MILTON
MACIEL
Existem ao menos três cidades com o nome Joinville dignas de nota
neste mundo: duas na França e uma no Brasil. E mais uma Ilha Joinville, que faz
parte do Arquipélago de Joinville, na Antártida.
A JOINVILLE do Brasil é
razoavelmente conhecida pelos brasileiros. Trata-se da 3ª. maior cidade do Sul
e é a maior cidade de Santa Catarina. Situada bem ao norte, tem 600 mil
habitantes e se destaca pela produção industrial, assim como por sediar o maior
festival de dança do mundo e ser o local da única escola do Balé Bolshoi fora
da Rússia. (Foto 1 - Joinville-sur-Marne)
As Joinvilles da França são duas:
JOINVILLE (atenção: em francês pronuncia-se JOANville)
Comuna do distrito (arrondissement) de Saint Dizier, no Estado
(département) de Alto Marne (Haute-Marne), na região de Champagne-Ardenne.
Dista 210 km de Paris
É a mais antiga e foi fundada pelo general romano Flavius Jovinus,
quando mandou construir um forte de toras de madeira, em 354 A.D., para
resistir às invasões dos alamanos à Gália. Este general romano é um dos personagens
do meu romance histórico “Aline de Troyes, uma guerreira gaulesa”
(pronuncia-se Troá), que narra as lutas de gauleses e romanos contra os
alamanos, em 363 A.D. No fim desse livro coloquei um bônus com o título As
Joinvilles do Mundo, que reproduzo aqui agora.
Até hoje esta Joinville é uma pequena cidade, pouco mais do que uma
vila de 4 000 habitantes, mas tem uma arquitetura primorosa e uma grande
beleza, com seus canais (biefs) do Rio Marne.
JOINVILLE-LE-PONT
A outra Joinville é praticamente grudada em Paris, separada dela
apenas pelo Bosque de Vincennes. E ligada a Paris por uma ponte (pont),
de onde vem justamente seu nome.
Comuna do distrito Nogent-sur-Marne, no Estado de Vale do Marne (Val-du-Marne),
região de Île de France, onde fica também Paris. A cidade é dividida ao
meio pelo rio Marne que, após passar por ela, faz um grande curva e vai se
reunir ao rio Sena, na ponte Charenton, para atravessar Paris.
Esta cidade começou a surgir em 1251, quando foi construída a ponte
sobre o rio Marne, tornando-se a vila de Sait Maur. Em 1831, o
rei Luiz Felipe autorizou que a comuna passasse a se chamar Joinville-Le-Pont,
em homenagem a Francisco (François) de Órleans, seu terceiro filho e príncipe
de Joinville (título nobiliárquico este derivado da primeira Joinville,
a do Alto Marne, como mostro a seguir). Foi ajuntado o Le-Pont ao nome
Joinville, para não haver confusão desta nova Joinville com a velha Joinville
do Alto Marne, cujos habitantes protestaram veementemente contra a usurpação do
nome Joinville.
Esta Joinville-Le-Pont é a cidade-gêmea
da Joinville do Brasil, fundada por imigrantes alemães, noruegueses e suíços
que chegaram, em 1851, às terras da Colônia Dona Francisca, em Santa Catarina,
terras que faziam parte do dote que a princesa Francisca Carolina Joana Carlota Leopoldina Romana Xavier de Paula
Michaela Gabriela Raphaela Gonzaga de Bragança, filha de Dom Pedro I e
irmã de Dom Pedro II, levou para o seu casamento com o príncipe de Joinville,
François d´Órleans, em 1843.
Vemos assim que François Ferdinand deu origem a DUAS cidades com o nome Joinville.
Levadas a uma LINHA DO TEMPO, vemos as Joinvilles assim:
354 1251 1831 1851
Fundação da Construção da Mudança de Fundação
de
1ª Joinville por ponte sobre nome para Joinville no
Flavius Jovinus o
Marne Joinville-Le-Pont Brasil
OS
PRÍNCIPES DE JOINVILLE
Quase todo mundo
no Brasil, inclusive os moradores da Joinville catarinense, quando veem alguma
menção ao Príncipe de Joinville pensam duas coisas erradas:
1 – que ele é o
único príncipe com esse título
2 – que ele
nasceu em Joinville da França
Então vamos
esclarecer, com especial destinação para as crianças e estudantes em geral da
Joinville brasileira:
DE JOINVILLE é um gentílico e ao mesmo tempo um título
nobiliárquico SENHOR (SEIGNEUR), que começou a existir no início do ano 1000 AD,
atribuído a grandes senhores originalmente estabelecidos na Joinville-Sur-Marne.
Já o DE JOINVILLE de François Ferdinand (1808 a 1900), o “nosso”
príncipe, é só um título nobiliárquico (PRINCE). Ela não só não nasceu em Joinville
como não consta que jamais tenha estado lá.
Foram 12 Senhores de Joinville da casa de Vaux (Jean de
Joinville, biógrafo de São Luís da França, foi o oitavo), seguidos de 7
senhores da casa de Vaudémont.
Em 1386 o título mudou de Seigneur para PRINCE. E os
Príncipes de Joinville são, até hoje, a bagatela de 22 (9 da casa de
Guise, mais 12 da casa de Orleans. Nosso
François é apenas o 17º Príncipe de Joinville, o 8º da casa de Orleans.
O último e atual Príncipe de Joinville, Henri IV, nasceu em 1999, tem vinte
aninhos e é também Conde de Paris.
AS JOINVILLES DA ANTÁRTIDA
Existe um arquipélago de 18 ilhas no mar da Antártida, que
recebeu o nome de Arquipélago de Joinville. A maior de suas ilhas
é a Ilha de Joinville. Tem 20 km de largura e 60 km de comprimento (equivalente
à distância de Joinville ao Parque Beto Carrero, em linha reta). A ilha e o
arquipélago não têm habitantes, o clima é frio e hostil demais.
O Arquipélago foi descoberto em 1838 pelo navegador francês Capitão
Jules Dumont d'Urville, que dirigia uma expedição marítima chama Príncipe
de Joinville, em homenagem a François Ferdinand d’Orléans, terceiro
filho do Duque d’Orléans, o Rei Luís Filipe I de França.
d`Urville sapecou o nome Joinville em suas descobertas, e, mais
tarde, ele foi também homenageado: hoje a segunda maior ilha do arquipélago é a
Ilha d’Urville.
Mais uma vez o “nosso” príncipe cumpriu o seu estranho
destino de proporcionar nomes às Joinvilles do mundo: Joinville-le-Pont, Joinville
do Brasil e Ilha e Arquipélago de Joinville.
Foto 3 - Cientistas na Ilha de Joinville, Antártida
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