quinta-feira, 8 de julho de 2021

 

POEMA DE OUTONO  

MILTON MACIEL


(Música: PANTANAL - MARCUS VIANA)

Tomba a folha mansamente, em seu último suspiro,

Rutilante em tons de rubro, de um brilho adamantino.

Despede-se da luz, do bosque ‘inda verde, do retiro

Em que viveu sua vida e onde cumpriu o seu destino.

 

Vezes sem conta tragou sol, regurgitando oxigênio,

Como fazem sempre as folhas, milênio após milênio.

Generosa supriu flores, frutos, ramos, troncos, galhos,

Até fazer de sua árvore o mais frondoso dos carvalhos.

 

Mas então o inevitável: eis que seu ciclo terminou

E a folha, agora velha, foi perdendo a serventia.

Foi-se o verde, escureceu, perdeu seiva, ressecou

E então, se desprendendo, alcançou o último dia.

 

Suave flutuou ao vento, tão tranquila a trajetória,

E chegou serena ao chão, encerrando sua história.

Estendeu-se feliz: era o final, missão cumprida.
Olhou pro céu, sorriu... e despediu-se desta vida.

 

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