sexta-feira, 29 de novembro de 2024

FERNANDO PESSOA ERA ASTRÓLOGO PROFISSIONAL

MILTON MACIEL

O maior dos poetas portugueses contemporâneos, Fernando Pessoa, manifestava grande interesse por assuntos esotéricos. Revelações feitas pelo escritor português Paulo Cardoso no livro “Mar Português e a Mensagem Astrológica”, mostram um Fernando Pessoa muito mais envolvido com a Astrologia do que se supunha até então.

O longo e persistente trabalho de investigação de Paulo Cardoso foi possível a partir do momento em que os familiares de Pessoa doaram todo o espólio cultural do poeta ao governo português. Paulo foi uma das poucas pessoas a obter autorização para manusear o impressionante acervo de 30 mil documentos originais, manuscritos ou datilografados.

O que ele descobriu, boquiaberto, é que nada menos que 2700 desses documentos se referem a assuntos de numerologia, geometria sagrada e, esmagadoramente, de Astrologia. Aos olhos do pesquisador foi aparecendo aos poucos um Fernando Pessoa astrólogo. E um astrólogo profissional, que cobrava por consultas dadas, com uma tabela de preços encontrada em um manuscrito de próprio punho, com preços para interpretação simples, interpretação média e interpretação avançada.

Mas a coisa não parava aí. Paulo Cardoso descobriu que Pessoa definia seus heterônimos astrologicamente. Aplicava técnica eletiva até encontrar um mapa que mais se assemelhasse com o heterônimo que tinha em mente criar. Em seu livro, Paulo Cardoso reproduz o mapa, feito pelo poeta, de seu heterônimo Ricardo Reis, o médico. Este, Álvaro de Campos, o engenheiro e Alberto Caeiro, o pouco culto, são os três mais conhecidos heterônimos usados pelo poeta.

Mas o que mais impressionou Paulo foi descobrir o heterônimo Raphael Baldaya, que Fernando Pessoa apresentou como sendo o mais velho e o mais sábio de todos e que era astrólogo!

Sob esse nome fictício, Pessoa elaborou um projeto editorial que lhe era especialmente caro ao coração: a publicação de um livro técnico de Astrologia, com o nome “Essays in Astrology” – Ensaios de Astrologia. Na revista “Delphos Astrologia, Vol. 1 No. 2 foi publicado o fac-símile da página original, datilografada pelo próprio poeta, que é reproduzido no fim deste artigo.

O texto está datilografado em inglês, a segunda língua de Pessoa, já que ele viveu muitos anos estudando na África do Sul. Uma grande parte dos originais de Pessoa é redigida em inglês, já que esse fantástico geminiano até nisso exibia sua dualidade: era absolutamente bilíngue.

Aliás, a manifestação da multiplicidade de talentos de Fernando Pessoa é uma exteriorização do seu multifacetamento interior. O que ele aprendeu a equilibrar com o auxílio da Astrologia, criando com ela os seus heterônimos, seus diversos eu-mesmo, seus personagens internos.

Fernando Pessoa tinha o Sol em Gêmeos e Mercúrio, seu dispositor, no sensível e poético signo de Câncer. Ali, na casa XI natal, recebia a dupla quadratura de Marte e Urano, conjuntos em Libra. Uma estrutura planetária que indica a existência de um possível hipertireoidismo em Pessoa.

Como escreveu Paulo Cardoso:

“A Astrologia vai-lhe ser uma filosofia de apoio, o fio que lhe permitirá habitar e viajar o labirinto de sua interioridade, enveredar por sua irresistível vocação de descobridor dos meandros do seu próprio processo intelectual, sem que corresse o perigo de cisão total com o exterior, com o mundo, o risco de ficar eternamente fechado, hipnotizado, extasiado, sucumbido no delirante ritmo de sua mente. A Astrologia foi pois, a partir dessa altura, a fórmula que respondia assiduamente às dúvidas que se lhe punham acerca de sua sincronia com a vida e com o mundo.”

Projeto do livro de Astrologia de Fernando Pessoa, que não chegou a ser publicado em razão da morte prematura do poeta:

ESSAYS IN ASTROLOGY

By Raphael Baldaya

I – The conventions in Astrology

1)      The intellectual zodiac

2)      The measures

3)      The attributions

II – The zodiac

III – Directional Astrology

IV – Symbolic directions

V – Prenatal figures

VI – Mundane Astrology

VII – Defense and justification of Astrology

VIII – Horary Astrology

IX – The sorts

X – The fixed stars  

XI – Transits and eclipses

XII – General reading of the nativity

XIII – The mundane houses

XIV – The foreign element in Astrology

          Rejection of the Occult Element, of the Symbolic element





quinta-feira, 7 de novembro de 2024

DAS DELÍCIAS DE ESCREVER ROMANCE HISTÓRICO (Ou: O Ovo do Cuco)






MILTON MACIEL     Photo by Roger Culos

O cuco é um diabo de um passarinho esperto. Não faz ninho próprio nem cuida das crias. Bota os ovos, devidamente camuflados, no ninho de outra espécie de pássaro, que vai chocá-lo e alimentar o filhote de cuco. Que sai do ovo antes dos filhotes legítimos e joga os ovos de onde estes nasceriam para afora do ninho, matando-os. Os pais adotivos o alimentam e ele cresce sozinho, fica enorme em 21 dias e se manda, vai viver sua vida.

