quarta-feira, 25 de setembro de 2024

NOITE ALTA

NOITE ALTA
MILTON MACIEL

Noite alta.
Pés indecisos inscrevem pelas ruas,
uma ambígua, bizarra caligrafia,
de passos bêbados, incertos, oscilantes.
Tristes mulheres, pobres, seminuas,
enregeladas sob a noite fria,
tentam vender seus corpos excitantes.

Desaba a noite sobre todos os cansaços.
E esmaga – os corpos derreados, lassos –
seres moídos de desesperança.
E, quanto mais a madrugada avança,
mais tange um tempo que é de solidão.

É então que, no desolado dos seus lares,
homens vazios sonham sonhos singulares,
cheios de tédio e de desolação. 


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