sábado, 21 de março de 2020

POEMA DE OUTONO  

MILTON MACIEL  


Tomba a folha mansamente, em seu último suspiro,
Rutilante em tons de rubro, de um brilho adamantino.
Despede-se da luz, do bosque ‘inda verde, do retiro
Em que viveu sua vida e onde cumpriu o seu destino.

Vezes sem conta tragou sol, regurgitando oxigênio,
Como fazem sempre as folhas, milênio após milênio.
Generosa supriu flores, frutos, ramos, troncos, galhos,
Até fazer de sua árvore o mais frondoso dos carvalhos.

Mas então o inevitável: eis que seu ciclo terminou
E a folha, agora velha, foi perdendo a serventia.
Foi-se o verde, escureceu, perdeu seiva, ressecou
E então, se desprendendo, alcançou o último dia.

Suave flutuou ao vento, tão tranquila a trajetória,
E chegou serena ao chão, encerrando sua história.
Estendeu-se feliz: era o final, missão cumprida.
Olhou pro céu, sorriu... e despediu-se desta vida.



sexta-feira, 20 de março de 2020



CORONA VÍRUS NO BRASIL EM 2020? Nada disso! Isto foi em 1919.
MILTON MACIEL - Editor-chefe da Revista ESCREVER para escritores. 40 livros publicados em 4 idiomas. Bi-lingual ghostwriter

Isto aconteceu 101 anos atrás, em 1919, durante a pandemia da GRIPE ESPANHOLA no Brasil. Leia o texto:

 “Os períodos de periculosidade de infecção levaram à imposição de medidas sanitárias: Foram fechadas escolas, estabelecimentos comerciais, cinemas, cabarés, bares; festas populares e partidas esportivas foram proibidas, tudo isso para evitar a aglomeração de pessoas. Pois as atividades que exigiam maior contato interpessoal aumentavam as chances de contaminação. Foram meses em que a vida social limitou-se ao mínimo.” (Wiki)

A pandemia matou mais de 35 mil pessoas no país. Entre elas, o presidente do Brasil, Rodrigues Alves (foto), que foi presidente antes, de 1902 a 1906. Foi reeleito para um segundo termo em 1918. Não chegou a tomar posse, morreu antes disso. Assumiu seu vice, Delfim Moreira.

Revista ESCREVER:  www.revistaescrever.com.br 


segunda-feira, 9 de março de 2020


AS JOINVILLES NO MUNDO
MILTON MACIEL

Existem ao menos três cidades com o nome Joinville dignas de nota neste mundo: duas na França e uma no Brasil. E mais uma Ilha Joinville, que faz parte do Arquipélago de Joinville, na Antártida.

A JOINVILLE do Brasil é razoavelmente conhecida pelos brasileiros. Trata-se da 3ª. maior cidade do Sul e é a maior cidade de Santa Catarina. Situada bem ao norte, tem 600 mil habitantes e se destaca pela produção industrial, assim como por sediar o maior festival de dança do mundo e ser o local da única escola do Balé Bolshoi fora da Rússia.                                                                                                                                                          (Foto 1 - Joinville-sur-Marne)

As Joinvilles da França são duas:

JOINVILLE (atenção: em francês pronuncia-se JOANville)

Comuna do distrito (arrondissement) de Saint Dizier, no Estado (département) de Alto Marne (Haute-Marne), na região de Champagne-Ardenne. Dista 210 km de Paris

É a mais antiga e foi fundada pelo general romano Flavius Jovinus, quando mandou construir um forte de toras de madeira, em 354 A.D., para resistir às invasões dos alamanos à Gália. Este general romano é um dos personagens do meu romance histórico “Aline de Troyes, uma guerreira gaulesa” (pronuncia-se Troá), que narra as lutas de gauleses e romanos contra os alamanos, em 363 A.D. No fim desse livro coloquei um bônus com o título As Joinvilles do Mundo, que reproduzo aqui agora.

Até hoje esta Joinville é uma pequena cidade, pouco mais do que uma vila de 4 000 habitantes, mas tem uma arquitetura primorosa e uma grande beleza, com seus canais (biefs) do Rio Marne.


JOINVILLE-LE-PONT

A outra Joinville é praticamente grudada em Paris, separada dela apenas pelo Bosque de Vincennes. E ligada a Paris por uma ponte (pont), de onde vem justamente seu nome.

Comuna do distrito Nogent-sur-Marne, no Estado de Vale do Marne (Val-du-Marne), região de Île de France, onde fica também Paris. A cidade é dividida ao meio pelo rio Marne que, após passar por ela, faz um grande curva e vai se reunir ao rio Sena, na ponte Charenton, para atravessar Paris.

