segunda-feira, 31 de julho de 2017

VIDA, VIDA, VIDA
MILTON MACIEL

         (Para Lucinda Clarita Boehm)


E o que é a Vida?

Não são estes escassos minutos cósmicos fendidos,
Que vivemos entre haustos sutis de eternidade,
Ilusão fugaz de quem olha pra Verdade
Obnubilado à pouca luz da vã Matéria.
Ao desmaterializar-se o Ser, à luz etérea,
Fulge a alma livre de qualquer passada escória.

A vida é isso:
A vida é só memória,
É sulco, é fenda, é trajetória.
A vida é isso:
A vida é história!

Não é o mal viver da humana queixa.
Não é o que se leva. É o que se deixa!


sábado, 22 de julho de 2017

FERNANDO PESSOA era ASTRÓLOGO PROFISSIONAL
MILTON MACIEL

O maior dos poetas portugueses contemporâneos, Fernando Pessoa, manifestava grande interesse por assuntos esotéricos. Revelações feitas pelo escritor português Paulo Cardoso no livro “Mar Português e a Mensagem Astrológica”, mostram um Fernando Pessoa muito mais envolvido com a Astrologia do que se supunha até então.

O longo e persistente trabalho de investigação de Paulo Cardoso foi possível a partir do momento em que os familiares de Pessoa doaram todo o espólio cultural do poeta ao governo português. Paulo foi uma das poucas pessoas a obter autorização para manusear o impressionante acervo de 30 mil documentos originais, manuscritos ou datilografados.

O que ele descobriu, boquiaberto, é que nada menos que 2700 desses documentos se referem a assuntos de numerologia, geometria sagrada e, esmagadoramente, de Astrologia. Aos olhos do pesquisador foi aparecendo aos poucos um Fernando Pessoa astrólogo. E um astrólogo profissional, que cobrava por consultas dadas, com uma tabela de preços encontrada em um manuscrito de próprio punho, com preços para interpretação simples, interpretação média e interpretação avançada.

Mas a coisa não parava aí. Paulo Cardoso descobriu que Pessoa definia seus heterônimos astrologicamente. Aplicava técnica eletiva até encontrar um mapa que mais se assemelhasse com o heterônimo que tinha em mente criar. Em seu livro, Paulo Cardoso reproduz o mapa, feito pelo poeta, de seu heterônimo Ricardo Reis, o médico. Este, Álvaro de Campos, o engenheiro e Alberto Caeiro, o pouco culto, são os três mais conhecidos heterônimos usados pelo poeta.

Mas o que mais impressionou Paulo foi descobrir o heterônimo Raphael Baldaya, que Fernando Pessoa apresentou como sendo o mais velho e o mais sábio de todos e que era astrólogo!
 
Sob esse nome fictício, Pessoa elaborou um projeto editorial que lhe era especialmente caro ao coração: a publicação de um livro técnico de Astrologia, com o nome “Essays in Astrology” – Ensaios de Astrologia. Na revista “Delphos Astrologia, Vol. 1 No. 2 foi publicado o fac-símile da página original, datilografada pelo próprio poeta, que é reproduzido no fim deste artigo.

O texto está datilografado em inglês, a segunda língua de Pessoa, já que ele viveu muitos anos estudando na África do Sul. Uma grande parte dos originais de Pessoa é redigida em inglês, já que esse fantástico geminiano até nisso exibia sua dualidade: era absolutamente bilíngue.

Aliás, a manifestação da multiplicidade de talentos de Fernando Pessoa é uma exteriorização do seu multifacetamento interior. O que ele aprendeu a equilibrar com o auxílio da Astrologia, criando com ela os seus heterônimos, seus diversos eu-mesmo, seus personagens internos.

Fernando Pessoa tinha o Sol em Gêmeos e Mercúrio, seu dispositor, no sensível e poético signo de Câncer. Ali, na casa XI natal, recebia a dupla quadratura de Marte e Urano, conjuntos em Libra. Uma estrutura planetária que indica a existência de um possível hipertireoidismo em Pessoa.

Como escreveu Paulo Cardoso:

“A Astrologia vai-lhe ser uma filosofia de apoio, o fio que lhe permitirá habitar e viajar o labirinto de sua interioridade, enveredar por sua irresistível vocação de descobridor dos meandros do seu próprio processo intelectual, sem que corresse o perigo de cisão total com o exterior, com o mundo, o risco de ficar eternamente fechado, hipnotizado, extasiado, sucumbido no delirante ritmo de sua mente. A Astrologia foi pois, a partir dessa altura, a fórmula que respondia assiduamente às dúvidas que se lhe punham acerca de sua sincronia com a vida e com o mundo.”