Pois é, eu me sinto meio cuco quando escrevo romances históricos, coisa que adoro fazer. Primeiro vou para o ninho do pássaro historiador. E é ali que coloco meus ovos de cuco, de ficção. Explico melhor.

O historiador está completamente preso à realidade objetiva dos fatos históricos. Ele conta o que de fato aconteceu. Ou, ao menos, o que a sua pesquisa o leva a concluir, honestamente, que aconteceu. Não pode tomar licença alguma.

Já o romancista histórico chega ao ninho onde o historiador botou seus ovos cinza-chumbo da realidade e começa a entremeá-los com os seus próprios ovos multicoloridos da imaginação e da emoção. É meio-cuco. Se for cuco completo, joga fora do ninho todos os ovos do historiador e os substitui inteiramente por ovos imaginários. Eu prefiro ser meio-cuco. Deixo os ovos fundamentais da história, sem mudar sua posição. Atenho-me a personagens, datas e eventos reais. E, em cima e ao lado deles, coloco os meus.

O historiador escreve em seu livro o que aconteceu. Eu escrevo no meu, sobre o mesmo acontecimento, o que o personagem SENTIU, imaginou, sonhou, sofreu, riu, se emocionou, planejou. Dou-lhe VIDA, transformo-o em um ser real de carne e osso, ele que até então era só um ente histórico, formado de antecedentes, consequentes, datas e números. Uma múmia.

O engraçado, o divertido é que, para tornar meu personagem real, de carne e osso, bem como o leitor aprecia, eu fantasio e uso a imaginação. O personagem real histórico se torna o personagem real humano, na base da fantasia. Não é um paradoxo?

E aí vem o melhor da festa: a gente INVENTA personagens que não existiram e os coloca em ação com os personagens reais. É o máximo para o autor. Quem não lembra o bom Alexandre Dumas?  É claro que precisa haver coerência, muita pesquisa histórica, conhecimento total do que se sabe sobre os personagens e os acontecimentos reais, sua época, seus costumes, suas roupas, cabelos, adereços, maquiagens, sua religião, sua alimentação, suas tecnologias, suas necessidades e seus medos. Os personagens fictícios precisam encaixar-se dentro desse ambiente, desses cenários e desse modelo comportamental.

Mas, feito esse encaixe, a gente tem uma enorme liberdade para criar. Se o historiador descobriu que o rei deitou com a esposa do marquês, ele faz o registro secamente. Já eu entro na alcova real e ... sai de baixo! Ou de cima, conforme o gosto dos personagens. Só o bom senso e, necessariamente, o bom gosto, ditam os limites do que eu posso contar, como testemunha ocular do doce embate que sou.

Em meu romance histórico “O CERCO”, que se passa na Gália romana em 451 DC, o fato central é a batalha dos Campos Catalaúnicos, travada por gauleses, romanos, visigodos, alanos, burgúndios e francos, coligados, contra os hunos e seus aliados, gépides, ostrogodos, hérulos e alamanos. São reais o Imperador Valentiniano III, o general Flávio Aécio, e os reis de todos esses povos combatentes, a começar por Átila, rei dos hunos. É real o resultado final da batalha. Mas o resto...

Curti demais inventando três sacerdotisas celtas e um eunuco ostrogodo, quatro personagens femininas que são as grandes protagonistas desse entrevero do mundo dos machos guerreiros. São elas que salvam os francos e vencem a guerra.

O rei dos francos se apaixona desesperadamente pela sacerdotisa mais jovem. Ele é real. E acontece que a moça também é! Virou rainha dos francos de verdade, Vérica, esposa do rei Meroveu (Merovech, nome original).

Só não era sacerdotisa. Eu a fiz ser. E ela, que era para ser apenas uma personagem auxiliar, acaba virando a grande protagonista da história, tornando-se a figura principal, eclipsando todos os outros personagens masculinos e femininos, mais uma vez confirmando Jorge Amado, que sempre afirmou que é o personagem, não o autor, quem escreve o romance.

