segunda-feira, 16 de julho de 2012

AS DUAS SOMBRAS
Olegário Mariano

Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando as estrelas se multiplicavam
Duas sombras errantes se encontraram.

A primeira falou: - Nasci de um beijo
de luz; sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a glória do Desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor
O mundo sinto exânime a meus pés...
Sou Delírio... Loucura... E tu, quem és?

- Eu nasci de uma lágrima, sou flama
Do teu incêndio que devora...
Vivo dos olhos tristes de quem ama
Para os olhos nevoentos de quem chora.
Dizem que ao mundo vim para ser boa
Para dar do meu sangue a quem me queira
Sou a Saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...

Na encruzilhada silenciosa do Destino.
As duas Sombras comovidas se abraçaram
E, desde então, nunca mais se separaram

domingo, 15 de julho de 2012


A MENINA DA LADEIRA – 3ª. Parte  
MILTON  MACIEL

Talvez os olhos da pequena explicassem tudo. Quando olhou dentro deles, sua intuição lhe mostrou que era falso o convite que eles sorriam. Olhando mais fundo, por trás da insinuação, o que viu foi desespero, angústia, carência e muito, muito medo! Por isso teve receio instintivo da garota. Não queria, de jeito algum, voltar a se envolver com qualquer pessoa. Mas o grito de socorro dos olhos da menina continuou ecoando dentro de sua mente, de suas entranhas, do seu sexo mesmo, a ponto de inibir completamente a primeira onda de desejo de que fora acometido por força do cálido convite.
           
Fugiu da garota, refugiou-se em sua ilha, trancou a porta. Mas os olhos castanhos claríssimos continuaram chamando por ele, não saiam de sua mente, ocupavam todos os espaços da sala escura. Quando a viu pelo vão da cortina, apoiada ao muro da casa em frente, assustou-se. A moça chorava copiosamente, todo o seu corpo estremecia convulso, enquanto ela falava palavras para ele ininteligíveis. Foi quando a certeza explodiu dentro dele: danem-se as regras do exílio, tinha que decifrar aquele enigma, tinha que ajudar aquela menina. Por isso a seguiu até o trapiche onde ela oficiava com suas colegas.

Decidiu, ao chegar, que devia dar a si mesmo uma última chance. Antes de mais nada, abordaria a menina como prostituta, proporia o programa. Se esse acontecesse, livrar-se-ia em definitivo daquela incômoda situação, que pressentia de alto risco. Nada poderia ser mais frio e mais profissional. Só que o inesperado veio dar sua contribuição, complicando as coisas ainda mais para o velho.

No exato momento em que ele começava a falar com a moça, freios guincharam, portas bateram, três homens saíram de um automóvel e tomaram o cais de assalto. O que parecia ser o chefe, o velho já o tinha visto, sabia quem era: um cafetão e traficante de mulheres e drogas, indivíduo perigoso, da pior espécie. Os outros dois, óbvios meganhas, armas visíveis, formavam seu esquadrão de assalto.

Os capangas mandaram o velho sumir das vistas deles, juntaram todas as moças no centro da plataforma. Então o chefe explicou-lhes quem era e o que estava sendo ali disposto como nova lei para elas. Dali em diante trabalhariam para o chefe, ele mandaria mais clientes, elas pagariam uma taxa de proteção e mais uma comissão para ele. E, ainda mais importante, passariam a funcionar como ‘mulas’ para o novo senhor delas: entregariam pequenas doses de drogas para consumidores, pelo geral clientes dos programas delas, e cuidariam de trazer o dinheiro muito certinho para o chefe e seus portadores.

O novo dono deixou bem claro que elas não tinham qualquer direito, qualquer possibilidade de recusa. Estariam sendo observadas por outras mulheres, por dedos-duros, por policiais do bando, nada podia ser escondido do chefe. E, para que não pairasse qualquer dúvida, para que a primeira lição fosse muito bem aprendida pelas novas “protegidas”, os três homens passaram a dar uma amostra grátis do tratamento dispensado às insubordinadas. Ordenando que parassem de chorar e que não gritassem nem pedissem socorro em hipótese alguma, começaram a distribuir pancadas em todas as seis mulheres.

