O Ghost
writer e seu mercado de trabalho-1
MILTON MACIEL
Foi em 2007 que fiz meu primeiro
curso de formação em ghost writing, ali mesmo em Aventura (North Miami Beach,
Dade), onde eu morava. Era meu segundo ano nos Estados Unidos e eu estava
chocado com a impressionante quantidade de best sellers nas livrarias
americanas que foram escritos por ghost writers no ano anterior (43% segundo a
Publishers Weekly).
O mercado para ghost writers era
pujante e em crescimento constante. Poucos meses depois de fazer esse curso de
extrema qualidade, estreei na modalidade
e nunca mais parei. E continuei, também, a fazer mais cursos, workshops e
residências sobre ghost writing, pois o assunto me fascinava e fascina até
hoje.
Por causa de minha especialização
em área tecno-científica (engenharia química e agricultura orgânica), que me
levou aos EUA em 2006 via Universidade de Boston, meus primeiros ghost writings
foram todos técnicos e em inglês, na área do ensino de química e de alimentação/nutrição/contaminação
alimentar.
Meus clientes ou já tinham renome
em suas respectivas áreas, ou queriam o livro publicado justamente para obter
esse renome, o que sempre funciona. Mas o que eu não esperava foram os
‘subprodutos’ desses ghost writings técnicos.
Incentivado por um desses meus
clientes, eu passei a utilizar a maciça quantidade de dados obtidos durante as
pesquisas para escrever os dois livros dele (sim, ele era figurão, mas quem
fazia as pesquisas para os livros era eu mesmo, ele não tinha tempo nem
paciência para isso!) em benefício próprio. Tudo aquilo que não utilizávamos
diretamente nas obras, acumulado, virava um imenso material para novas
criações, mas um tanto fora da esfera de interesse do cliente. Então eu acabei
gerando dois livros meus, à época, lançando-os em português e inglês.
Assim, em 2008, converti meu “The
Chemical Broth” em “A Sopa Química”, em português, que haveria de se tornar um
dos meus best sellers na área de nutrição paleolítica e contaminação alimentar,
e que é atualizado e reeditado até hoje (está na 4ª. Edição, de 2018, e saindo
em breve a 5ª, com dados até 2024).
Antes, no fim de 2007, em inglês,
surgiu meu “USA is not Brazil”, um estudo comparativo entre a produção de
etanol de cana de açúcar no Brasil e de etanol de milho nos Estados Unidos, um
tema de interesse específico para os norteamericanos, de debates muito intensos
à época. ). Um bendito ‘subproduto’, nascido do ghost writing de um livro sobre
organic biofuels
(biocombustíveis orgânicos).
Dessa maneira, o ghost writing
acabou me dando um outro tipo de retorno e remuneração que eu não conhecia e
que não me foi ensinado em nenhum dos cursos que fiz.
Uma outra experiência marcante
desse tipo eu vivi em 2015, ainda nos EUA, quando escrevi em português, como
ghost writer, um thriller de ficção, um romance policial e de viagens, com
toques de erótica, em três volumes, para uma cliente brasileira de São Paulo.
Aqui aconteceu o contrário: eu
aproveitei meus estudos e pesquisas para escrever dois romances históricos
medievais meus, que se passam na mesma região de Châlons em Champagne, na
França atual (O CERCO e ALINE DE TROYES), para ambientar o segundo volume da
trilogia da cliente nessa mesma região, porém nos tempos de agora.
Outro evento notável foi o de
2018, quando eu presenciei a até então inacreditável materialização de um
espírito, de um fantasma!
Explico: fui contratado por dois
filhos brasileiros para escrever o romance da vida do pai deles, belga, durante
a 2ª. Guerra Mundial.
Ao longo das entrevistas de
avaliação de capítulos via Internet (eu já estava de volta ao Brasil), acabou
se formando uma boa parceria entre o escritor fantasma de ficção – eu – e os
dois escritores de livros de negócios – eles. Então eles me convidaram para
participar da obra não mais como escritor fantasma, escondido portanto, mas
como COAUTOR, manifesto na capa.
E foi assim que eu, um respeitável
fantasma invisível, acabei me materializando como coautor do livro A GUERRA DE
JACQUES, conforme explicado por um dos outros coautores no prefácio da obra.
Ela existe hoje também em francês e em inglês.
E agora mesmo, em outubro de 2024,
vivo outro tipo de experiência muito gratificante através de uma das minha
alunas de Mentoria de Escrita: ajudo-a semanalmente a escrever seu primeiro
ghost writing, uma encomenda de um familiar dela. Isso me dá o prazer de ser
“ghost writer avô” pela primeira vez na vida, o primeiro filhote dela vinda a
ser meu primeiro ghost-neto.
Enfim, devo dizer que SER GHOST
WRITER É UMA BAITA DE UMA PROFISSÃO! – traindo nesse adjetivo minha origem de
gaúcho da fronteira espalhado por este mundo de Deus, antes nas Américas, hoje
na Europa.
Com esse mesmo entusiasmo produzi
uma série de artigos sobre o tema Ghost Writing. Este é só o primeiro.
E desenvolvi o curso de formação técnica e mercadológica de ghost writing da EIDEL (Escola Internacional do Escritor Lusófono).
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