É dessa menina de 17 anos, sacerdotisa e guerreira, uma excepcional arqueira, que vai surgir depois, no futuro próximo, como neto seu, Clóvis, o rei dos francos Salianos (atual Bélgica), que vai unificar pela força todas as cinco tribos dos francos e dar origem REAL à nação moderna que se chama FRANÇA. Realidade e fantasia, em íntima mistura, são o cerne do romance histórico. Simples assim.

Mais uma vez o meu preito de gratidão aos historiadores que pesquisaram exaustivamente os fatos e que, desse rei e dessa rainha, conseguiram pouco mais do que comprovar sua existência real histórica, deixando-me livre para reinventá-los da maneira que mais entusiasma os meus leitores. Graças ao rigor dos historiadores, encontro um ninho onde colocar meus ovos de cuco. Gratidão eterna.

sábado, 19 de outubro de 2024

QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?

QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?

QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU?

MILTON MACIEL

O PAPEL VITAL QUE O ANTAGONISTA TEM NA FICÇÃO (Escrita Criativa)

Pois é, imagine só a história de Chapeuzinho Vermelho ou a dos Três Porquinhos. Agora faça o seguinte: tire o Lobo Mau.

Resultado: acabou. Não tem mais história. Sobra a chatice da Chapeuzinho Vermelho passeando pela floresta e entregando a cestinha para a vovó. E a chatice dos porquinhos preguiçosos fazendo casinhas de palha ou de madeira. Cadê a emoção?

Existiria o enorme sucesso dos livros e filmes de O Senhor dos Anéis sem Sauron, sem Gollum? Ou os onze milhões de exemplares vendidos, só na noite do lançamento, do sexto e último volume da série Harry Potter sem o bendito Lord Voldemort?

E o que nos garante a imortalidade e reconhecimento internacional do mulato Pedro Arcanjo não é a luta obstinada que ele empreende, publicando livros, contra o preconceito – personificado no intransigente Dr. Nilo Argolo e no delegado Pedrito Gordo?

Faria sentido a figura de Mundinho Falcão se não houvesse Ramiro Bastos? Observe nesses dois personagens de Jorge Amado, em Gabriela, cravo  e canela, como o antagonismo é relativo. O coronel Ramiro Bastos é o status quo, representa o poder dos senhores do cacau, a estabilidade, a conservação. Para ele, Mundinho é o mal, o antagonista, o forasteiro inconveniente e desrespeitoso, que ousa afrontar o sistema político local. Para Raimundo Falcão, Ramiro Bastos é o mal, o antagonista, o chefe da oligarquia retrógrada que impede o progresso de Ilhéus.

Como o conflito é o que move qualquer história, o protagonista necessita desesperadamente de um antagonista para poder realizar sua saga. O antagonista é o verdadeiro motor da história, aquilo que a faz mover-se para a frente. Sem esse movimento, a história morre, o leitor abandona o livro, aborrecido.

Em toda boa história, aquela que prende o leitor ao livro, há pelo menos um problema central que o protagonista tem que resolver, para avançar no seu arco de personagem. Cabe ao antagonista dificultar essa resolução ou ser a origem do problema em si.

Contudo, protagonista não quer dizer vilão. O antagonista é só um opositor, ao passo que o vilão é um mau-caráter, é o mal em si. O médico e professor da Faculdade de Medicina Nilo Argolo é um profissional competente e respeitadíssimo. É seu preconceito racial que o faz um ferrenho antagonista de Pedro Arcanjo. Mas não o faz um vilão.

Já o delgado Pedrito Gordo é um vilão típico, um quase clichê. É violento, sádico e assassino.

Para deixar mais claro: Em Os Miseráveis, de Dumas, o Inspetor Javert é o grande antagonista de Jean Valjean. Mas representa a lei e a ordem, não é um vilão.

Em compensação, o eterno vilão Capitão Gancho é que dá movimento e colorido às histórias de Peter Pan.

Em resumo, nem todo antagonista é um vilão, mas quase todo vilão é um antagonista. Mas por que quase? Porque existem exceções. Um vilão pode ajudar o protagonista, por acaso ou por querer, mas isso não o faz menos vilão. Exemplo: em um dos meus contos a protagonista tem que se entregar aos desejos lúbricos do contador chantagista, que descobriu as falcatruas do pai dela, diretor de banco.

Mas, na hora H, o antagonista não aparece no motel. É que o chefe do tráfico local mandou executá-lo horas antes, por razões que nada têm a ver com a protagonista. Nesse caso, um vilão, que nem sabe que ela existe, acaba sendo solução e não antagonista.

E ainda há outra possibilidade, quando o vilão é o protagonista. Aqui a história é apresentada sob a ótica do homem mau, de uma tal maneira que o leitor acaba torcendo por ele. Isto não é incomum em romances de crime, em que o protagonismo pode ficar por conta de criminosos. Um bom exemplo é o Poderoso Chefão, de Mario Puzzo.