O cafetão arrastou a menina mais bonitinha, a que estava conversando com o velho, para o trapiche e ali a forçou a servi-lo, com evidentes requintes de sadismo. O mesmo aconteceu com as todas as outras moças, usadas com violência pelos outros dois homens.

Quando os bandidos foram embora, as moças ficaram juntando seus pedaços aos prantos, mais desesperadas do que nunca. Mais uma vez tinham sido todas vilipendiadas, espancadas, estupradas, reduzidas a nada. Aquela conjunção de dor, vergonha, revolta e impotência, que todas elas conheciam tão bem, sempre e sempre repetida, levou-as a dividir solidariamente aquele momento terrível – mais um, sempre havia mais um! Consolaram-se umas às outras, despediram-se com tristeza infinita, a noite tinha acabado para elas, corpos e partes doloridos, almas esfrangalhadas. Tomou cada uma, silente, o seu rumo. Para as moças, três das quais ainda menores de idade, aquela foi uma noite de horror e de derrota. Para os três bandidos, uma noite de sadismo e de sucesso.

A única coisa ruim para eles foi ter um certo homem velho, a quem se ordenara que sumisse, desacatado a ordem. Escondendo-se, assistiu às cenas de brutalidade, de selvageria covarde. E aquele velho ficou terrivelmente indignado, completamente furioso. Pior: teve para si que entendia, enfim, por que razão se preocupara com a menina da ladeira e a seguira. E, ali mesmo, na sebe em que se ocultara, desfez seu primeiro voto e proferiu um segundo: deixava de ser náufrago ermitão, estava aberto o caminho para que seres humanos entrassem outra vez em sua vida.

E, azar extremo do cafetão e seus asseclas, o homem velho jurou que iria liquidar com eles completamente, aniquilá-los em definitivo. Alguém deveria ter-lhes ensinado que nunca se deve subestimar totalmente um desconhecido, mesmo quando ele parece ser apenas um velho inofensivo. Realmente muito azar dos criminosos, porque, dali mesmo onde estava, o homem fez uma ligação do seu celular para a capital, a 200 km de distância. Chamou um certo Aldrovando, que atendeu todo feliz:

Sim, Delegado, quanta honra, diga o que manda, o senhor não sabe a falta que faz aqui desde que se aposentou, chefe.
(a concluir na próxima postagem)

QUANDO NASCE UMA CRIANÇA   

MILTON  MACIEL

Quando nasce uma criança,
por certo
é a alegria de Deus que está por perto,
pois quem nasce com ela é a Esperança.

Quando um criança nasce

A Vida
Canta de Amor por si mesma, embevecida.
Pois não há Arte maior que o artista trace.

Quando nasce uma criança,
o Mundo
sempre estremece, confiante, lá no fundo,
no futuro da semente que ora lança.

Quando uma criança nasce,
tudo cala,
pois é a força do seu grito que propala
o milagre dos milagres que então dá-se.

Quando nasce uma criança,
avança
a possível solução do humano impasse;
porque uma criança nasce!

sábado, 14 de julho de 2012

NÃO ENTENDIMENTO
JULIANO RIECHELMANN
Blog: Eski de Letras (http://eskideletras.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html)

Dizem-me "viva!", mas não estou morrendo.
Dizem-me "durma!", mas não tenho sono.
Querem que eu pare, mas não comecei.
Querem que eu continue - nem parei.

Comemoram (viva!) minha ignorância?
Ludibriam (durma!) minha atenção?
Paz insensata, querer dubitável.
Mesmice serena, vazio amável.

E vai-se a vida, viva, sem saber como,
e digo quieta, durma, à paz gritante.
Como quisesse dor enganado amor,
ou pedisse vivas, sonolento instante.

