domingo, 11 de fevereiro de 2018

UM QUASE-SOL 
MILTON MACIEL

Um quase-sol semidesmaia no horizonte,
Por trás de nuvens ralas, baixas, descabidas.
E um céu cinzento obscurece minha fronte,
Levando a doer, ainda mais, minhas feridas.

Em cada nuvem esboçada pelo vento,
Eu sempre acabo por prever sua figura.
Sou só saudade, só névoa, ressentimento,
Um triste amante a afundar-se em amargura.

No contraponto das esperanças perdidas,
Eu desespero e pressinto, em plena agrura,
Você inconstante, como as nuvens esbatidas.

No meu futuro vejo só agonia pura:
O sobressalto de suas voltas e partidas
E o insano amor que por você em mim perdura.

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