domingo, 29 de março de 2015

EL NENÚFAR BLANCO 
MILTON  MACIEL  -  poesías en español 
(Glossário abaixo)

Un día pasé por el lago…
Y me tuve que parar por un tiempo infinito.
El nenúfar se puso una flor blanca, diáfana
Que en el centro ardía como oro.
Alrededor las hojas verdes oscuras y brillantes.
Y abajo, en el agua calma y fría, el cielo en los reflejos.
Componiendo el sol el resto de un milagro de luces y colores.

Entonces me quede a mirar el nenúfar blanco
Y el, en su mudez, me habló de ti.
Y  me dijo como eras tú, tan bella y tan pura,
Tan superior, que hasta los nenúfares te amaban.
Me contó el que tu me amabas con pasión.
Me reveló que perderte fue el peor error de mi vida.

De mis ojos dos lágrimas cayeran al agua, que se crispó.
Me puse de rodillas y le respondí al nenúfar blanco:
Le dije lo grande que es mi arrepentimiento y mi dolor.
Que cuando me desperté de mi egoísmo… era tarde demás.
Que cuando te fui a buscar, te habías ido para siempre.
Que cuando me di cuenta, estaba irremediablemente solo.
Y que todo fue nada mas que culpa mía. Mea culpa

Se crispó el agua otra vez, mas lágrimas caían.
El nenúfar cerró sus pétalos, uniéndolos como en una oración.
Y entendí que oraba por mí y por my alma destrozada.
Lo hacia con la dulzura  y el puro amor de los nenúfares.
Y yo… Yo hice lo mismo con mis manos.
Las junté en oración y oré a ti.
Y te pedí perdón.
Y te dije como te amo.
Y te hable que sé que no vuelves más. Nunca más!
Y te confesé que, aún así, te voy a esperar para siempre. Todo el siempre…

El nenúfar blanco abrió entonces sus pétalos otra vez
Y de su centro de oro dos gotas se cayeron. El agua se crispó.
El nenúfar blanco lloraba mi dolor!...
Yo entonces me extendí en la orilla
Y le besé a sus pétalos uno a uno.
Y fue como si te besara!

Desde entonces vuelvo al lago todos los días.
Y los nenúfares me hablan de ti.
Y yo les hablo de ti a ellos.
Te recordamos con amor.
Te besamos en los pétalos.
Y sufrimos en paz,
En paz lloramos.
Y el agua se crispa…
Por que te amamos!

NENÚFAR (Nymphaea juno) é um tipo de lótus. 

GLOSSÁRIO:
se puso - se pôs
quede = fiquei
error = erro
rodillas = joelhos
me di cuente = me dei conta
pétalos = pátalas
uniendolos = unindo-os
dulzura = doçura
vuelves = voltas
cayeron = caíram
lloraba = chorava
orilla = margem
besé = beijei
hablo = falo
ellos = eles




sábado, 28 de março de 2015

CEGO BENEVIDES E O MACACO TIÃO
MILTON MACIEL

Cego Benevides é um cantador de cordel arretado. Com ele não tem meia volta ou tis’conjuro. Escreveu, não leu (o cego não consegue ler, mesmo), o pau comeu. Por exemplo, quando um pastor abestado quis promover a cura gay, cego Severino caiu matando, ponteando na viola: (e você, leitor(a), imagine a musiquinha de violeiro do cego, acompanhando os versos)

Pois diz que na tal Brasília
tá assim de home safado...
(Iham, Inham, Inham, Inham...)
Tão salafra que eles é,
que é quase tudo Deputado,
se é um país que tem Justiça
tava tudo condenado!
(Inham, Inham, Inham, Inham...)

Tem um tal de Feliciano
que enganou o eleitorado.
(Inham, inham, inham, Inham...)
Ele fala pros fulano
que ele qué curá os viado,
mas pra mim não tem engano
o que ele qué é sê curado.
(Inham, Inham, Inham, Inham...)

Quando um monte de deputados safados não compareceu à votação para cassar o mandato do colega deles (o Donadon, colega de safadeza), o cego Benevides ficou possesso. No mesmo dia, quando o pessoal começou a sair da missa especial das seis da tarde, em Jacaré dos Homens, Alagoas, o cego lascou:

O que mais tem em Brasília
é deputado bandido...
(Inham, Inham, Inham, Inham...)
Um deles até foi preso,
mas seu cargo foi mantido.
Que os colega do safado
Votaro tudo iscondido!
(Inham, Inham, Inham, Inham...)