APARTAMENTO ERRADO 
MILTON  MACIEL

      Aquela profusão de cabelos rutilantes, que na luz escassa do amanhecer pareciam até ruivos... Ruivos?!!!
 Deu um salto na cama. Seus olhos estacaram ante dois olhos muito azuis, muito lindos, muito esbugalhados:

– Heitor!

– Alice!

– Deus do céu, o que você está fazendo aqui na minha cama?

– Como? O que VOCÊ está fazendo no meu quarto e... Ei, cadê a Helena?

– Ué, tá no apartamento de vocês, é claro...

– Quer dizer...

– Quer dizer que você entrou no meu apartamento, andar errado, seu cretino. Chegou de fogo, se enfiou na minha cama no escuro e, enfim... Céus! você... enfim...

– É. Mas que loucura...

– Safado! Me comeu na marra. Seu traidor!

– Você está louca? Você me agarrou, foi passando a mão, foi pegando... Eu só queria dormir, tava de porre, pô. Não tive culpa.

– Como não teve culpa, seu abusado? Eu pensei que era o Arizinho que tinha voltado antes da viagem. E agora, Meu Deus, o que é que eu faço?

– Ué... não sei. Acho que o melhor é a gente ficar quieto. Ninguém tem que saber.

– Claro! Só faltava você contar pro prédio inteiro que me comeu. O Arizinho te mata. Ai, ele me mata também! Ai, meu Deus, não me abre essa boca, por caridade!

– Eu, abrir a boca? E a Helena? Ela acaba comigo, vai ser o maior inferno. Vê se não vai me dar uma de Madalena arrependida e acabar contando tudo pra ela mais tarde, numa crise de consciência.

– Ai, Heitor. Você acha que eu sou assim tão retardada?

– Não acho nada. Não sei. Mulher é esquisito. Mas pode ficar fria, que eu... Pô, fria você?! Você é mulher mais quente que eu já...

– Olha o que você vai falar, seu tarado!

– Tarado, eu?!... Pô, Alice, já esqueceu tudo o que você fez esta noite, no escuro? Quem tava de porre era eu...

– Já falei que pensei que era o Arizinho. Bem, admito que eu estranhei muito. Pensei que tinha acontecido um milagre, o Arizinho tão forte, tão fogoso, sem arriar todo aquele tempo, gemendo e urrando, um espetáculo. Só podia ser por causa da bebida, pensei. O Arizinho nunca bebe. E ele nunca quis saber de fazer aquelas... Que que eu to falando, meu Deus?...

– Aquelas o que?

– Aquelas... Ah. Você sabe o que eu quero dizer!

– Ah, aquelas... É. Eu até estranhei a maneira que você urrava, parecia outra pessoa.

Era outra pessoa, seu cretino! E eu urrava, é? Urrava?

– É, eu acho que sim, pelo menos foi como eu ouvi ali de baixo.

– Pois ouviu errado, você estava de porre, seu bebum!

– Não urrou então?

– Não, que eu não sou bicho. Tá certo que me excedi nos gritos, não deu pra controlar, nunca antes alguém tinha feito assim tão bem feito comigo. Ai, ai, esquece, eu não disse isso.

– Disse sim, acaba de dizer. Gostou é?

– Não vou responder. Ei, não puxa o meu lençol!

– Pô, você é ruiva total, toda ruivinha, não é só no cabelo. Que lindinha!

– Pára, seu animal! Já disse que não foi por querer. Me dá esse lençol!

– Tá, toma. Mas que é lindinha demais, isso é.

– Lindinha?...

– Mimosa, delicada, ruivinha. Eu nunca tinha visto assim.

– Lindinha, é?...

– Muito!

– Você acha mesmo?

– Acho. A mais linda que eu já vi.

– Verdade? Jura?...

– Juro. Deixa eu ver de novo? Só um pouquinho. Linda demais...