Esta cidade começou a surgir em 1251, quando foi construída a ponte sobre o rio Marne, tornando-se a vila de Sait Maur. Em 1831, o rei Luiz Felipe autorizou que a comuna passasse a se chamar Joinville-Le-Pont, em homenagem a Francisco (François) de Órleans, seu terceiro filho e príncipe de Joinville (título nobiliárquico este derivado da primeira Joinville, a do Alto Marne, como mostro a seguir). Foi ajuntado o Le-Pont ao nome Joinville, para não haver confusão desta nova Joinville com a velha Joinville do Alto Marne, cujos habitantes protestaram veementemente contra a usurpação do nome Joinville.

Esta Joinville-Le-Pont é a cidade-gêmea da Joinville do Brasil, fundada por imigrantes alemães, noruegueses e suíços que chegaram, em 1851, às terras da Colônia Dona Francisca, em Santa Catarina, terras que faziam parte do dote que a princesa Francisca Carolina Joana Carlota Leopoldina Romana Xavier de Paula Michaela Gabriela Raphaela Gonzaga de Bragança, filha de Dom Pedro I e irmã de Dom Pedro II, levou para o seu casamento com o príncipe de Joinville, François d´Órleans, em 1843.

Vemos assim que François Ferdinand deu origem a DUAS cidades com  o nome Joinville.

Levadas a uma LINHA DO TEMPO, vemos as Joinvilles assim:

354                            1251                  1831                     1851
Fundação da        Construção da   Mudança de           Fundação de
1ª Joinville por     ponte sobre       nome para              Joinville no
Flavius Jovinus    o Marne            Joinville-Le-Pont   Brasil

                            Foto 2 - A ponte que dá nome a JOINVILLE-le-Pont

OS PRÍNCIPES DE JOINVILLE

Quase todo mundo no Brasil, inclusive os moradores da Joinville catarinense, quando veem alguma menção ao Príncipe de Joinville pensam duas coisas erradas:
1 – que ele é o único príncipe com esse título
2 – que ele nasceu em Joinville da França

Então vamos esclarecer, com especial destinação para as crianças e estudantes em geral da Joinville brasileira:

DE JOINVILLE é um gentílico e ao mesmo tempo um título nobiliárquico SENHOR (SEIGNEUR), que começou a existir no início do ano 1000 AD, atribuído a grandes senhores originalmente estabelecidos na Joinville-Sur-Marne.

Já o DE JOINVILLE de François Ferdinand (1808 a 1900), o “nosso” príncipe, é só um título nobiliárquico (PRINCE). Ela não só não nasceu em Joinville como não consta que jamais tenha estado lá.

Foram 12 Senhores de Joinville da casa de Vaux (Jean de Joinville, biógrafo de São Luís da França, foi o oitavo), seguidos de 7 senhores da casa de Vaudémont.

Em 1386 o título mudou de Seigneur para PRINCE. E os Príncipes de Joinville são, até hoje, a bagatela de 22 (9 da casa de Guise, mais 12 da casa de Orleans.  Nosso François é apenas o 17º Príncipe de Joinville, o 8º da casa de Orleans. O último e atual Príncipe de Joinville, Henri IV, nasceu em 1999, tem vinte aninhos e é também Conde de Paris.

AS JOINVILLES DA ANTÁRTIDA
Existe um arquipélago de 18 ilhas no mar da Antártida, que recebeu o nome de Arquipélago de Joinville. A maior de suas ilhas é a Ilha de Joinville. Tem 20 km de largura e 60 km de comprimento (equivalente à distância de Joinville ao Parque Beto Carrero, em linha reta). A ilha e o arquipélago não têm habitantes, o clima é frio e hostil demais.

O Arquipélago foi descoberto em 1838 pelo navegador francês Capitão Jules Dumont d'Urville, que dirigia uma expedição marítima chama Príncipe de Joinville, em homenagem a François Ferdinand d’Orléans, terceiro filho do Duque d’Orléans, o Rei Luís Filipe I de França.

d`Urville sapecou o nome Joinville em suas descobertas, e, mais tarde, ele foi também homenageado: hoje a segunda maior ilha do arquipélago é a Ilha d’Urville.

Mais uma vez o “nosso” príncipe cumpriu o seu estranho destino de proporcionar nomes às Joinvilles do mundo: Joinville-le-Pont, Joinville do Brasil e Ilha e Arquipélago de Joinville.

                               Foto 3 - Cientistas na Ilha de Joinville, Antártida

domingo, 8 de março de 2020

MEU 8 DE MARÇO É PERMANENTE
MILTON MACIEL 


     Minha homenagem às mulheres não tem nada a ver com o 8 de março. Ela é PERMANENTE. Nos meus romances publicados, o protagonismo é maciçamente das mulheres.

   Somente três deles têm homens como protagonistas: Jacques Rosen, de “A Guerra de Jacques”, que já ganhou versão em francês e em inglês. Ataliba, em Ataliba de “Ataliba um paulistano feliz. E João Ramalho, de “João Ramalho no paraíso”, onde a bela e generosa índia guaianá Bartira, é sua esposa e ‘civilizadora’.