Há não muito tempo tivemos mais um filme de sucesso, tendo o Coringa como protagonista, representado pelo excelente Joachin Phoenix. E você vê os espectadores torcendo pelo vilão, em que pese a escalada de suas violências. Méritos, no caso, de autor, roteirista, ator e diretor. E, convenhamos, dos valores éticos muito pessoais desses espectadores.

OUTROS TIPOS DE ANTAGONISTA

O vilão é apenas um caso especial de antagonista. Há muitos outros antagonistas possíveis, inclusive os não humanos. Exemplos:

- Homem contra natureza

Moby Dick, Tubarão, Os Pássaros, as formigas gigantes, o tsunami, o Krakatoa, o asteroide, o furacão. E por aí vai.

- Homem contra não homem

Os aliens, os marcianos, os zumbis, a múmia, o robô

- Homem contra a sociedade

1984, o Grande Irmão; o Sistema (Jogos Vorazes); a Matriz (Matrix); a República de Gileade (O Conto da aia); a Inquisição; a caça às bruxas;  o racismo; a xenofobia; o machismo; o preconceito sexual.

- Homem contra si mesmo

Este é um antagonismo complicado, embora mais do que familiar, porque todos nós o carregamos conosco internamente. E que é complicado também para o escritor, que tem que mostrar que o protagonista tem em si mesmo o seu pior inimigo; fica mais difícil impedir que o texto derrape num marasmo de lutas psicológicas internas, que roubam momento à trama.

Para dar ímpeto ao enredo e arrancá-lo da sonolência neste caso, o indicado é usar os relacionamentos e o mecanismo psicológico da projeção, de modo que o protagonista tenha que trabalhar seu problema e sua Sombra através de outros – que espelharão, em forma de gente, o que o protagonista tem que enfrentar e superar.

Por exemplo, delegar inconscientemente a qualquer parceiro ou esposa o papel de autoridade e de poder repressivo, deixando-se anular e sofrer por isso. Este pode ser o caminho que o protagonista precisa seguir para conquistar, através de sucessivos conflitos, a confiança em si mesmo, o amor-próprio e a independência.

Seja como for, quando você vai começar a construir seus personagens, sua tendência natural será deter-se no seu protagonista e fazê-lo o mais completo, o mais tridimensional possível. Pois essa é a hora de fazer a mesma coisa com o antagonista. Seja ele um amigo (da onça), o vilão ou o maremoto iminente.

Você precisa valorizar a compreender perfeitamente aquele que vai colocar pedras no caminho do personagem principal, seu protagonista. Tem que saber indicar ao leitor por que raios aquele sujeito vai fazer essa coisas, quais as suas motivações, anseios, medos e necessidades – uma vez que do ponto de vista dele, ele é que está certo e o protagonista é o errado.

Veja o quanto toda construção que Tolkien fez com seus hobbits e heróis dependeu criticamente de um muito bem formulado Sauron, seus servidores, seus anéis e seus orcs, a quem aqueles devem combater e derrotar.

Qualquer SunTzu moderno lhe dirá que é preciso conhecer muito bem o inimigo e suas forças antes de você poder preparar seus exércitos para enfrentá-los. Ora, escrever ficção também é uma forma de Arte da Guerra.

Portanto, de início e bem de início, trate de trabalhar bem, sem preguiça ou superficialidade, na formulação do seu – ou seus – antagonista(s). É, o protagonista pode ter que enfrentar não só o antagonista ético ou o vilão malvado. Ele pode ter que travar uma batalha interna de superação contra seus medos e contra parceiros que personificam esses medos, desencorajando-o e fazendo-o retroceder. E pode ter que fazer tudo isso em meio à seca cruel na caatinga ou às nevascas e avalanches nas montanhas geladas.

Mas, pelo menos, espero, sem batalhões de marcianos ou de mortos-vivos ao mesmo tempo – a menos que você seja um autor muito sádico.

Se você é um planejador ou um plotter, comece estabelecendo cuidadosamente as definições do protagonista e do antagonista lado a lado, ao mesmo tempo. Disponha os dois exércitos em campo muito antes que eles estejam prontos para a batalha. Você sabe onde quer chegar. A vantagem e que você está no controle o tempo todo.

Agora, se você é um intuitivo ou pantser, ponha o exército Brancaleone do protagonista em marcha e veja o que acontece cada vez que um novo inimigo aparece para dar combate. Então você se vira para achar uma solução de emergência e segue em frente até o obstáculo seguinte. Você não sabe onde quer chegar; ou até desconfia, mas não sabe como chegar lá.

E aí pode estar a sua força, porque o seu inconsciente sabe o tempo inteiro onde tudo isso, toda essa marcha desordenada, vai desembocar. A vantagem é que você acaba chegando lá de qualquer jeito e tem a deliciosa surpresa de descobrir, enfim, como sua história termina.