domingo, 8 de março de 2020

MEU 8 DE MARÇO É PERMANENTE
MILTON MACIEL 


     Minha homenagem às mulheres não tem nada a ver com o 8 de março. Ela é PERMANENTE. Nos meus romances publicados, o protagonismo é maciçamente das mulheres.

   Somente três deles têm homens como protagonistas: Jacques Rosen, de “A Guerra de Jacques”, que já ganhou versão em francês e em inglês. Ataliba, em Ataliba de “Ataliba um paulistano feliz. E João Ramalho, de “João Ramalho no paraíso”, onde a bela e generosa índia guaianá Bartira, é sua esposa e ‘civilizadora’.

     Em todos os demais, como se pode ver na foto, protagonistas são sempre mulheres. Lolita, em “Lolita de Aracaju, a mais jovem dona de bordel do mundo”; Ritinha e Gabi/Iracema, em “A Espera e a Noivinha”, que foi reescrito para a Amazon como “Escravizada” – são meus romances sobre o tema da prostituição infantil.

   Em “O Cerco” Vérica, Kina, e Alana são as sacerdotisas celtas que, junto com a belíssima Ilduara (na verdade um eunuco ostrogodo), são as protagonistas que resolvem as grandes batalhas na Gália, durante a invasão dos hunos, em 451 A.D.

     A pequena Aline, do romance histórico “Aline de Troyes”, é a jovem guerreira gaulesa que salva sozinha um legião romana inteira da destruição pelo ataque dos alamanos. Um dos personagens é o general romano Flavio Jovino, o fundador de Joinville, em 354 AD.

     Larissa, que só não foi Miss Universo porque não quis, desfila sua beleza e sua transformação em líder e prefeita durante as 1088 páginas de “Lua Oculta”, onde muita gente é eliminada por dois serial killers. A impressionante Gládis de Rios, bailarina de flamenco e instrutora de autodefesa feminina, é sua coadjuvante e seu ídolo.
     Em “Os reflexos do peixe brilhante” é a professora aposentada sessentona Dahlia Riechelmann que resolve o mistério de um assassinato em Joinville, SC. E só então descobre o que é o amor!
    Helena Fumiko é a jovem médica que volta do Japão aos 23 anos para tentar a reconciliação com seu avô na cidade de Bastos, SP, em “Doutora Fumiko, um amor que vence o Não e a vida exorta”.
     “A Princesinha quer dançar” conta em versos de poesia infantil a saga da princesa Samantha, quando seu rabugento pai proíbe a música e a dança em todo o reino.
     E a maravilhosa Leocádia, em “Negra Leocádia”, uma escrava, é a protagonista de um romance histórico no Rio de Janeiro colonial. Onde luzem também Tiradentes e a inconfidência mineira. E a revolução que tornou o Haiti a segunda nação independente das Américas. Leocádia ainda não foi publicada. Por incrível que pareça, aguarda ser libertada pelos portugueses. Desta vez, editores. Outra hora eu explico.

     “A Bela morde a fera” é a versão em português do precioso ensaio “Beauty bites beast”, de Ellen Snortland, na qual participo como editor e como autor do capítulo final, “O machismo oculto”. O tema é a autodefesa feminina em todas as suas múltiplas facetas.

     E “Como é caro ser mulher” é meu ensaio de economia feminista, que escrevi nos Estados Unidos e depois adaptei para o Brasil. Está em processo de tradução para lançamento em inglês, voltando a seu país de nascimento.

     Lolita é paulista de Brotas, morena de cabelos castanhos.
     Ritinha é loirinha e Gabi/Iracema é uma típica índia amazonense.
     As sacerdotisas celtas são ruivas muito altas, naturais da Bretanha
     Aline, da cidade gaulesa de Troyes, é franzina e castanha.
     A Miss Amarante Larissa Silva é loirinha, descendente de italianos em Santa Catarina.
     Nossa professora Dahlia Riechelmann, de esfiapados cabelos brancos, é descendente direta de alemães.
     A Doutora Fumiko, neta do patriarca de Bastos, é sansei, está na cara.
     A princesinha Samantha, branquinha e vegana, tem cabelos modernos de cor variável, depende do mês.
     “A bela morde a fera” é um ensaio, mas escolhi para sua capa uma bela e forte guerreira africana.
    E nossa Leocádia é preta, pretíssima, brasileiríssima, filha de escravos iorubás trazidos para a Bahia, mas vendida na infância para um senhor do Rio de Janeiro.
     Para terminar, a bela loira de “O filho da empregada” é uma transexual. Um jovem seminarista que foge do seminário para seguir seu amante padre. Quando este é abatido por grileiros de terras no Mato Grosso, o jovem vai para a Itália e faz operação para mudança de sexo. Retorna ao Brasil para graduar-se em duas faculdades e acabar, aos 40 anos, como a Primeira Ministra do primeiro governo parlamentarista do Brasil. Faz um governo ímpar, limpa o país da corrupção, tem 90% de aprovação. É quando dois policiais corruptos da Polícia Federal descobrem que ela é (foi) homem! E que é o filho da empregada da casa onde eles cresceram. Podem ficar milionários com a revelação. E agora?

     Todas essas mulheres não são apenas personagens auxiliares nesses livros de ficção. Elas são as grandes personagens heroicas e as detentoras reais do poder em todas as tramas. Das meninas prostitutas à sumo-sacerdotisa celta, da generosa e pura índia à benemérita Fumiko, é através dessas mulheres notáveis que eu homenageio na prática todas as mulheres, que, independente de títulos ou posições, são todas heroicas ‘per se’, por existirem e persistirem como mulheres num mundo que lhes é tão injusto e desigual.

  ‘Minhas’ mulheres são de todas as cores e de todos os ...sexos. São as donas das minhas letras, dos meus 365 dias de escritor.



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