NOITE ALTA
Noite alta.
Pés indecisos inscrevem pelas ruas,
uma ambígua, bizarra caligrafia,
de passos bêbados, incertos, oscilantes.
Tristes mulheres, pobres, seminuas,
enregeladas sob a noite fria,
tentam vender seu corpos excitantes.
Desaba a noite sobre todos os cansaços.
E esmaga – os corpos derreados, lassos –
seres moídos de desesperança.
E, quanto mais a madrugada avança,
mais tange um tempo que é de solidão.
É então que, no desolado dos seus lares,
homens vazios sonham sonhos singulares,
cheios de tédio e de desolação.
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