segunda-feira, 17 de julho de 2017

POR UMA MASCULINIDADE SADIA
MILTON MACIEL

Os números do medo e da covardia: A OMS – Organização Mundial da Saúde – relata que, em todo o mundo, 50% de todas as mulheres assassinadas são vítimas de seus próprios homens, marido, amante, namorado – atual ou ex. Há vários países em que mais de 70% das mulheres foram ou são vítimas de agressão física contumaz e onde mais da metade delas relatam que sua primeira relação sexual foi forçada. 
 
Quando, em 2009, Ellen Snortland e eu lançamos nosso livro "A BELA MORDE A FERA" em São Paulo, fomos convidados pelo Geledès – Instituto da Mulher Negra – para fazer uma apresentação no Hospital de São Mateus, da Prefeitura paulistana, onde funciona uma unidade para mulheres agredidas. Havia cerca de cem mulheres, sendo 80 delas as agredidas, mais algumas assistentes sociais, psicólogas e enfermeiras do hospital. 
 
Ellen – uma brilhante ativista, escritora, jornalista e instrutora de autodefesa de Los Angeles, USA – falou a elas, enquanto eu fazia a tradução para o português. A seguir Ellen fez várias demonstrações de movimentos de autodefesa feminina contra as diferentes formas de agressão. Só algumas poucas mulheres não puderam nos assistir naquele dia: elas estavam imobilizadas em leitos da enfermaria, impossibilitadas de se moverem, tal a gravidade dos ferimentos e fraturas a que foram submetidas pela covardia selvagem de seus agressores.
 
Mas foi o caso de uma dessas ausentes o que mais nos chocou. Ela estivera internada até um par de dias antes de nossa apresentação. O ex-companheiro, não aceitando a separação, como é tristemente usual, jogou nela um balde de gasolina e ateou fogo. Ela ardeu por inteiro e agonizou por uma semana no Hospital de São Mateus. Não resistiu. Morreu – horrivelmente desfigurada.
 
Felizmente desta vez o castigo veio rápido, o que quase nunca acontece. O imbecil não percebeu que uma parte da gasolina arremessada com força sobre a mulher simplesmente respingou em sua própria roupa. Ou seja, ele também queimou junto! Só que com muito menos gravidade. Socorrido ao mesmo hospital, padeceu dias de agonia e dores atrozes, até poder ser removido e escoltado pelos policiais de plantão para a delegacia e, posteriormente para a prisão. Onde outros presos, gentilmente, o ajudaram a se livrar do planeta Terra ligeirinho.
 
Pois a causa de todas essas desgraças atende por um só e único nome: MACHISMO! E é aí que nós, homens, temos a obrigação de intervir e entrar na luta para interromper a propagação da eternamente repetida violência física, psicológica e sexual contra a mulher. (A CONTINUAR)

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