sina pra este meu andar errante?
Alcançarei mais do que a poeira deste chão?

Se mal me arrasto pelo passadiço angusto,
É que, perdido, meu percurso é desatino.
E, quando penso ter chegado a meu destino,
O que encontro é só meu leito de Procusto.(*)

Nele eu suporto a mais terrível das torturas,
Que é recordar seu olhar frio e indiferente,
A me dizer que o seu desprezo é permanente
E que, à frente, só terei penas mais duras.

Estou prosternado neste tremedal tremendo,
Vendo que a vida se me esvai a cada instante,
Você, de mim, a cada dia mais distante,
E eu, sem você, a cada dia mais sofrendo.

Ah, e pensar que o findar das minhas penas
Ocorreria a um simples gesto seu... apenas!

.(*) LEITO DE PROCUSTO: esse Procusto era um criminoso sádico de Elêusis, Grécia antiga. Ele recebia hóspedes em sua casa e lhes dava uma cama para dormirem. Então, se o hóspede fosse maior que a cama, amarrava-o e cortava-lhe os pés. Se fosse menor, esticava-o com cordas, num suplício horrível. Sempre tinha como se divertir, pois, na verdade, tinha dois quartos de hóspedes com camas de tamanhos bem diferentes. Teseu matou-o: amarrou-o atravessado em uma de suas camas e o fez caber, cortando-lhe as pernas e a cabeça (romântico isso, não? Ao menos os sádicos devem achar). Leito de Procusto passou para a literatura como sinônimo de ambiente de torturante sofrimento.

 SOMBRA, RELAÇÃO E PROJEÇÃO

Um dos campos onde A SOMBRA se manifesta mais intensamente é o dos RELACIONAMENTOS. Este é o típico ambiente psicológico onde funciona livremente o mecanismo denominado PROJEÇÃO. O nome não poderia ter sido mais bem escolhido. No processo psicológico de Projeção, tudo se passa como se nós passássemos uma tinta branca na outra pessoa, evitando ver como ela é realmente, e ligássemos nosso projetor sobre essa nova tela, projetando ali as imagens que queremos ver.

Essas imagens são de duas categorias gerais. Podemos chamá-las, para simplificar, deMeus Defeitos e de Minhas Necessidades.

Meus Defeitos

A Sombra costuma nos pregar esta peça: nós projetamos em outra pessoa com quem nos relacionamos nossos defeitos e nossas piores qualidades, aquelas que, exatamente, NÃO QUEREMOS acreditar que sejam nossas. Então atraímos (ou nos sentimos atraídos por, o que dá no mesmo) alguém que terá esses defeitos e más qualidades. A Sombra nos leva a escondermos essas qualidades negativas de nós mesmos e escalamos um outro para vivenciá-las através da relação conosco. Então passamos a representar um ato de teatro na vida, no qual vamos ser forçados a trabalhar esses mesmas qualidades negativas através de nossas relações amorosas, familiares e até mesmo profissionais.

Minhas Necessidades

Aqui o jogo de Projeçãé ainda mais sutil e, via de regra, muito mais desgastante, respondendo pela quase totalidade daquilo que aprendemos a chamar de DESILUSÕES amorosas. Nesse caso, depois de passar a tinta branca sobre a pessoa (isto é, depois de ignorarmos solenemente os sinais que ela nos dá sobre a sua realidade  fazemos isso sempre que nos APAIXONAMOS!), nós projetamos sobre ela não mais qualidades negativas nossas, mas qualidades positivas pelas quais ansiamos, que nosso inconsciente sinaliza como necessárias para nós. Nossas Necessidades, em resumo.

Só que essa pessoa NÃO TEM essas qualidades! Nóé que a encarregamos de representar esse papel, que lhe damos todos os sinais do que queremos que ela tente representar para nós. A moça gosta de flores, de poesia, de Pablo Neruda, de Centro Espírita, de cachorrinhos, de ginástica rítmica. Ela projeta esses anseios num cara é mais do funk, do MMA, agnóstico, odeia bichos e acha esse negócio de flores a maior frescura. Mas, na fase de conquista, todos nós procuramos apresentar só o nosso lado bom. Então toca mandar flores, pedir pro amigo escrever os cartões idiotas, comprar livro de Neruda e decorar umas curtas passagens naquela língua do peru  uma barra!  e agüentar aqueles cachorros nojentos babando na mão.

É claro que uma situação assim não pode se manter por muito tempo. Ninguém pode ser personagem o tempo todo. Um dia o cara cansa, tira a maquiagem e a roupa de herói, cai no funk, fala que odeia Neruda e cachorro, não necessariamente nessa ordem,  e ainda reclama do quanto de dinheiro que botou fora na florista. DESILUSÃO! Que é apenas o caminho de volta da Ilusão.

sábado, 1 de março de 2014

EL NENÚFAR BLANCO 

MILTON  MACIEL   (poesías en español)

Un día pasé por el lago…
Y me tuve que parar por un tiempo infinito.
El nenúfar se puso una flor blanca, diáfana
Que en el centro ardía como oro.
Alrededor las hojas verdes oscuras y brillantes.
Y abajo, en el agua calma y fría, el cielo en los reflejos.
Componiendo el sol el resto de un milagro de luces y colores.

Entonces me quedé a mirar el nenúfar blanco
Y el, en su mudez, me habló de ti.
Y  me dijo como eras tú, tan bella y tan pura,
Tan superior, que hasta los nenúfares te amaban.
Me contó el que tu me amabas con pasión.
Me reveló que perderte fue el peor error de mi vida.

De mis ojos dos lágrimas cayeran al agua, que se crispó.
Me puse de rodillas y le respondí al nenúfar blanco:
Le dije lo grande que es mi arrepentimiento y mi dolor.
Que cuando me desperté de mi egoísmo… era tarde demás.
Que cuando te fui a buscar, te habías ido para siempre.
Que cuando me di cuenta, estaba irremediablemente solo.
Y que todo fue nada mas que culpa mía. Mea culpa

Se crispó el agua otra vez, mas lágrimas caían.
El nenúfar cerró sus pétalos, uniéndolos como en una oración.
Y entendí que oraba por mí y por my alma destrozada.
Lo hacia con la dulzura  y el puro amor de los nenúfares.
Y yo… Yo hice lo mismo con mis manos.
Las junté en oración y oré a ti.
Y te pedí perdón.
Y te dije como te amo.
Y te hable que sé que no vuelves más. Nunca más!
Y te confesé que, aún así, te voy a esperar para siempre. Todo el siempre…

El nenúfar blanco abrió entonces sus pétalos otra vez
Y de su centro de oro dos gotas se cayeron. El agua se crispó.
El nenúfar blanco lloraba mi dolor!...
Yo entonces me extendí en la orilla
Y le besé a sus pétalos uno a uno.
Y fue como si te besara!

Desde entonces vuelvo al lago todos los días.
Y los nenúfares me hablan de ti.
Y yo les hablo de ti a ellos.
Te recordamos con amor.
Te besamos en los pétalos.
Y sufrimos en paz,
En paz lloramos.
Y el agua se crispa…
Por que te amamos!