Projeto do livro de Astrologia de Fernando Pessoa, que não chegou a ser publicado em razão da morte prematura do poeta:

ESSAYS IN ASTROLOGY
By Raphael Baldaya

I – The conventions in Astrology
1)      The intellectual zodiac
2)      The measures
3)      The attributions
II – The zodiac
III – Directional Astrology
IV – Symbolic directions
V – Prenatal figures
VI – Mundane Astrology
VII – Defense and justification of Astrology
VIII – Horary Astrology
IX – The sorts
X – The fixed stars  
XI – Transits and eclipses
XII – General reading of the nativity
XIII – The mundane houses
XIV – The foreign element in Astrology
          Rejection of the Occult Element, of the Symbolic element

 
 
















EU TAMBÉM USO ESSE MESMO RECURSO, MAS PARA A CRIAÇÃO DE MEUS PROTAGONISTAS. 

LOLITA DE ARACAJU, personagem do meu primeiro romance, é uma paulistinha, nascida em Brotas, interior de São Paulo. Quando tinha 16 anos, tornou-se dona de um bordel em Aracaju, ficando riquíssima em poucos anos. Era completamente paranormal. Fiz o mapa para essa mulher atraente, sensual e poderosa em 2008, quando escrevi, em 90 dias, o livro que tem o mesmo nome dela e que ficou com 320 páginas.

Muito anos depois, em Novembro de 2015, comecei a escrever, em um hospital onde estive internado por 2 dias apenas, em Timbó, SC (fica a  90 km da cidade onde vivo), o meu 9o. romance, LUA OCULTA. Criei a protagonista da história, a belíssima Larissa Silva, Miss Amarante (nome fictício que dei para Timbó, SC)  e fiz seu mapa astrológico. Ela estava com 23 anos quando de sua criação. Só muito tempo depois percebi que ela era coetânea da Lolita de Brotas, criada 7 anos antes. Surpreendentemente, as duas tinham nascido em 1992, com a diferença de apenas 1 mês, e quase na mesmo momento; Lolita é Escorpião e nasceu às 6:03 da manhã, em Brotas. Larissa é Libra, nascida às 6:02 em Timbó. Ambas nascidas no momento em que a Lua Nova cruzava o ascendente. Terminei LUA OCULTA em maio de 2016 e ele acabou ficando com impressionantes 1088 páginas.

Ter os mapas astrológicos "natais"  de meus personagens me permite saber porque eles fazem o que fazem e quais serão suas reações ante as mais diversas circunstâncias. Também posso saber de antemão as aspectos de suas Sombras (no sentido junguiano, psicológico, do termo) e, portanto, quais seus medos, bloqueios e processos de autossabotagem. E, importantíssimo, quais seus anseios e desejos maiores e quais os preços que terão que pagar para poderem passar pela transformação e  crescimento que são o cerne mesmo da cada história. Também ajuda demais saber qual o perfil de relacionamentos de cada personagem, tanto amorosos, quanto familiares.

Anexo aqui os mapas de LOLITA DE ARACAJU, a mais jovem dona de bordel do mundo e de Larissa Silva, a Miss Amarante de LUA OCULTA.

Nos meus 10 romances publicados, os protagonistas são sempre mulheres. A exceção corre por conta  dos históricos "João Ramalho no Paraíso" e "A Guerra de Jacques", de 2017, recentemente lançado. 