Por aí você já pode ver como o cego Benevides é tinhoso. Por isso, quando o macaco Tião apareceu na praça e resolveu perturbar a paz do cego, armou-se a confusão. Naquela hora de mormaço, duas da tarde de um dia de Dezembro, cego Benevides tinha conseguido subir num galho bem baixo de uma árvore, para se refrescar na sombra. Mas acontece que o macaco Tião já estava encarapitado em um galho mais alto e recebeu Benevides com um grunhido ameaçador:
– Esta árvore tem dono!
O cego respondeu
– Ora, não se arrelie, macaco! Aqui tem lugar pra nóis tudo.
– Mais aí você atrapalha minha visão, cego. Vai pra outro galho, então.
– Oxe, sujeito! E tu qué visão mais atrapaiada do que a minha, qué? I eu não mi queixo. E o que é que tu qué tanto vê?
– A Formosa, a cabra de Siá Jussara.
– Ué, i que que tu qué com uma cabra, seu cabra?
– Bem, você sabe como é, neste lugar não tem nenhuma macaca e eu ando na maior secura faz um tempão. Aí ouvi dizer que essa cabra foi viciada por uns meninos lá do engenho do Benedito Leproso. Diz que ela atende eles direitinho e até gosta. Então...
– E essa tal Siá Jussara como é? Que eu nunca vi, mas já escutei falá qui é uma formosura.
– É bem fornida de carnes, cego. Principalmente no quarto traseiro. Quando ela passa todos os homens se viram para olhar o rabo dela.
– E tu não olha também, macaco Tião?
– Eu? Ora, rabo de mulher não me interessa. Já as perninhas da Formosa... Ah!
– Pois tu tem é sorte, macaco. E eu que sô cego, dava um braço pra vê esse rabo lindo de Siá Jussara. Ah, nessa hora, como eu queria vê! Eu queria vê, macaco!

MORAL DA HISTÓRIA –  é tripla:
Cada macaco no seu galho. 
Macaco não olha o rabo, mesmo!
Benevides não é o pior cego, o pior cego é aquele que não quer ver.

sexta-feira, 20 de março de 2015

MINHA CASA SÃO SEU BRAÇOS  
MILTON MACIEL

Minha Casa são seus braços,
seu sorriso, sua espera...
E este sol de primavera
Que vem sempre com seus passos.
Minha Pátria são seus olhos,
minha luz: sua presença.
(Eu perdido na descrença,
feito um néscio com antolhos).

O meu Mundo são seus lábios,
que me beijam docemente,
que murmuram suavemente
seus conselhos sempre sábios.
Esse mundo era perverso,
mas seus braços me prenderam
e, onde eles me acolheram,
encontrei meu Universo!

E, imerso em seu abraço,
me descubro no Infinito.
Meu Mundo é tão mais bonito
quando inteiro em seu regaço!...

terça-feira, 17 de março de 2015

CHEGUEI EXAUSTO  
MILTON MACIEL

Cheguei exausto, quando a luz da Lua
Se esparramava sobre a terra nua,
Mostrando, negro, o meu ressentimento.
Guardando, preso, o som do meu lamento
E o peso incrível desta ausência tua.

Cheguei derreado, triste, derrotado,
Mal conformado com meu duro fado:
O ter perdido tua presença amiga,
O ter morrido em ti a paixão antiga,
Enquanto eu sigo o mesmo apaixonado.

Cheguei, mas antes não tivesse vindo,
Pois aqui sinto o quanto que é infindo
O frio deserto desta tua ausência.
E, em desespero, rogo a Deus clemência:
O frio da morte sobre mim caindo!

Cheguei, mas só para arrastar, sozinho,
Por frias lages, que já foram ninho
De amor, de fé e de contentamento,
O fardo cruento deste meu lamento:
Eis que da rosa... só restou o espinho.

quinta-feira, 12 de março de 2015

CORREU TANTO, TANTO    
MILTON MACIEL  

Correu tanto, tanto, que passou sem sentir pela primavera.
Tinha pressa: produzir, faturar, comandar, comprar, comprar.
Flores abriram e fecharam, mas ele não viu. Ora, flores!...

Pássaros cantaram esfuziantes, mas ele não ouviu. Ora, pássaros!...
Tinha pressa: dar propinas, concorrer, ganhar, comprar, comprar.
Crianças brincaram alegres, mas ele não notou. Ora, crianças!...

Então correu tanto, tanto, que passou sem sentir pelo verão.
Tinha pressa: refinanciar, hipotecar, sonegar, comprar, comprar.
A esposa de olhar sempre mais triste, mas ele ignorou. Ora, mulheres!...