– Só um pouquinho...  Anh...  e você faz aquilo de novo? Só um pouquinho...

CAI O PANO. FIM DO PRIMEIRO ATO, EM RESPEITO A LEITORES(AS) MORALISTAS, INCLUÍDOS AÍ OS FALSOS MORALISTAS, QUE SÃO SEMPRE A MAIORIA CONCRETA.

ESTRADA DA VIDA 

MILTON  MACIEL


Ela serpenteia...
Ao longe se perde, até não mais ver.
Então se desfaz, seu leito a crescer,
em pó, em areia.

Ela continua...
de onde virá, pra onde ela vai?
Avança, se curva, enquanto se esvai
pela terra nua.

Ela se esconde...
Se oculta no morro, penetra na mata.
Depois ressurge, qual faixa de prata.
Mas vai para onde?...

Ela traz mudança...
Por ela seguir reforça-me a fé.
Persistindo, sim, pois sei que ela é
a própria Esperança!...

KHIRBET KUMRAN – Nathan, o Zelote 
MILTON   MACIEL

   Do alto, à entrada da caverna, a velha contemplava a paisagem de Khirbet Qumran. A noite caia rápida e a visão da praia e da grande extensão de água à sua frente ia se fazendo mais e mais enevoada, aumentando a falta de nitidez com que as cataratas crescentes em seus olhos a castigavam. Mas nem toda a névoa deste mundo seria capaz de esconder dela o vulto odioso, inconfundível, que se aproximava do penhasco. Puxando um jumento, Shlomo, o publicano, caminhava lentamente pela praia, com seu passo oscilante de bêbado. Uma vertigem tomou conta da velha - quarenta anos de humilhação e maus tratos nas mãos daquela maldito marido assomaram à sua lembrança, enchendo de tristeza e revolta sua mente, até então envolta pela enorme paz do ambiente.

Ali, judiciosamente, a velha se dedicava a colocar os manuscritos dentro dos grandes vasos de argila. Os romanos avançavam cada vez mais e os líderes da comunidade essênia, receosos da destruição de seu grande legado, haviam decidido escondê-lo nas grandes cavernas de Qumran.

   Lágrimas assomavam aos olhos baços da pobre mulher quando algo lá embaixo despertou sua atenção. Da escuridão já quase plena, assomou um vulto por trás de Shlomo e o atacou com um enorme remo de barco. Um único golpe certeiro no alto do crânio, um ruído de pote quebrando, e o velho tombou pesadamente sobre os joelhos. O agressor agiu célere: arrastou o corpo para junto de um grupo de barcos distribuídos entre a areia e a água e o escondeu rapidamente, cobrindo-o com um grande monte de redes de pesca.

A velha passou da surpresa e do susto para uma sensação de alívio e euforia. Ninguém precisaria lhe contar, havia presenciado tudo: o pesadelo chegara ao fim! Décadas de martírio estavam agora encerradas pelas mãos de um Anjo Vingador. Sempre tivera essa convicção: um dia o Senhor haveria de enviar um anjo para punir todas as incontáveis maldades de Shlomo. Por que tardara tanto?

   A velha então deixou-se cair de joelhos, suas lágrimas rolando abundantes agora, enquanto murmurava um rosário de preces e frases ininteligíveis, deixando sair do fundo do peito toda a emoção de que estava tomada. Toda ela parecia estremecer em convulsões, mas seus olhos, quando se abriam, revelavam toda a enorme, toda a indizível alegria de que se via inundada. Nessa situação ficou por longos minutos, até que sua atenção foi de novo chamada por movimentos de pessoas lá embaixo. 

Viu que um pequeno grupo de pescadores se encaminhava para os barcos. E notou que um deles ia direto para o tufo de redes empilhadas, formando um monte estranho à prática comum daqueles homens, o que lhes havia chamado a atenção ao chegarem.  A mulher se ergueu, alarmada. A violenta emoção de euforia deu lugar a um momento de preocupação. Logo os pescadores descobririam o corpo de Shlomo. E, pouco depois, perceberiam que um dos seus barcos havia desaparecido. Nele, o Anjo Vingador se evadira rapidamente da cena do crime.

