sexta-feira, 16 de março de 2018


JOÃO RAMALHO EM DOSE DUPLA
MILTON MACIEL

Vem aí a segunda edição, bastante ampliada, de JOÃO RAMALHO NO PARAÍSO. E a sua continuação, JOÃO RAMALHO FUNDADOR, em sua primeira edição.

Esses romances históricos, criados com dinâmica de roteiros de cinema, contam, de forma original e divertida, a história desse que foi um português fundamental para a colonização do sudeste do Brasil. Aportado nas costas da atual São Vicente em 1512, quanto tinha apenas 19 anos, Ramalho foi acolhido pela tribo dos guaianazes, liderada pelo cacique Tibiriçá, de Inhapuambuçu, no planalto de Piratininga.

João casou com a filha do cacique, Bartira. E converteu-se em um perfeito índio. Aprendeu a falar tupi e passou a andar sempre nu, como todos os guaianazes. Era o verdadeiro ai-jesus das índias: teve 9 filhos com Bartira e mais 48 com diversas outras indígenas, tendo casado também com algumas delas  por serem filhas de caciques de outras tribos. Esses casamentos, segundo os costumes dos tupiniquins em geral, estabeleciam alianças estratégicas, passando João a ser considerado membro da família de cada novo cacique-sogro.


Os costumes sociais dos tupiniquins, a grande liberdade sexual das índias e a naturalidade de sua manifestação colorem as páginas da saga de Ramalho com cenas de muita sensualidade e com muita coisa realmente surpreendente.

Com seus filhos mestiços, à medida que eles cresceram, João Ramalho formou o primeiro exército legitimamente brasileiro. Comprava arcabuses e pólvora dos contrabandistas franceses e espanhóis, para armar seus soldados-filhos, completando o destacamento com centenas de indígenas armados de arco e flecha. Foi com tal exército que João Ramalho e seu sogro Tibiriçá salvaram a ainda infante São Paulo de Piratininga da destruição pelos tamoios invasores.

Foi João Ramalho, com seu exército, que permitiu que Martim Afonso de Sousa, em 1532, convertesse Tumiaru, o Porto dos Escravos, na São Vicente de casas de alvenaria. Foi João Ramalho quem fundou Santo André da Borda do Campo. E foi ainda João Ramalho que conseguiu a autorização de Tibiriçá para que os jesuítas de Manuel da Nóbrega erguessem, numa choça da aldeia de Tibiriçá, o Colégio de São Paulo de Piratininga, de onde se originaria nada menos do que a maior cidade do Brasil.

A imensa maioria dos orgulhosos paulistas quatrocentões tem o pé na taba, são descendentes de Ramalho, Bartira e das outras índias.

JOÃO RAMALHO FUNDADOR conta a saga dessas fundações e defesas, bem como do comércio de escravos indígenas com navegadores, portugueses, espanhóis e franceses. Apresenta Antonio Rodrigues e o Bacharel da Cananéia, o bombardeio de São Vicente por navio liderado por este último personagem, então aliado dos espanhóis. Ali em Cananéia passava o meridiano de Tordesilhas e, dali em diante, todas as terras mais ao sul pertenciam à Espanha. E vai, através da interação de Ramalho com Manuel de Nóbrega e José de Anchieta, até a baía da Guanabara, onde os franceses tentavam consolidar sua França Antártica, o que é narrado no terceiro volume da série, que se chama, com muita propriedade, "VILLEGAIGNON NO INFERNO", atualmente em editoração.

Essa série de livros tem o nome geral “DE FRANÇA E BRASIL” e se encerra com o quarto e último volume, “MONSIEUR LE PRINCE ESSOMERICQ”. Que é a história – contada sempre por ele mesmo – do indiozinho carijó de 14 anos levado para a Normandia pelo navegador Binot Paulmier, de Goneville, em 1504. Essomericq – maneira como os franceses conseguiam pronunciar o nome do indiozinho, que era Içá Mirim (ou seja, Formiguinha) acabou adotado por Binot, que lhe deu seu mesmo nome e o tornou herdeiro principal dos seus bens. Casando com uma parente de Binot e tendo com ela 14 filhos, Formiguinha foi o primeiro brasileiro que conquistou a Europa, morrendo aos 93 anos como um abastado comerciante normando. Seus descendentes propalaram que ele era um príncipe, posto que filho de um rei do Brasil, isto é, o cacique de uma tribo carijó.

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