E então correu tanto, tanto, que passou sem sentir pelo outono.
Tinha pressa. E pressão alta, ansiedade, gastrite. Ora, médicos!...
Não chegou ao inverno: O Infarto correu mais que ele. Ora... Ora...

domingo, 8 de março de 2015

DIA DA MULHER É TODO E QUALQUER DIA  
MILTON MACIEL  

Considero que SER MULHER é um ato DIÁRIO de HEROÍSMO, num mundo dominado ainda pelo homem e pelo machismo. Minha obra literária espelha constantemente esse conceito.

Descobri isto nos anos 80 e desde então tenho agido com coerência. Comecei promovendo o painel de debates “Uma Nova Mulher para Uma Nova Era”, em 1984, com as mais importantes líderes feministas de São Paulo, quando organizei III Congresso do Futuro do Instituto Delphos. Desde então, adotei e apregoo meu costume de SÓ VOTAR EM MULHERES nas eleições, exceto quando não existirem candidatas à altura – O QUE É MUITO RARO.

Eu presto não uma homenagem de um dia, mas um reconhecimento prático contínuo e constante do valor da mulher em todas as fronteiras da existência, através de minha obra literária. De todos os HERÓIS de minhas obras de ficção, só dois são homens, o Ataliba, de “Ataliba, Um Paulistano Feliz” e o português João Ramalho, de “João Ramalho no Paraíso”. TODAS as demais personagens centrais de minha ficção em romances e novelas, são MULHERES. Através delas, que são lidas diariamente em todos os cantos do país (e, muito em breve, no exterior), plasma-se continuamente meu entusiasmo, meu reconhecimento e minha admiração pelos SERES HUMANOS do sexo feminino:

As meninas forçadas à prostituição, Iracema e Ritinha, de “ A Espera e a Noivinha”; A adolescente dona de bordel Lolita e sua sócia madura Zezé, de “Lolita de Aracaju”; as sacerdotisas celtas Kina, Alana e Vérica, de “O Cerco”, que inclui também a belíssima eunuco ostrogoda Hilduara; A corajosa guerreira gaulesa Aline, de “Aline de Troyes”; A jovem médica  brasileira Helena Fumiko, de Tókio, em “Dra. Fumiko”; A hilária detetive amadora e professora aposentada sessentona Dhalia Riechelmann, no thriller “Os Reflexos do Peixe Brilhante”; A competente e honestíssima transexual Maria Amália, Primeira Ministra do país em “O Filha da Empregada” e a bela e generosa índia guaianã Bartira, inspiradora e esposa de João Ramalho, em “João Ramalho no Paraíso”

Todas essas mulheres não são apenas personagens auxiliares nesses livros de ficção. Elas são as grandes personagens heroicas e as detentoras reais do poder em todas as tramas. Das meninas prostitutas à sumo-sacerdotisa celta, da generosa e pura índia à benemérita Fumiko, é através dessas mulheres notáveis que eu homenageio na prática TODAS as mulheres, que, independente de títulos ou posições, são TODAS HERÓICAS ‘per se’, por existirem e persistirem como mulheres num mundo que lhes é injusto e desigual.

Também nos livros de não-ficção “A Bela Morde a Fera” (coautoria com a líder feminista americana Ellen Snortland) e “Como é Caro ser Mulher” dou vazão a minha participação ativa no movimento feminista desde os anos 80. E faço do meu blog “Milton Maciel Escritor” e de minha participação no Facebook arenas constantes para centenas de postagens anuais sobre o tema.


Acho justíssima a instituição de um DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Apenas dou um passo adiante no dia-a-dia. Mas, convenhamos, tendo tido a sorte de ter a esposa e as três filhas que tive,  caramba, até que é mais fácil tudo isso. (Aloha: Terezinha, Denise, Andrea, Samantha !)    MM
ESTOU  AQUI  - Samba-canção  
MILTON MACIEL (letra e música)  

E hoje,
vagando assim a esmo,
estou aqui.
É que hoje,
cansado de mim mesmo,
eu venho a ti
Eu persigo uma certeza
que não existe,
para minha tristeza...
E solidão!

E hoje,
Expondo meu segredo,
Estou aqui.
É que hoje,
Dominando meu medo,
Me entrego a ti.
Eu persigo uma quimera
que não persiste,
uma infundada espera...
Ilusão!

E hoje,
entregue à tua vontade,
estou aqui.
É que hoje,
te amando de verdade,
me dou a ti.
Eu persigo uma esperança
que ainda resiste,
sempre em minha lembrança...
E coração!

Escultura:  Etienne-Maurice Falconet - "Pigmalião e Galatea"