A velha sentia–se tão imensamente grata a seu redentor que a última coisa que queria é que os homens saíssem à sua caça em seus pequenos veleiros. Acalmou-se um pouco ao lembrar que agora já era noite fechada e que, talvez, os homens custassem a perceber o furto do barco. Mas o que havia por baixo do estranho monte de redes estava para ser descoberto no instante seguinte: o homem já havia começado a remover as redes de cima e chamava, excitado e aos gritos, os seus companheiros.

Aquele a quem a velha chamara seu Anjo Vingador era Nathan da Galiléia. Um Zelote dos mais ativos e dos mais procurados por romanos e judeus, com cabeça a prêmio. Solitário por vocação, Nathan quase sempre agia sozinho. Por isso suas emboscadas e ataques não eram espetaculares. Ao contrário, resumiam-se a cuidadosos e bem planejados raides contra um único indivíduo. Passara, desta vez, quase uma semana à caça do velho publicano Shlomo, um cruel explorador do seu próprio povo, de quem arrancava escorchantes tributos que, depois, sonegava em parte aos romanos.

Shlomo fora a causa da desgraça de muitos homens e de suas famílias, nesse rol incluído o pai de Nathan. O velho Shaul, expropriado da maior parte dos seus bens, não havia resistido à tristeza e à humilhação. Embora a família contasse que ele caíra do penhasco, seus filhos perceberam que ele havia saltado para o fim, em desespero. Agora Nathan lhe fizera justiça.

Sem saber do drama da velha mulher do abutre publicano, via a si mesmo como um Anjo Vingador. Mas não apenas de seu pai, senão que de todo um povo massacrado e vilipendiado pelos invasores romanos e seu asseclas judeus, estes ainda mais odiosos por se locupletarem com as escassas sobras arrancadas a pulso de seus compatriotas. Justiçado Shlomo, escondera-lhe o corpo sob redes de pesca e fugira tomando um dos barcos a vela que estavam ali fundeados.

Agora seu olhar perscrutava o grande lago de Asfaltitus, ao qual os romanos preferiam chamar de Mar Morto.  Navegava na noite fechada, sem lua, na escuridão quase completa. Mas seus olhos habituados às longas espreitas nas noites de emboscada, seu passado de menino marinheiro e pescador no Lago de Genesaré, à beira do qual nascera em Cafarnaum, lhe permitiam navegar com segurança mesmo nessas condições. Os mistérios do lago, suas correntes, sua água espessa de sal, não lhe eram estranhos. Por ali já se deslocara em outras missões. Agora, deixando Khirbet Qumran, velejaria toda a noite e pelos dias seguintes, até alcançar o extremo sul do Asfaltitus, saindo dele na altura de Masada. Dali se esgueiraria mais uma vez pelas montanhas, chegando a Hebron e de lá, devidamente disfarçado, haveria de achar caminho para Jerusalém, onde esperava encetar um novo ataque, agora dirigido a um funcionário romano, cúmplice de muitos dos achaques de Shlomo.

   Na noite densa, de poucas estrelas escurecidas pela névoa, Nathan olhava seu Lago Asfaltitus com amor e gratidão. Outros talvez nada pudessem ver, mas para o galileu, ele era totalmente perceptível: via suas águas serenas e escuras, os bancos de areia e os rochedos às margens, as raras fogueiras acesas, uma ou outra escassa casa ou grupo de casas iluminadas pelas lamparinas, nos quase inexistentes vilarejos situados sobre as escarpas. Mar Morto? Não. Mar cheio de esperança de vida enquanto por ali passassem, tudo arriscando, guerrilheiros patrióticos e corajosos como Nathan, o galileu - Nathan Zelote.

JOI, 24/04/2008