Mapa de LOLITA DE ARACAJU

Mapa de LARISSA SILVA



terça-feira, 18 de julho de 2017

POR UMA MASCULINIDADE SADIA – 2a. parte
MILTON  MACIEL
AS RAÍZES PSICOLÓGICAS DO MACHISMO 
        “Homens e mulheres já nascem machistas. Isso é o que muito pouca gente percebe. Enquanto se desenrola a luta secular das mulheres por emancipação, tremendas forças inerciais resistem ao seu avanço, apresentadas por homens e, paradoxalmente, por mulheres também. São forças inconscientes e coletivas, são os arquétipos da sociedade patriarcal e machista, formados ao longo dos últimos dez mil anos, que se impõem, irresistíveis, desde o fundo do inconsciente de meninas e meninos, minando toda possibilidade de harmonia e cooperação entre os gêneros, desde a mais tenra infância. Arquétipos são figurações multimilenares do inconsciente coletivo.
     Estamos literalmente programados, tanto homens quanto mulheres, para sermos machistas. Essa programação brutal precede o nosso nascimento. Somos, portanto, machistas de nascença. Por muito tempo ficaremos dominados por essas forças incoercíveis. As mulheres tomam consciência delas muito cedo, porque serão, desde meninas, vítimas permanentes desse machismo latente, oculto, que se exterioriza para submergi-las em um mundo de medo e de exploração. Os homens tardam mais a perceber seu papel opressor. Eu, um gaúcho típico da fronteira com o Uruguai, onde vivi até os 14 anos, precisei de quase cinco décadas para cair na real e perceber que o pior no machismo é o fato de ele ser atávico e oculto, inconsciente.” 
Excerto extraído de: [Milton Maciel -  O Machismo Oculto, in: “A Bela Morde a Fera” (IDEL, São Paulo, 2009 – pg. 288)]
   As mulheres, embora vitimadas pelo machismo, não conseguem perceber que são, ao mesmo tempo, suas propagadoras de geração a geração. Compelidas pela força inconsciente do arquétipo, criam suas filhas para serem A Bela, para serem submissas; e seus filhos, para serem dominadores. Ensinam a elas que elas são fracas e que não são capazes de defender a si próprias quando agredidas ou desrespeitadas, que só um homem poderá defendê-las. Nada pode ser menos verdadeiro. O homem será, quase sempre, o agressor!
   Já mães e pais criam seus meninos para serem A Fera,  para serem agressivos, fortes, competitivos, ferozes até. E, dessa forma, castram completamente a possibilidade de um crescimento em que exista respeito e integração verdadeiros entre meninas e meninos, o que vai perpetuar a raiz da futura infelicidade conjugal, de lares emocionalmente desequilibrados, berço para uma nova geração de crianças emocionalmente desbalanceadas, incompletas afetivamente, futuros agressores e agredidas, a ferirem-se uns aos outros inapelavelmente, infelizes no amor, insatisfeitos no sexo. 
O machismo é a nossa grande chaga coletiva, a gênese da nossa infelicidade amorosa.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

POR UMA MASCULINIDADE SADIA
MILTON MACIEL

Os números do medo e da covardia: A OMS – Organização Mundial da Saúde – relata que, em todo o mundo, 50% de todas as mulheres assassinadas são vítimas de seus próprios homens, marido, amante, namorado – atual ou ex. Há vários países em que mais de 70% das mulheres foram ou são vítimas de agressão física contumaz e onde mais da metade delas relatam que sua primeira relação sexual foi forçada. 
 
Quando, em 2009, Ellen Snortland e eu lançamos nosso livro "A BELA MORDE A FERA" em São Paulo, fomos convidados pelo Geledès – Instituto da Mulher Negra – para fazer uma apresentação no Hospital de São Mateus, da Prefeitura paulistana, onde funciona uma unidade para mulheres agredidas. Havia cerca de cem mulheres, sendo 80 delas as agredidas, mais algumas assistentes sociais, psicólogas e enfermeiras do hospital. 
 
Ellen – uma brilhante ativista, escritora, jornalista e instrutora de autodefesa de Los Angeles, USA – falou a elas, enquanto eu fazia a tradução para o português. A seguir Ellen fez várias demonstrações de movimentos de autodefesa feminina contra as diferentes formas de agressão. Só algumas poucas mulheres não puderam nos assistir naquele dia: elas estavam imobilizadas em leitos da enfermaria, impossibilitadas de se moverem, tal a gravidade dos ferimentos e fraturas a que foram submetidas pela covardia selvagem de seus agressores.
 
Mas foi o caso de uma dessas ausentes o que mais nos chocou. Ela estivera internada até um par de dias antes de nossa apresentação. O ex-companheiro, não aceitando a separação, como é tristemente usual, jogou nela um balde de gasolina e ateou fogo. Ela ardeu por inteiro e agonizou por uma semana no Hospital de São Mateus. Não resistiu. Morreu – horrivelmente desfigurada.
 
Felizmente desta vez o castigo veio rápido, o que quase nunca acontece. O imbecil não percebeu que uma parte da gasolina arremessada com força sobre a mulher simplesmente respingou em sua própria roupa. Ou seja, ele também queimou junto! Só que com muito menos gravidade. Socorrido ao mesmo hospital, padeceu dias de agonia e dores atrozes, até poder ser removido e escoltado pelos policiais de plantão para a delegacia e, posteriormente para a prisão. Onde outros presos, gentilmente, o ajudaram a se livrar do planeta Terra ligeirinho.
 