     Em todos os demais, como se pode ver na foto, protagonistas são sempre mulheres. Lolita, em “Lolita de Aracaju, a mais jovem dona de bordel do mundo”; Ritinha e Gabi/Iracema, em “A Espera e a Noivinha”, que foi reescrito para a Amazon como “Escravizada” – são meus romances sobre o tema da prostituição infantil.

   Em “O Cerco” Vérica, Kina, e Alana são as sacerdotisas celtas que, junto com a belíssima Ilduara (na verdade um eunuco ostrogodo), são as protagonistas que resolvem as grandes batalhas na Gália, durante a invasão dos hunos, em 451 A.D.

     A pequena Aline, do romance histórico “Aline de Troyes”, é a jovem guerreira gaulesa que salva sozinha um legião romana inteira da destruição pelo ataque dos alamanos. Um dos personagens é o general romano Flavio Jovino, o fundador de Joinville, em 354 AD.

     Larissa, que só não foi Miss Universo porque não quis, desfila sua beleza e sua transformação em líder e prefeita durante as 1088 páginas de “Lua Oculta”, onde muita gente é eliminada por dois serial killers. A impressionante Gládis de Rios, bailarina de flamenco e instrutora de autodefesa feminina, é sua coadjuvante e seu ídolo.
     Em “Os reflexos do peixe brilhante” é a professora aposentada sessentona Dahlia Riechelmann que resolve o mistério de um assassinato em Joinville, SC. E só então descobre o que é o amor!
    Helena Fumiko é a jovem médica que volta do Japão aos 23 anos para tentar a reconciliação com seu avô na cidade de Bastos, SP, em “Doutora Fumiko, um amor que vence o Não e a vida exorta”.
     “A Princesinha quer dançar” conta em versos de poesia infantil a saga da princesa Samantha, quando seu rabugento pai proíbe a música e a dança em todo o reino.
     E a maravilhosa Leocádia, em “Negra Leocádia”, uma escrava, é a protagonista de um romance histórico no Rio de Janeiro colonial. Onde luzem também Tiradentes e a inconfidência mineira. E a revolução que tornou o Haiti a segunda nação independente das Américas. Leocádia ainda não foi publicada. Por incrível que pareça, aguarda ser libertada pelos portugueses. Desta vez, editores. Outra hora eu explico.

     “A Bela morde a fera” é a versão em português do precioso ensaio “Beauty bites beast”, de Ellen Snortland, na qual participo como editor e como autor do capítulo final, “O machismo oculto”. O tema é a autodefesa feminina em todas as suas múltiplas facetas.

     E “Como é caro ser mulher” é meu ensaio de economia feminista, que escrevi nos Estados Unidos e depois adaptei para o Brasil. Está em processo de tradução para lançamento em inglês, voltando a seu país de nascimento.

     Lolita é paulista de Brotas, morena de cabelos castanhos.
     Ritinha é loirinha e Gabi/Iracema é uma típica índia amazonense.
     As sacerdotisas celtas são ruivas muito altas, naturais da Bretanha
     Aline, da cidade gaulesa de Troyes, é franzina e castanha.
     A Miss Amarante Larissa Silva é loirinha, descendente de italianos em Santa Catarina.
     Nossa professora Dahlia Riechelmann, de esfiapados cabelos brancos, é descendente direta de alemães.
     A Doutora Fumiko, neta do patriarca de Bastos, é sansei, está na cara.
     A princesinha Samantha, branquinha e vegana, tem cabelos modernos de cor variável, depende do mês.
     “A bela morde a fera” é um ensaio, mas escolhi para sua capa uma bela e forte guerreira africana.
    E nossa Leocádia é preta, pretíssima, brasileiríssima, filha de escravos iorubás trazidos para a Bahia, mas vendida na infância para um senhor do Rio de Janeiro.
     Para terminar, a bela loira de “O filho da empregada” é uma transexual. Um jovem seminarista que foge do seminário para seguir seu amante padre. Quando este é abatido por grileiros de terras no Mato Grosso, o jovem vai para a Itália e faz operação para mudança de sexo. Retorna ao Brasil para graduar-se em duas faculdades e acabar, aos 40 anos, como a Primeira Ministra do primeiro governo parlamentarista do Brasil. Faz um governo ímpar, limpa o país da corrupção, tem 90% de aprovação. É quando dois policiais corruptos da Polícia Federal descobrem que ela é (foi) homem! E que é o filho da empregada da casa onde eles cresceram. Podem ficar milionários com a revelação. E agora?

     Todas essas mulheres não são apenas personagens auxiliares nesses livros de ficção. Elas são as grandes personagens heroicas e as detentoras reais do poder em todas as tramas. Das meninas prostitutas à sumo-sacerdotisa celta, da generosa e pura índia à benemérita Fumiko, é através dessas mulheres notáveis que eu homenageio na prática todas as mulheres, que, independente de títulos ou posições, são todas heroicas ‘per se’, por existirem e persistirem como mulheres num mundo que lhes é tão injusto e desigual.

  ‘Minhas’ mulheres são de todas as cores e de todos os ...sexos. São as donas das minhas letras, dos meus 365 dias de escritor.