MILTON MACIEL
Pessoas, como os vírus e as bactérias, são altamente contagiosas. Se você ficar algum – não necessariamente muito – tempo exposto a certo tipo de gente, é absolutamente certo que você vai adoecer. Vejamos alguns exemplos: o Chato, o Crítico, o Tadinho, o Parasita, o Fanático, o Manipulador. Vamos começar com os mais fáceis de identificar, depois passamos aos mais ocultos e dissimulados, justamente aqueles que originam e espalham as piores epidemias. E acabamos com um que está tão escondido, mas tão escondido, que vive dentro de você.
Podemos dar a partida com o CHATO. Esse é um foco facilmente identificável e, depois de um certo tempo de atuação, todos tratam de se afastar dele o mais que podem. Mas acontece que nem todos podem. O Chato pode ser seu pai, seu irmão, sua filha, seu chefe, seu cônjuge, seu/sua colega de escritório. Nesse caso, você está exposto a doses diárias inevitáveis de chatice crônica concentrada, o que faz de você uma vítima potencial de alto risco.
O Chato acaba com o seu bom humor, a sua alegria de viver e trabalhar, é movido a picuinhas e pensamentos derrotistas. E é insistente como ninguém: nunca se cansa de ser chato! A praga da chatice, que ele propaga, é muito desagradável. Mas há chatos especializados, pessoas ainda mais contagiosas.
Vejamos o CRÍTICO, por exemplo. Esclareço que não falo aqui da pessoa que tem a profissão de crítico, avaliador de alguma coisa ou atividade humana. Falo do ser humano de temperamento hiper-crítico. Ah, agora temos aqui uma pessoa de mal com a vida e com o mundo, que ele vê com óculos de fundo de garrafa e lupa de detetive. Ambos de cor cinza-chumbo. O crítico é brevetado na arte de ver defeitos. Tudo para ele está errado, falho, incompleto. Tudo e TODOS, literalmente. O Crítico lembra um promotor que pudesse ter TPM, pedra no rim e úlcera gástrica, tudo ao mesmo tempo. Sempre ligado e atento, encontra perucas inteiras em um só ovo e tem um temperamento excelsamente sombrio.
Se você tem a infelicidade de estar frequentemente exposto um(a) crítico(a), você está condenado a adoecer seriamente. Essa criatura das sombras vai fazer o possível e o impossível para botar você para baixo, tão baixo quanto possível, no afã de atraí-lo para o nível amargurado em que ele vegeta. Nada do que você faz é bom o bastante, você é um candidato garantido ao fracasso, é inútil continuar se esforçando para acertar ou melhorar, é melhor que você pare e desista logo. E, quanto melhor você for, mais agudamente o(a) crítico(a) agirá sobre você com seu processo infeccioso, tratando de solapar-lhe a vitalidade e os êxitos já alcançados. Cuidado! O Crítico é altamente contagioso e o medicamento eficaz contra sua infecção é AUTO-CONFIANÇA, também receitado com o nome genérico de Amor-próprio.
Em resumo, o Crítico é um Chato que se especializou em fazer do mundo o lugar mais sombrio possível e dos seus habitantes uns míseros fracassados. Ou seja, já que ele não consegue, não realiza, não alcança, então você também não pode ousar.
Na sequência, vamos ter muitos outros tipos para examinar: o TADINHO (aquele que quer fazer você de penico do seu sofrimento e martírio eternos), o FANÁTICO (aquele da Bíblia de sovaco, que é o Chato que pega pagão a tapa), o PARASITA (aquele que acampa na sua vida e garante para si sustento e proteção perenes), o MANIPULADOR (insidiosíssimo tipo, que transforma você em marionete dele e você ainda se mata dando razão ao tipo). E outros mais, como veremos.
Contudo, o pior de todos é o criador da doença AUTO-IMUNE. Sim, porque, nesse caso, o criador do foco infeccioso maléfico É VOCÊ MESMO. Vamos ter que gastar um bocado de tinta escrevendo sobre isso!
Por hoje já chega. Mas procure estar alerta, trate de ser mais observador. Em algum lugar muito perto de você pode haver alguém sugando sua vida, sua grana, sua energia, sua amizade, sua boa-fé, seu entusiasmo, sua alegria, sua saúde. É, amigo(a): PESSOAS SÃO ALTAMENTE CONTAGIOSAS.
Ainda bem que existem algumas cujo contágio é benéfico, são boas bactérias com as quais podemos viver em simbiose, pois elas melhoram nossa vida. Há vários tipos também. Felizmente.
CONTINUA...