Pois a causa de todas essas desgraças atende por um só e único nome: MACHISMO! E é aí que nós, homens, temos a obrigação de intervir e entrar na luta para interromper a propagação da eternamente repetida violência física, psicológica e sexual contra a mulher. (A CONTINUAR)

sábado, 15 de julho de 2017

IT'S SATURDAY
F#m - Songwriter MILTON MACIEL

It's Saturday
and by the way,
here is something
I have to say:

A caring hug,  a tender kiss
and telling her "I miss, I miss
your body warmth
inside my arms,
your presence here,
'cause in my heart
you're always there.


You're always there,
inside my skin,
Singing this love
is all I mean."
It's Saturday,
a blessed day,
because she's here,
because she's here

sábado, 1 de julho de 2017

Pediatras americanos recomendam ler para bebês DESDE O SEU NASCIMENTO!
MILTON MACIEL (Crônica Jornal do iririu, 26/7/17)

Gal Costa me contou que sua mãe, Mariinha, quando estava grávida desta sua única criança, parava tudo o que estivesse fazendo à uma da tarde, sentava-se e colocava o radio sobre a barriga. E durante uma hora, todos os dias, durante toda a gestação, sintonizava, com som bem suave, um programa que tocava músicas direto, sem propaganda, PARA QUE SEU BEBÊ PUDESSE OUVIR.

         E Gal me falou que tem certeza que foi isso que influenciou sua única vocação de toda uma vida: “Desde que me conheço por gente, eu sabia que ia ser cantora, sempre quis ser cantora, só cantora.”

Ela me disse que, quando tinha 5 para 6 anos, Sandra e Dedé Gadelha, que já tinham 9 e 8 anos, levavam Gracinha (Gal) e um caixote para uma pracinha pertinho da casa delas, em Salvador; colocavam Gal sobre o caixote e faziam-na cantar para o povo. As pessoas adoravam, as meninas maiores pediam moedinhas para o público e... assim que viam que tinham o suficiente para pagar as entradas da matinê do cinema, saiam correndo para lá e deixavam Gracinha sozinha na praça, em cima do caixote, chorando. Gracinha cresceu para se tornar a maior cantora do Brasil. Sandra cresceu e casou com Gilberto Gil. Dedé cresceu e casou com Caetano Velloso.

Por que estou contando isso? Para chamar sua atenção para este outro assunto: A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendou que os pais leiam para seus filhos desde o nascimento(!) até pelo menos os três anos, para estimular a aquisição da linguagem e outras capacidades comunicativas. Repito: DESDE O NASCIMENTO. Na verdade, recomendo que o faça desde que sua criança está NO VENTRE. Como Gracinha. Diz a Academia:

“Ler histórias com regularidade para crianças pequenas desde o seu nascimento, estimula de forma ótima seu cérebro e reforça a relação com os pais, em um momento crucial de seu desenvolvimento. Em contrapartida, as crianças desenvolvem a linguagem, o aprendizado da leitura e adquirem capacidades sócio-emocionais para o resto de suas vidas”. PARA O RESTO DE SUAS VIDAS, entendeu?.

Esta recomendação se apóia num fato cada vez mais reconhecido pelos neurologistas: uma parte crucial do desenvolvimento do cérebro se dá nos primeiros três anos de vida. Por isso a APP pede a seus membros que “incentivem todos os pais a ler em voz alta textos para seus filhos pequenos, o que pode reforçar a relação entre ambos e prepará-los para adquirir linguagem e as primeiras bases para a leitura”.

Quando eu tinha 4 anos e meio minha tia Santa me ensinou a ler em um dia. E isso mudou minha vida PARA SEMPRE. Quando entrei na escola eu já era um emérito leitor. Por isso fui sempre primeiro lugar da classe. Depois apliquei a mesma coisa a meus filhos. Ensinei-os a ler entre 3 e 4 anos. E eles foram sempre primeiro lugar na escola. Simples assim. Este ano estou prestes a completar a marca dos meus 40 livros publicados. Para quem o crédito? Para minha santa tia Santa, que me ensinou a ler e me encheu de livros a infância inteira.

Leitor(a): LEIA PARA SEU BEBÊ enquanto ainda é tempo. Toque música suave, sem barulheira, para ele. Tias, ensinem seus sobrinhos a ler entre os 3 e os 5 anos. Ou mães, pais, avós, etc... Vocês não imaginam a moleza que vai ser a vida escolar deles para vocês, depois.